segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mentiras e insultos

Discutir O que é moralmente menos aceitável: mentir cordialmente a uma pessoa, ou insultar honestamente?

Gostaria de discutir com outros leitores este problema.

7 comentários:

João Pedro disse...

Caro Rolando Almeida:



Não sei se o que nos propõe é a escolha do menor dos males. Se assim for, tal consistirá num exercício puramente teórico/académico. Nada contra, refira-se.

Contudo, pessoalmente, sou adepto do concreto e do que são os problemas mais concretos da realidade.

Digo isto porque, ao ler o seu texto, lembrei-me de um Professor de Economia que nos dizia que o sistema socialista de Cuba era bom. Pelo menos, melhor do que o regime de Batista, em que as mulheres tinham de "viver de pernas abertas".

Ora, o problema que nos coloca é um dilema entre duas más acções. A solução que, pessoalmente, tento aplicar é a "honestidade cordial". Não implica mentir ou omitir. Dizer o que há a dizer, com frontalidade, mas de modo a não ofender. Se a pessoa ficar ofendida, não teremos de ter "peso na consciência". O nosso compromisso deve ser com a Verdade. Se a Verdade dói... Bem, nada como uma dor para iniciar mudanças.

João Pedro Francisco
(Coimbra)

António Daniel disse...

Sabemos que a mentir é plausível, se for cordial ainda melhor. Se os me perguntassem pelo Rolando com o intuito de o matar, teria imenso prazer em mentir. O insulto é sempre honesto por que decorre de um impulso, é quase biológico. Haverá insulto desonesto. Quem insulta pode ser desonesto, mas o insulto é honesto. Portanto, a mentira é mais aceitável em termos morais. Moralmente falando, o insulto, quer seja honesto ou não, não é aceitável porque esgota todas as possibilidades de resposta.

António Daniel disse...

Onde se lê «haverá insulto desonesto» deve ler-se «haverá insulto desonesto?»

Paulo Rolim disse...

Caro Rolando,

O problema que põe é tão interessante quanto difícil de responder, pois, e até certo ponto, qualquer resposta que se dê redunda no seu contrário ou ciclicamente em si mesma. Vejamos: qualquer pessoa dirá, penso eu, que deverá ser preferível a honestidade do insulto, mas, o que é certo, é que em quase nenhuma circunstância o fazemos, pois tal como a sua pergunta sugere preferimos “mentir cordialmente”, pois a cordialidade deve estar presente na relação com os outros. Dessa forma, se insultar honestamente poderei fugir da cordialidade; se mentir cordialmente, poderei não ser honesto; se for cordial, poderei estar a ser hipócrita; se for honesto poderei ser cruel e assim sucessivamente! As regras morais e/ou sociais, sendo artificiais, ao mesmo tempo que cumprem a nossa natureza, negam-na!

António Parente disse...

Eu sou pela terceira via: nem insultar nem mentir. A nossa linguagem é suficientemente rica para se escolherem os termos adequados.

Rolando Almeida disse...

eu também não tenho resposta a este pequenino problema, mas tenho uma inclinação a preferir o insulto honesto. Pelo menos tem uma vantagem: é objectivo e claro.

Anónimo disse...

Em minha opinião trata-se de um falso dilema.