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segunda-feira, 12 de julho de 2021

Uma citação de honra

 Recentemente Marcelo Fischborn, autor deste canal de YouTube que recomendo aos alunos, professores e demais interessados, destacou, no seu blogue, as aulas que gravei para o Telensino. Agradeço ao Marcelo pois é uma honra o seu reconhecimento dado o respeito que tenho pelo trabalho dele. Pode ser lido aqui o registo



domingo, 16 de maio de 2021

Novidades filosóficas pelo YouTube! E em português!!!

Já no Brasil se faziam muitos e bons vídeos de filosofia para a plataforma YouTube (ver secção deste blogue dedicada a vídeos) e nada se encontrava em língua portuguesa. Creio que tal se deve porque não entram no sistema de ensino professores mais jovens, eventualmente aqueles mais sensíveis a estas maneiras de comunicar a filosofia. Recentemente descobri dois canais que abordam o programa de filosofia no ensino secundário português. Podem ser boas ferramentas para estudantes. 

Um desses canais chama-se “A Tua Filosofia” e contém materiais de preparação para exames para além de vídeos que abordam praticamente todos os tópicos das matérias. Pode ser visitado AQUI

No outro canal, “Filosofia Secundário”, os vídeos são mais curtos e sintéticos, mas com uma realização mais sóbria sem a característica do ensinar divertindo do primeiro. Pode ser acedido AQUI. Ainda bem que vão aparecendo caras novas, com ideias novas. Já fazia alguma falta. 





terça-feira, 1 de dezembro de 2020

"Ninguém vai chumbar a filosofia!" Por, Carlos Café

O professor de filosofia, Carlos Café, ensina na Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão. Tem um currículo preenchido de criatividade aplicada à filosofia. Assinou este texto que aqui apresento na sua página pessoal do Facebook. E pedi-lhe que, caridosamente, me deixasse fazer pública através do blogue FES, a mensagem do texto, tal e qual foi publicada. Isto porque sempre defendi que devemos aplicar criatividade ao ensino. Se o modelo falhar, mudamos, pois é da mudança que brota a inovação e a inventividade. Uma escola progressista é certamente aquela que respira liberdade, sem se agarrar a modelos fechados, controladores e limitadores. Ensino há 25 anos. Se há modelo que conheço muito bem é o dos chumbos. Já lhe conheço todas as vantagens e fragilidades. E o modelo tem imensas falhas. Porque não tentar outras vias? A verdade é que todos desejamos evitar os chumbos, mas não sabemos bem como fazê-lo e, então, ninguém arrisca. Enquanto isso, nada muda. Claro que o texto do Carlos é a opinião dele que, como espírito livre que demonstra ser, não se importa de partilhar. Há também quem pense que este género de posição pertence a discussões internas nos departamentos curriculares das escolas. Acho que têm uma certa razão. Mas ao mesmo tempo penso que a educação não é uma profissão como as outras. Ela é uma missão de todos, já que envolve toda a comunidade. É um bem público. E como bem público devemos também partilhar publicamente o que fazemos, como fazemos e como achamos que se deve fazer. Isso não se confunde com todos a mandar na sala de aula, de modo algum. Na sala de aula, o professor é ainda o maestro. Só que temos de fazer a banda tocar. E para isso precisamos da colaboração de todos. Dê lá as voltas que o assunto der, de uma coisa estou certo: a atitude do professor Carlos faz mais pela educação que quinhentas medidas políticas para inglês ver. Fica o texto e um agradecimento ao professor Carlos Café por ter autorizado a sua partilha. A foto também é dele. 




 

“Escrevi isto no quadro quando entreguei os testes na semana passada. Ao ver-me tirar a foto, um aluno, na sua ingenuidade, perguntou-me: "está a fotografar para não se esquecer?"

Respondi-lhe que não, que era para postar aqui. Mas, vendo bem, poderia muito bem ser, para não me esquecer do que me levou a fazer esta "profecia" algo temerária. Que passo a explicar.

