sábado, 26 de novembro de 2011

Concepções da Justiça

Numa época em que muito se discute a alteração dos modelos políticos vigentes, esta pequena introdução a algumas teorias clássicas de como reflectir a justiça, pode ser uma boa leitura. Ainda com tiques de linguagem algo técnica em algumas passagens, tornando por vezes o texto denso, a verdade é que o pequeno manual apresenta algumas concepções baseadas na bibliografia mais respeitada do problema. Entre elas, as concepções de Rawls e Nozick. Vale a pena espreitar. A edição é das Ed. 70. A autoria é de João Cardoso Rosas, provavelmente a pessoa neste momento em Portugal que mais conhece a filosofia política. 

Manual de Filosofia para Crianças

Para quem se preocupa em ter ideias boas sobre como ensinar filosofia aos mais jovens, aqui tem um bom guia em português. Tem textos sugestivos bem como uma exposição clara das metodologias a aplicar. A autoria resulta de uma colaboração de Maria João Lourenço no trabalho de Dina Mendonça. E a edição é da Plátano. 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Domingos Faria sobre a Filosofia


Domingos Faria publicou um texto no Público acerca do dia da Filosofia, próxima quinta-feira. Pode ser lido AQUI. Sugeriu o FES como leitura para aprender filosofia. Obrigado ao Domingos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Será que a premissa "a vida é sagrada" é verdadeira?


Numa aula do 11º ano, hoje ao fim da tarde, pretendi mostrar um argumento válido, mas com premissas menos plausíveis que a conclusão. Uma das premissas gerou uma discussão ainda algo desorganizada, mas muito interessante. A premissa indicava que “a vida é sagrada”. Um aluno chegou a apresentar uma ideia engenhosa: “a vida é tão sagrada para um crente como para um muçulmano ter mais que uma mulher também é sagrado”. As teses dividiram-se para discutir a premissa. Ao passo que alguns alunos defenderam que a premissa é sempre verdadeira, invocando que em causa está sempre em primeiro lugar a preservação da vida, outros achavam que a premissa não pode ser dada como verdadeira. Nesta animada discussão filosófica pouco pude intervir a não ser para gerir a discussão em alguns momentos de maior intensidade. Mas fica aqui o registo para reflexão para os meus alunos. Obviamente que para um crente católico não é difícil encarar a premissa como verdadeira. Mas como é que podemos pensar que a vida é sagrada se não nos importamos com as formigas que todos os dias pisamos e matamos, com os porcos e vacas que comemos nas nossas refeições, com o fiambre das nossas sandwichs, etc..? Pelo menos temos de reformular a premissa deste modo: “ a vida de alguns seres humanos é sagrada”. Será que assim a premissa fica verdadeira? Que acham? 

domingo, 13 de novembro de 2011

Para estudar

Para os meus alunos. Podem estudar duas formas de inferência válidas, Modus Tollens e Ponens entre as páginas 43 e 45 do vosso manual. As outras formas principais que servem para as derivações são dadas numa fotocópia nas próximas aulas. 

sábado, 12 de novembro de 2011

Dia da filosofia

Por ocasião do dia da filosofia, estarei na Escola Secundária Francisco Franco, a convite do Grupo de filosofia dessa escola a quem agradeço para dar uma aula pública sobre a utilidade da filosofia no próximo dia 18, pelas 10h, na sala de sessões com presença marcada para as turmas de filosofia, em especial as do 10º ano. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Formalização de argumentos


Para os meus alunos do 11º19, 11º17 e 11º35 praticar em casa:

a)      Se for à praia e tomar banho, leio um livro. Sucede que não leio um livro, portanto não vou à praia e tomo banho.
b)      Deus existe ou a Bíblia está errada. Se Deus existe, não existe o mal no mundo. Mas no mundo existe o mal. Daí que a Bíblia esteja errada.


Fonte: Arte de Pensar (Didáctica)

Formalização de frases


Para os meus alunos do 11º19, 11º17 e 11º35 praticar em casa a formalização das seguintes frases:


a)      A eutanásia é permitida por lei se for praticada na Holanda
b)      A eutanásia deve ser permitida se, e só se, for aplicada a doentes terminais
c)      Se Picasso é espanhol e está vivo, então não é pintor
d)      Não acontece depressa e bem
Fonte: Arte de Pensar (Didáctica)

Exercícios de inspectores de circunstâncias


Para os meus alunos do 11º19, 11º17 e 11º35 praticar em casa para o próximo teste, alguns inspectores de circunstâncias com 3 variáveis proposicionais


1)      P ˄ Q, PR, QR I= R
2)      PQ, QR I= PR
3)      PQ, QR I= PR
4)      P v R, I= Q v P
5)      P v (Q ˄ R) I= R (Q ˄ P)
6)      P v Q, (R Q) ˄ (R v P) I= P ˄ Q
7)      (Q v R) Q, Q v R I= (P ˄ Q)

Exame nacional e teste intermédio de filosofia.

