Os adultos
pensam que cada mudança geral da vossa vida deve ser acompanhada por uma
mudança de ciclo de estudos. Sabemos bem que os adultos nunca vos perguntaram
se se sentem bem com essa mudança. Temos de admitir que talvez os adultos
tenham algumas boas razões para vos propor uma mudança de ciclo nos estudos, o
que implica também uma mudança nas vossas vidas. A mudança de ciclo na qual vos
aparece a filosofia é a do ensino básico para o ensino secundário. Os adultos
agora pedem-vos que comecem a desligar-se da vossa infância e que comecem a
pensar exatamente as mesmas coisas que até aqui pensaram, mas com outras
disposições. As disposições da filosofia aparecem agora na vossa vida. Este salto
soa-vos quase sempre estranho. É a vossa entrada no mundo das pessoas maduras,
a maturidade do saber. A partir de agora os vossos professores vão esperar de
vós, que tenhais opiniões políticas, estéticas, morais ou científicas da vida e
do mundo que vos rodeia. Claro que em termos psicológicos nem todos vós estais
munidos da mesma disposição para este desafio. Por isso mesmo a filosofia pode
funcionar nas vossas vidas como um despertador. Uma coisa parece ser mais ou
menos certa: quando acordarem vão gostar. Faz parte do crescer. E é para isso
que nós, professores, aparecemos nas vossas vidas. Quem se apaixonar pelo que a
vossa própria biologia vos oferece, a possibilidade de pensar, vai gostar da
aventura.
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sexta-feira, 30 de setembro de 2016
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Viver a aula de filosofia como no primeiro dia
No primeiro
dia de aulas entro na sala com uma enorme expetativa. Quem são os meus colegas?
Quem é o meu ou minha professor(a)? O que vou aprender em filosofia? Há
uns 2 ou 3 anos iniciei assim o ano na primeira aula: Ouvi com os alunos esta composição da
rapper do Porto, Capicua. E a lição é esta: na filosofia, para aprender bem, eu
quero que todas as aulas sejam como a do primeiro dia. Cheias de expetativa! O
que vai acontecer? Que respostas dou aos problemas que me são colocados? Será
que quando sair da aula ainda penso as mesmas coisas que pensava quando entrei?
Bom ano a todos.
domingo, 18 de setembro de 2016
Novo ano letivo - 2016-17
Dou as boas vindas a este blogue aos alunos das turmas 4,6,
31 e 32 do 10º ano da Escola Secundária Jaime Moniz. Aqui podem encontrar
informações, sugestões, esclarecimento de dúvidas, listas de materiais para
estudo e livros ou links adequados para estudo bem como informações relativas
ao Exame Nacional de Filosofia. Espero que tenham um bom ano e que cheguem a
gostar tanto de filosofia como eu gosto. Bom ano a todos.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Desidério Murcho, Todos os sonhos do mundo, 2016
Um livro de filosofia que atravessa áreas como epistemologia,
moralidade, ciência, religião e metafísica. Pode funcionar como uma introdução
à filosofia, mas é um pouco mais que isso já que leva a marca do autor em cada
tese defendida. Para os leitores familiarizados com a filosofia escusado será
indicar o interesse. Para o leitor menos habituado a lidar com a filosofia,
este livro tem um poder decisivo, o de desfazer eventuais confusões entre
aquilo que pensa que pode ser a verdade e a verdade. Atenção que não resolve
qualquer problema mais imediato relacionado com a verdade, nem possui, enquanto
livro de filosofia, essa intenção. A ideia aqui é apenas uma: mostrar como as
questões funcionam quando queremos raciocinar ou pensar criticamente. E sabendo
como elas funcionam, claro está, dispomo-nos a argumentar com maior rigor as
nossas posições.
quinta-feira, 16 de junho de 2016
O exame nacional de filosofia na imprensa, 2016
"
Professores aplaudem exame de Filosofia
A prova foi realizada nesta quarta-feira por 14.313 alunos.
O exame de Filosofia do 11.º ano, realizado nesta quarta-feira, mereceu aplausos da parte de professores da disciplina. “Faço uma apreciação francamente positiva do exame. É uma prova cientificamente rigorosa, além de equilibrada no nível de dificuldade”, referiu ao PÚBLICO o dirigente da Sociedade Portuguesa de Filosofia, Pedro Galvão.