Uma das coisas mais difíceis para um professor é manter os níveis de motivação dos seus alunos quando eles, apesar do seu esforço, obtêm resultados negativos. Quando entreguei os testes na semana passada, a cena repetiu-se com alguns deles e delas: tristes, desapontados, por vezes chorosos. Tinham recebido o 1.º teste de Filosofia, eles e elas que, há uns meses atrás, estavam ainda no 9.º ano numa outra escola com outro tipo de características e exigências. Foi então que decidi escrever isto no quadro.

Comecei por lhes dizer que, se fosse professor de Matemática, Português ou de Inglês, por exemplo, nunca escreveria tal coisa. Por quê? Porque, apesar dos esforços enormes que os colegas fazem, nem sempre é possível recuperar falhas de anos anteriores com o ritmo exigido no secundário (são turmas do 10.º ano). Mas a Filosofia é uma disciplina nova. "E eu não admito que algum aluno meu chumbe!" - acrescentei. - "Mesmo os que ´desligarem´ e quiserem chumbar vão ter de me 'enfrentar!´" - concluí um tanto provocatoriamente.

Também lhes disse que não ia passar ninguém por pena ou por favor, e que iriam passar todos, sim, mas porque isso era justo e o mereciam.

Para além de ser, como se percebe, uma estratégia de motivação (os alunos percebem que têm em mim alguém que se preocupa e que não vai desistir deles), há por detrás dela uma convicção profunda: não faz sentido algum que haja alunos e alunas a chumbar a Filosofia! Chumbar por quê? Perderam a curiosidade natural? Foram amputados da capacidade de raciocínio lógico? Desprezam a possibilidade de ter opiniões próprias?

Não, nada disso. Na maioria dos casos, os alunos chumbam porque os instrumentos que são utilizados para os avaliar são repetitivos, redutores e não abarcam todas as competências que é suposto serem avaliadas. A tirania do hábito, a tentação da inércia e a pressão social e institucional com os exames para entrar na universidade fizeram com que o secundário se tornasse numa "linha de montagem" de candidatos à universidade, em que os professores se transformaram, lentamente e sem disso se aperceberem, em zelosos e eficazes "explicadores". Já não ensinamos, limitamo-nos a explicar a matéria que pode sair nos exames. 

Bem vistas as coisas, temos andado a comportar-nos como aquela personagem de um curioso cartoon que circula por aí nas redes sociais, que reúne os diferentes animais da selva e lhes diz qualquer coisa como: "Hoje vão todos fazer um teste. Por uma questão de igualdade, a prova terá de ser a mesma para todos. E hoje o teste é o seguinte: todos vocês têm de subir a uma árvore!". 

Pois bem, é mais que tempo de deixar de exigir ao elefante ou ao hipopótamo que tentem subir árvores e dar-lhes a possibilidade de atingirem os mesmos objetivos de acordo com os seus interesses e natureza. 

Na minha escola, por exemplo, a avaliação é feita por competências e os testes valem cerca de 50% da nota dos alunos (fazemos apenas 3 por ano). Tudo é avaliado, mas nem tudo é avaliado por testes. Ao longo do ano, os alunos fazem um ensaio filosófico (uma avaliação mais "académica", portanto) sobre um problema filosófico escolhido por si. Fazem "tarefas coletivas de turma", em que cada aluno contribui para a realização de um trabalho global da turma (a título de exemplo, a clarificação e explicação do que são problemas filosóficos constitui a tarefa "objetos filosóficos", em que cada aluno trouxe para a aula um objeto por si escolhido e explicou aos colegas a razão da escolha e o que ele tem de filosófico). Houve quem levasse um relógio para perguntar "o que é o tempo?", rimmel ("o que é a Beleza?"), 1 euro ("o dinheiro é o mais importante na vida?") ou, ainda, quem não levasse objeto algum para poder perguntar: "o que é o nada?".

Mas o mais interessante é o projeto pessoal de Filosofia (PPF), um trabalho de projeto que é feito ao longo do ano e em que os alunos trabalham um problema/tema filosófico escolhido por si e o abordam da forma que entenderem: texto, banda desenhada, curta metragem, música, dança, jogo, diário gráfico, etc., etc.

