quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Será um bom princípio?


No final dos anos 60 e princípio dos anos 70 foram escritos diversos livros sobre a auto-estima das crianças. Esses livros tornaram-se a «bíblia» da educação das crianças. Os seus autores defendiam que as crianças só desenvolviam a sua auto-estima se os pais mostrassem respeito por elas. A forma de os pais mostrarem respeito pelos filhos era tratá-los como seus semelhantes. Quer isto dizer que os pais deveriam dar aos filhos o mesmo direito de estabelecer regras, tarefas, privilégios, e por aí adiante. Chegar a um acordo era a maneira prescrita para resolver todas e quaisquer diferenças de opinião. Quando o filho se portava mal, os pais deveriam apelar à sua inte1igência e sentido de responsabilidade, explicando a diferença entre o bem e o mal. Em caso algum deveriam castigar um filho por mau comportamento, pois o castigo violava a premissa fundamental da igualdade.

Estes mesmos autores defendiam também que a única família psicologicamente saudável era a família democrática . Segundo eles, na família democrática ninguém tinha mais poder que o outro. Defendiam a chamada «arte de ouvir activamente», que, essencialmente, proibia os pais de dizerem aos filhos o que deviam fazer. Em vez disso, deveriam ouvir imparcialmente o ponto de vista do filho, comunicar calmamente as suas opiniões e deixar que o filho assumisse a responsabilidade pelos seus próprios actos.

Por melhor que possa parecer, a família democrática era, é e sempre será uma ficção. Se isso o fizer sentir-se melhor pode fingir que tem uma família democrática, mas a pretensão está muito longe da realidade. A ilusão da democracia na chamada família democrática é criada e mantida com muitas palavras, debates de ideias, explicações e auscultações da opinião das crianças. Mas, se puser a retórica de parte e for ao fundo das coisas, descobrirá uma verdade incontestável: na chamada família democrática há sempre alguém que tem a última palavra. Este simples facto destrói toda e qualquer ilusão de democracia. Além disso, é melhor que esse alguém seja um adulto, ou então toda a família fica em apuros.

2 comentários:

Miguel Ângelo disse...

Meu caro amigo
Se me pedisse o conselho já o teria dado, mas ainda bem que mudou para a blogspot, por sua livre e espontânea vontade. Já Pessoa dizia:"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce."
Um grande abraço
Miguel Ângelo

Anónimo disse...

Almeida, achei bem interessante em um blog em que o pai "Juiz Federal" diz como foi a experiencia de tentar ensinar Kant para seu filho de 3 anos, e parece que teve sucesso, caso tiver um tempinho, de uma olhada, vale a pena.

http://direitosfundamentais.net/2009/07/10/explicando-kant-para-meu-filho-de-3-anos/

abracos...
Hugo Dias Perpetuo