O GAVE já publicou informação relativa tanto ao Exame Nacional de Filosofia, como do Teste Intermédio. A informação está disponível AQUI (Teste Intermédio) e AQUI (Exame Nacional). 
Não deixa de ser de observar que se pode ler no preâmbulo das orientações de exame que o programa de filosofia dá total liberdade aos professores para leccionarem os conteúdos que queiram desde que respeitem os temas, pelo que para a realização de exame tem de se vincular conteúdos. Ora cabe a questão para quando a reforma do programa e trabalha-se os conteúdos de uma só vez sem ter de elaborar documentos avulsos que nos chegam às mãos já o comboio vai em andamento? 

"O Programa da disciplina de Filosofia, em vigor nos 10.º e 11.º anos do ensino secundário, não foi construído tendo como horizonte a sua submissão a uma prova de exame nacional, pelo que a introdução do referido exame, mesmo com carater optativo, tornou necessária a produção de orientações de gestão do programa"

Muita tinta discorre no nosso tempo sobre a excelência, principalmente quando pensamos na educação que devemos dar às nossas crianças e jovens. Grayling, no seu livro traduzido para português (Gradiva, 2002), por Fátima ST. Aubyn, tem um texto sobre a excelência que traduz também um bom argumento em defesa da excelência. Creio que é um bom mote para pensar, quer para pais, estudantes, professores e demais interessados neste problema. Reproduzo aqui o texto.


Excelência
O igualitarismo acrítico representa uma ameaça à excelência, vista pelo homem democrático como uma causa facilmente eliminável de inveja e exclusão.
alexis de tocqueville
 
 
            Quando Matthew Arnold escreveu Culture and Anarchy, há mais de cem anos, definiu a procura da excelência no apoio à cultura como «chegar ao conhecimento, no que concerne todos os assuntos que mais nos interessam, do melhor que foi pensado e dito no mundo, e, através deste conhecimento, deixar fluir o pensamento novo e livre sobre as nossas noções e hábitos comuns». Matthew Arnold era inspector das escolas, um grande defensor do ensino superior, e acreditava na excelência do ensino como forma não apenas de prover a economia de pessoal habilitado como também de produzir uma sociedade culta que pusesse em prática o ideal referido na máxima aristotélica acerca da utilização culta do nosso lazer.
            Da China à França, todo o país que é ou aspira a ser desenvolvido tem um estrato educacional de elite que visa receber os estudantes mais dotados e oferecer-lhes a melhor formação intelectual possível. Na China, isto é feito desde tenra idade, havendo escolas especiais para as crianças mais inteligentes. Na França, o sistema das Hautes Écoles — universidades superiores o acesso às quais é ferozmente competitivo — selecciona os espíritos excepcionais e submete-os a uma disciplina rigorosa. Em todos os casos, o objectivo é realçar os melhores, por forma a obter a melhor qualidade nos domínios da ciência, da engenharia, do direito, na administração pública, na medicina e nas artes.
            Poucas pessoas poderão colocar objecções à base racional que se encontra por detrás disto. Exceptuam-se aquelas para quem a mediocridade universal constitui um preço que merece a pena pagar pela igualdade social. Mas há um perigo em que os meios meritocráticos para o cultivo da excelência podem incorrer: é como se, após o estabelecimento dos meios, o mérito, por si só, deixe de bastar, assumindo-se o dinheiro e a influência como critérios suplementares. Em muitos dos países do mundo — talvez a maioria —, o dinheiro e a influência são determinadores da progressão social, mesmo nos locais onde vigoram igualmente os critérios meritocráticos: na América, é necessário dinheiro para se obter vantagens sociais; na China, ajuda ser membro do Partido.
            Os ricos e bem relacionados não constituem o tipo de elite que um sistema educativo deveria encorajar. É fácil, para os jornais sensacionalistas e os políticos populistas, fazer uso pejorativo do termo «elite» para designar estas elites da injustiça — mas estes são igualmente rápidos a criticar os médicos, professores ou desportistas representantes do país que não correspondam às nossas maiores expectativas — se, em suma, eles não se revelarem, afinal, uma elite, no sentido correcto do termo.
            Embora existam poucas — a existirem algumas — democracias verdadeiras no mundo (a maior parte dos sistemas que reivindicam este título são oligarquias electivas), o espírito democrático, apesar disso, perpassa a vida ocidental, para o bem e para o mal. O bem reside na pressão que é feita no sentido de se tratar todas as pessoas de forma justa; o mal reside na pressão que é feita no sentido de tornar todas as pessoas idênticas. Este último constitui uma tendência de nivelamento, uma impulsão para baixo, à qual a excelência desagrada porque ergue montanhas onde o espírito democrático-negativo apenas deseja ver planícies. Mas a democracia não devia ter como objectivo reduzir as pessoas e os seus feitos a um denominador comum; devia visar elevá-las, ambiciosa e drasticamente, até tão perto quanto possível de um ideal. E isso significa, entre outras coisas, ter instituições, especialmente de ensino, que sejam as melhores e mais exigentes do seu género.
 

terça-feira, 1 de novembro de 2011