Só para que se perceba a importância do PPF, ele tem um peso de 2 valores na nota final do aluno.

Bom, e para além de tudo isto, temos a atitude e o comprometimento nas aulas e o respeito que lhes é exigido pelos colegas e pelas suas opiniões.

Como se constata, os alunos trabalham provavelmente muito mais (e melhor, espero eu) do que se fossem avaliados essencialmente por testes que são o paraíso para quem escreve bem e o inferno para quem preferiria expressar-se também de outras formas.

Nas últimas 3 semanas de aulas, com a matéria já dada e o essencial das notas definidas, os alunos e as alunas apresentam à turma os seus PPF, em que andaram a trabalhar (autonomamente, mas com a minha supervisão) ao longo do ano.

É por tudo isto, cara amiga e caro amigo, que eu posso arriscar imenso e dizer: NINGUÉM VAI CHUMBAR A FILOSOFIA!

Lá para junho conto como foi 😉

Obrigado pela paciência.

 

Carlos Café”

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Dia da filosofia

 Hoje é o dia mundial da filosofia determinado pela UNESCO. De facto poucas ou mesmo mais nenhuma disciplina do ensino secundário é considerada património da humanidade. Uma das características de um dado património é que é para ser preservado. E nisto concordo com a assinalável data da UNESCO. Outra é que é para não se mexer. E neste posso ou não concordar. Na sua essência a filosofia não é para se mexer, sob pena de se transformar numa qualquer caricatura dela mesma, o que, infelizmente, tantas vezes acontece. Mas nos seus modelos e métodos, a filosofia funciona organicamente, como qualquer saber ou ciência. E nesse sentido hoje  em dia faz-se mais e melhor filosofia dada a sua evolução. E assim é que se deseja. Mas mais que isso para se fazer e gostar de filosofia é preciso estar-se nesse registo. Com preguiça intelectual, por muitas voltas que se dê, não se compreende nem se faz filosofia. É que muitas vezes ela pode ser feita como fazemos tudo aquilo que nos dá prazer na vida, sem medir a sua utilidade e sem qualquer preocupação com a sua finalidade. Fazemos o que nos dá prazer, apenas porque nos dá prazer e nos sentimos mais felizes com isso. Mas há muitas, muitas mesmo, mais boas razões para se fazer filosofia. Mias informações sobre este dia AQUI


terça-feira, 17 de novembro de 2020

Para, escuta e Pensa!

O professor Carlos Café, que tem no seu currículo ideias bastante inovadoras mesmo num tempo onde inovar não era valorizado, surpreende-nos com mais uma, mostrando assim o seu gosto em ensinar. "Para, Escuta e Pensa", é o seu novo projeto, um conjunto de episódios no formato podcast e alojados na plataforma SoundCloud. Vale a pena escutar e pensar. Pode ser acessado AQUI




domingo, 18 de outubro de 2020

Equações matemáticas são difíceis. Problemas filosóficos são uma treta.


