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terça-feira, 12 de setembro de 2023

Epistemologia e Natação

Este ano vou ensinar 11º, filosofia, pois. E começo bem, com a minha área da filosofia preferida, mas provavelmente aquela que começa por soar como uma das mais áridas aos estudantes. Estou a falar, pois, da epistemologia. Mas será a epistemologia uma área tão distante da realidade? Bem pelo contrário. Talvez por isso seja a que mais me incomoda. Ou uma das que mais me incomoda. Tenho um filho nadador federado. Posso perguntar-lhe por que razão as partidas em provas tão rápidas que se medem à milésima de segundo, são dadas com um apito e não, por exemplo, com um semáforo? Afinal de contas um semáforo não seria melhor em pleno sec. xxi? Os menos curiosos respondem que é assim porque é assim. Mas os mais teimosos voltam a questionar, mas por que é assim? Será por tradição? Podia ser. Mas não é. Acontece algo tão simples e ao mesmo tempo enigmático como isto: o nosso cérebro é mais lento a percecionar à luz (cor) do que ao som. Percecionar, disse bem. Isso significa que aquela cor que eu vejo mudar, mesmo ali à minha frente, afinal, não está a mudar quando eu penso que muda, mas um pouco antes? Sim, isso mesmo. Sabemos hoje que o cérebro processa milhares de bits, terabytes de informação. E tem de a alinhar. Nesse alinhamento entram os preconceitos, os sentimentos e eventualmente aspetos fisiológicos que eu desconheço em grande medida. Ora pois, há uma questão milenar (como praticamente todas as que são filosóficas) que subjaz a estas coisitas que estou aqui para atirar: então se o meu conhecimento da realidade é o resultado deste alinhamento, de todos estes processos externos e internos, como posso saber que sei mesmo o que é a realidade? Afinal, pois, o que é a realidade? 

Esta questão é uma minúscula base para uma área de estudos fascinante que dá pano para mangas. Então, mas vale arregaçá-las e começar a estudar. É que se eu não tiver uma noção minimamente plausível do que seja a realidade, como posso saber que o que penso que ela é não passa apenas de um filme que eu gravei no meu cérebro? Enquanto isso se fores praticante de natação bem que podes fechar os olhos e estar muito atento ao que ouves. 

 

                                       (foto do João a nadar pelo seu clube, o Naval do Funchal)


terça-feira, 14 de março de 2017

As teorias de Descartes e Hume

Este quadro aparece em Aires Almeida e D. Murcho, 50 Lições de Filosofia 11, Plátano Ed. 2014

sábado, 9 de maio de 2015

Medo do conhecimento

O relativismo pós moderno invadiu a cultura e os departamentos universitários. A ideia base (grosso modo) consiste em presumir que qualquer ideia é verdadeira, dependendo dos contextos racionais nos quais ela se possa inscrever. Curiosamente a filosofia, pelo menos aquela que se tem praticado nos meios anglo-saxónicos e a que mais desenvolvimento filosófico tem proporcionado nas últimas décadas (por muito que isto desagrade aos mais conservadores), a filosofia analítica, tem resistido a esta investida relativista. É este debate que, de forma clara, este livro nos traz. Uma leitura que tem tanto de interessante como de relevante. Tem também a vantagem de explicar que o relativismo não é o que muitas vezes se fala, pelo menos o relativismo epistemológico.
Desengane-se quem pensar que vai encontrar neste livro um ataque pessoal a quem é relativista ou não pensa o mesmo que o autor do texto, como muitas vezes tem acontecido nas redes sociais e blogosfera. Trata-se de um texto adulto e maduro, como todos os bons textos, onde o interesse é discutir ideias e não perfis pessoais dos seus autores. O autor agradece cuidadosamente a quem, como Rorty, foi capaz de despertar o interesse para a discussão de alguns argumentos. Numa discussão com interesse intelectual é perfeitamente natural que se aprecie o argumento X sem, com efeito, ter de concordar com a conclusão. Alguém pode discordar das conclusões dos argumentos de Plantinga ou Swinburne (também com um livro incluído nesta coleção) sem, no entanto, deixar de apreciar a sofisticação dos seus argumentos. Logo, quem espera deste livro um “dizer mal de x”, mais vale procurar informação em outros livros que não este. Aqui apresenta-se uma boa discussão, concorde-se ou não com as conclusões.
Mais informações AQUI. A edição é de Abril de 2015. 

Boa leitura

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Crença, o que significa em filosofia?

No sentido comum crença significa a pressuposição que algum deus existe ou não. Dizemos: “acredito em Deus” ou “não acredito em Deus”.
Em sentido filosófico, crença implica a atitude proposicional perante o mundo, isto é, a expressão por proposições do que acreditamos sobre o mundo. Expressões como as seguintes expressam crenças:

O planeta terra é redondo
Existem unicórnios
A aula de filosofia é na sala A
Paris é a capital de França
Funchal é a capital da ilha da Madeira

As crenças são expressas em proposições, razão pela qual dizemos que afirmar “Funchal é a capital da ilha da Madeira” é uma proposição verdadeira ou falsa. Não esqueçamos que uma proposição é o conteúdo do que pensamos e que expressamos numa frase declarativa com sentido e tem valor de verdade (pode ser verdadeira ou falsa).

Compreender o que é uma crença é relevante pois é a primeira condição para que haja conhecimento, isto é, para que possamos afirmar que sabemos algo. Claro que a crença, para ser conhecimento, tem de ser verdadeira e precisa de ser justificada, mas sem crença não há, sequer, conhecimento.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O problema do conhecimento

Não são muitas as vezes que temos bons documentários traduzidos para português e ou dominamos o inglês para os ver na língua em que foram gravados, ou o acesso a estes vídeos torna-se mais difícil. A editora Sebenta traduziu um excelente vídeo de Nigel Warburton para o manual de filosofia no qual também sou colaborador. Trata-se de um pequeno vídeo no qual Warburton apresenta o problema do conhecimento, a partir da relação entre aparência e realidade. É um bom mote para as aulas, em especial as do 11º ano. Mas vale a pena ser visto por todos os alunos e professores. Ver AQUI

segunda-feira, 19 de março de 2012

O problema da indução


As dificuldades são normais para quem se mete a estudar. Para ajudar a compreender o problema levantado por David Hume sobre a indução recomendo a leitura destes textos introdutórios (Clicar nas ligações sublinhadas):

Indução Primeira coisa a fazer é procurar neste link a definição dada no DEF (Dicionário Escolar de Filosofia) de Indução.

A tese céptica de Hume acerca da indução  Este texto de Elliott Sober é uma das melhores explicações acessível que conheço ao problema da indução.

Indução e filosofia da ciência Neste texto de Stephen Law explica-se a relação do problema da indução com o conhecimento científico.