Não penso que a generalidade das pessoas dê mais valor a determinados conteúdos do saber do que à filosofia. Como o psicólogo, prémio Nobel da economia, Daniel Kahneman, nos mostrou no seu extenso,
 Pensar depressa e devagar (edição portuguesa da Temas & Debates), filosofia ou física ou matemática exigem pensamento de 2ª ordem, o pensar devagar, o que implica esforço. Mas a imagem social, o que fica no senso comum, dos diferentes saberes influencia muitas vezes a maneira como nos relacionados de todo com o conhecimento. Por isso é que esperamos, por exemplo, maiores responsabilidades do que aquelas que seria de esperar, dos médicos, pois socialmente olhamos para eles como uma espécie de sábios. E não são. Ainda na sexta passada um médico fez um ar admirado quando lhe expliquei que havia investigação de topo, muito rigorosa, sobre o problema moral da eutanásia. E ele lá confessou que nem sabia que isso era matéria de estudo académico. Outro exemplo é a imagem social de disciplinas como a matemática (gosto de usar este exemplo por várias razões) e a filosofia. Assim, para o comum das pessoas, se não sabem resolver uma equação é porque se trata de uma matéria difícil. Mas se não compreendem um argumento filosófico é porque é conversa da treta. Ora, pode acontecer que o argumento seja uma treta. E pode acontecer que a resolução de uma equação também o seja. Mas ao mesmo tempo é verdade que os mecanismos intelectuais que geram consenso na matemática não são exatamente os mesmos que possam gerar algum consenso para os argumentos filosóficos. Isto acontece não por nenhuma pobreza da filosofia, mas antes pela natureza dos seus problemas, pois são problemas para os quais dificilmente teremos consenso. Daí não se segue que sejam resolvidos pelo subjetivismo. Acontece apenas que tentar resolvê-los é a própria razão de existência da filosofia. Ou pelo menos investir nessa demanda. Mas o sentido comum em que se diz muitas vezes que o argumento é uma treta parece errado, pois os argumentos são maneiras de tentar sistematizar uma realidade que muitas vezes é de tal modo complexa que parece escapar a qualquer investida intelectual, a qualquer enquadramento teórico. Tal não é razão para se cruzar os braços. E neste sentido, aquilo que sabemos ou podemos saber em filosofia não é muito diferente daquilo que sabemos ou podemos saber em muitas outras áreas. Acontece por vezes (creio que quase sempre, até) que a ideia comum que guardamos de consenso em física ou matemática pode estar errada. Os consensos nessas áreas são muitas vezes temporários e levam muito tempo até gerar novos consensos. Esta ideia foi explorada pelo filósofo de formação em física Thomas Kuhn, no seu influente livro, A estrutura das revoluções científicas. E obviamente este livro também não é, ele próprio, consensual entre os filósofos e tem sofrido muitos ataques exatamente porque o autor pretende encerrar um problema. E mais uma vez, não teve um final feliz. 

O lado social destas visões tem o desenlace menos feliz de afetar muito o desenvolvimento intelectual das diferentes áreas. Isto porque se socialmente continuarmos a supor que os argumentos filosóficos são uma treta ao mesmo tempo que achamos que as equações matemática são apenas difíceis, acabamos por sofrer um desinvestimento na massa crítica de áreas como a filosofia. E é por essa razão que existe um esforço de publicar alguns livros introdutórios, praticar um ensino da filosofia que seja rigoroso, etc... no sentido de dignificar socialmente a disciplina. Claro que também se pode cair facilmente na aldrabice, muitas vezes bem intencionada, por muito paradoxal que nos possa soar. Mas é verdade que o esforço de fazer chegar ao pensamento apressado de kahneman muitas das vezes torna a filosofia um exercício patético. Seria o mesmo que traduzir equações matemáticas complexas em operações aritméticas simples. Ou algo ainda pior. 

 

domingo, 27 de setembro de 2020

Muitas questões e respostas sobre o que é a filosofia

Uma entrevista com Desidério Murcho na qual são esclarecidas de forma bastante plausível o que é a filosofia, como se faz filosofia, qual o lugar da filosofia no conjunto de todos os saberes, se é possível alguém fazer filosofia fora dos meios escolares e académicos, se vale a pena ensinar filosofia, entre muitas outras curiosidades. São quase duas horas de grande proveito principalmente para quem tem curiosidade em saber possíveis respostas a estas questões, mas também para estudantes e professores. 



quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Começar o ano com sugestões

Chegamos aos anos 20. Saber se isso é ou não relevante é uma resposta que ainda vem longe. Mas nada melhor que construir os anos 20 com mais conhecimento e partilha. Para tal começo com uma referência de um blogue de ensino de colegas brasileiros e que tenho seguido desde há uns meses. A organização do espaço está entre um blogue e um site com aspeto bastante profissional. Chama-se Filosofia na Escola e além de discutir problemas filosóficos, são disponibilizados materiais de ensino e sugestões de aulas, assim como modelos e métodos de ensinar a pensar e ensinar filosofia. O site pode ser consultado AQUI
(Foto do site Filosofia na Escola)


Para arrancar o ano publiquei um texto no Pequenas Luzes sobre ciência, factos, conhecimento e pensamento mágico. Pode ser lido AQUI

terça-feira, 19 de novembro de 2019

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Ensinar filosofia? Como? Duas leituras para começar...

Primeira leitura

Em início de ano letivo e ainda com tantas questões no ar, próprio de quem ensina filosofia e, eventualmente, um dever de quem ensina seja o que for, nada melhor do que começar com algumas leituras. Sem as leituras tudo se torna um pouco mais superficial, sem norte. A primeira das leituras não é de todo consagrada ao ensino secundário e muito menos ao ensino secundário português. Ainda assim é sempre bom partilhar a experiência de ensino que me parece sincera e sensata de um professor universitário que tem décadas de experiência. Até porque muitas das inquietações do autor são também a dos professores do secundário.



Segunda leitura

Se a dúvida caracteriza parte do que fazemos nas aulas de filosofia, a verdade é que militar na dúvida pode conduzir a uma ideia trapalhona do que é a filosofia. Até a dúvida deve ser arrumada (para aqui arranjar um termo que significa o mesmo que metódica para o nosso colega Descartes). E é exatamente isso que Baggini fez neste majestoso manifesto de como nos posicionarmos face ao carácter mais essencial da nossa disciplina, lidar com o ceticismo. Daqui não vamos retirar ensinamentos diretos para as nossas aulas nem tão pouco estratégias de lecionação. Com este livro raciocinamos o tempo todo acerca das nossas próprias convicções do que fazemos quando entramos numa sala de aula para ensinar filosofia. 

Espero que estas duas leituras sejam um bom auxiliar do nosso trabalho, o de despertar os miúdos para o universo das questões inteligentes e da discussão racional. 



terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Filosofia com Visão

A divulgação pública da filosofia é tão importante quanto a sua criação. Ocorrem-me dois motivos principais:

1º os problemas filosóficos são (devem ser) quase todos de domínio público
2º sem boa divulgação o interesse pela filosofia acaba por ser reduzida a caricaturas da mesma.

Estas razões são igualmente relevantes para qualquer outra área do saber. Por isso é com graciosidade que recebo cada pedacinho de divulgação da filosofia em espaços públicos e que, de uma assentada, consiga juntar a qualidade, a atualidade e acessibilidade com que problemas difíceis são divulgados e apresentados ao público não especialista. 
Pedro Galvão está a fazer esse trabalho na revista visão. Chama-se Terceiro Excluído e espera-se que venha a publicar com alguma regularidade. Pode ser acessado de forma livre AQUI.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Voltar a estudar? Que tal filosofia?


Voltar a estudar após uma certa idade é uma pratica ainda muito tímida em Portugal. Mas devia acontecer com maior frequência. Estudar é das atividades humanas mais motivadoras. A repetição profissional ao cabo de alguns anos implica desgaste e falta de motivação. Imediatamente pensamos em mais dinheiro como principal foco motivacional. Mas após asseguradas as necessidades básicas não é com mais dinheiro que vamos criar mais motivação. A experiência com a Universidade Senior é uma excelente ideia. Mas o que aqui refiro destina-se mais a pessoas inseridas no mundo profissional e não a reformados. Estudar filosofia aparece aqui com um destaque interessante, senão vejamos rapidamente algumas das principais vantagens de estudar filosofia no mundo de hoje:
Argumentação – é o nervo central da filosofia. Estudar filosofia é entrar no gigantesco diálogo sobre questões básicas. Não são básicas no sentido de serem as mais simples, mas as questões mais essenciais de compreensão da vida humana e do mundo.
Ceticismo – uma boa dose de ceticismo é a base para a análise crítica de problemas e de tentativa de solucioná-los. Sem essa dose certa de ceticismo não se exerce a capacidade crítica e sem ela não se apresenta qualquer tipo de evolução seja em que área for da vida humana.
Abstração – uma capacidade que também se exerce com a arte, matemática, etc. A abstração é uma maneira de compreensão do mundo e dos outros, sem a qual, essa compreensão seria muito mais sujeita a impasses e erros de interpretação. A abstração é o primeiro passo para o rigor.
Comunicação – comunicar é expressar pensamentos e a maneira como estamos a interpretar o mundo. O estudo da filosofia desenvolve bem esta capacidade, já que quem estuda filosofia lida o tempo todo com a necessidade de expressar com clareza o que está a pensar. Esse esforço pode resultar muitas vezes em confusão. Mas quando bem conduzido resulta quase sempre em clareza.
Compreender a ciência – pode-se ser cientista ou fazer ciência sem compreender muito bem o que é a ciência e como se desenvolve ou progride a ciência. Estudar filosofia e principalmente filosofia da ciência é a porta aberta para a compreensão de como e para quê se faz ciência.
Informação – um dos perigos a que mais estamos sujeitos no mundo da informação é o da manipulação. Estudar filosofia dota-nos de capacidade crítica para avaliar e analisar fontes, critérios, etc. É também uma maneira de prevenir contra a má ou enviesada informação.
Política – um sistema mais perfeito é um sistema em constante aperfeiçoamento. Pensar que vivemos no melhor dos mundos possíveis é ao mesmo tempo aceitar que não existe melhor do que o que já temos. Ora esta não é a postura adquirida por quem quer que estude filosofia. Repensar sistemas políticos, compreender porque podem não funcionar, etc é uma das capacidades desenvolvidas pelo estudo da filosofia.
Liberdade – Ousa saber! Os filósofos não tem praticamente limites na abstração. Ou antes diria que os limites são critérios como a clareza. Mas a liberdade crítica é uma prática entre filósofos. E uma prática adquirida por quem estuda filosofia, uma capacidade de não impor nenhuma verdade como incontroversa.


domingo, 25 de junho de 2017

Ética na imprensa

Um dos filósofos mais populares e, talvez por isso, mais incómodos da atualidade para os mais conservadores, numa entrevista à revista semanal Sábado, nº 686, de 21 a 28 de Junho de 2017. Por Vanda Marques. Nesta pequena entrevista, Singer aborda alguns dos problemas reunidos no livro Ética no Mundo Real - 82 breves ensaios sobre coisas realmente importantes , publicado entre nós pelas Ed. 70 e traduzido por Desidério Murcho.  Um facto curioso que vale a pena mencionar: Peter Singer é atualmente o filósofo que mais ódios suscita. Quando refiro "ódio" é em sentido literal. Claro que no mundo da filosofia existem filósofos que procuram objetar as posições de Singer, como o seu conterrâneo David Oderberg. Numa versão menos racional, abundam as tiradas anti Peter Singer. Curioso é que as posições de Singer nem sequer são as mais radicais em relação a alguns dos problemas éticos que aborda. E mais curioso ainda é que muitos filósofos do passado, hoje unanimemente idolatrados, foram mais radicais que Singer. Neste como muitos outros casos, Singer paga o preço da fama. 


quinta-feira, 27 de abril de 2017

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Citações polémicas

Muitas das afirmações dos filósofos são polémicas. Todas elas são, por natureza do saber e conhecimento, arriscadas. E por isso, em regra, pouco consensuais com a nossa visão comum do mundo e das coisas. Mas será que entre essas citações não haverão outras ainda mais arriscadas, verdadeiramente polémicas contrariando-se até a si mesmas? É isso que este livro recém-chegado ao mercado português promete oferecer, uma boa coleção de citações verdadeiramente polémicas. Do autor Victor Correia, com edição da Verso da Kapa. Mais informações AQUI. À venda nas livrarias a partir do dia 13 deste mês. 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Filosofia & matemática

Fica aqui o registo da ação hoje pela manhã a convite dos professores de matemática, nas Jornadas de Matemática da Escola Secundária Jaime Moniz. Obrigado a todos.






quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Novos textos na nova secção

Recentemente abri uma nova secção no blogue, "Textos Por Unidade". Nesta secção reunem-se textos organizados por unidade dos programas de ensino em Portugal da filosofia. Torna-se, assim, mais simples procurar materiais úteis ao estudo dos alunos.