“De um modo geral, o exame está cada vez mais afinado, o que justifica a minha crença de que é necessária experiência de exame para o tornar cada vez mais adequado. E a Filosofia sofreu bastante com as experiências dos anos em que o exame esteve suspenso”, acrescenta o professor do ensino secundário, Rolando Almeida.
Este exame foi reintroduzido em 2012, depois de uma supressão de quatro anos, e figura já entre os oito mais concorridos do ensino secundário. Na quarta-feira foi realizado por 14.313 alunos. Estavam inscritos 15.886.
Entre os aspectos positivos do exame, Pedro Galvão destaca “a introdução de uma questão que leva os alunos a relacionar autores estudados em parte diferentes do programa, Descartes e Popper”: “Foi uma boa ideia, até porque é preciso evitar que o exame se torne repetitivo e previsível.”
Rolando Almeida, que é também autor do blogue A Filosofia no Ensino Secundário, diz que o exame foi “adequado, sem as ambiguidades maiores de outrora e mais centrado no que deve ser o ensino” da disciplina. “E isto é, por si só, uma boa notícia, pois quer dizer que o ensino da Filosofia tem mudado para melhor”, conclui.
A disciplina de Filosofia, que integra a componente geral do currículo do ensino secundário, é obrigatória para todos os alunos do 10.º e 11.º ano, mas a realização do exame é opcional."
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Exame Nacional de Filosofia, 2016
Acabei de colocar na aba "Exames" deste blogue as versões 1 e 2 e critérios de correção do exame de 2016.
Chegaram as férias
Chegaram as férias (para quem tem exames ainda faltam mais
umas semanas). É uma boa altura para fazer descobertas fora da escola. Deixo
então aqui algumas sugestões de músicas, filmes e livros.
Para ouvir:
Benjamin Clementine
Este músico foi descoberto a tocar nas ruas da capital
francesa, Paris. Tem uma voz muito sensual e composições complexas, mas ao
mesmo tempo de uma beleza contagiante.
Os Radiohead são uma banda inglesa com uma carreira já longa.
Este ano regressaram com este novo disco. Vale a pena descobri-los. A sua
música é acessível, mas ao mesmo tempo conserva traços de mistério o que
suscita uma sensação de agradável permanente descoberta. O disco chama-se "A moon shaped pool".
Os Velvet Underground são uma banda americana dos anos 60. No
entanto não perderam qualidade com o tempo. Este disco parece que foi gravado
ontem. A voz feminina no disco é da Nico, uma modelo que teve um final trágico
morrendo num acidente de bicicleta. Da banda dois talentos fizeram história,
Lou Reed e John Cale. O disco apresentou ao mundo uma capa original do artista
da pop art Andy Wharhol. E não, não é a banana da Madeira.
Para ler:
Este livro é marcante. E visionário. Uma aventura que dá que
pensar e que usamos ocasionalmente nas nossas aulas. O Admirável mundo novo, de Aldous Huxley.
Um livro de filosofia que tem a vantagem de ser de dois
autores portugueses, um deles professor no ensino secundário, Aires Almeida e Desidério Murcho. Está organizado por áreas e problemas da filosofia e segue muito de perto o programa de filosofia do ensino secundário para o 10º e 11º anos. Uma boa oportunidade de conhecer melhor esta disciplina e ao mesmo tempo estudar à margem das prescrições nas aulas.
Para visitar:
A ilha da Madeira não tem muitas praias de areia. Mas é
compensada pela temperatura das águas e em qualquer lugar podemos mergulhar em águas
límpidas. O verão proporciona tempo para idas ao mar, especialmente a estudantes.
Mas nem só de mergulhos se constrói bem o tempo livre. Por isso sugiro uma ida
ao Centro
de Arte Contemporânea da Madeira, Casa das Mudas, na Calheta. A exposição
abre-nos ao contacto com algumas obras de arte contemporânea. Vale pelo
conhecimento e sobretudo pela perplexidade com que vemos dentro de uma galeria
determinadas obras de arte.
terça-feira, 7 de junho de 2016
10º30, 2015-16, Escola Secundária Jaime Moniz, ilha da Madeira
Apesar de
faltarem alguns alunos, eis a minha Direção de Turma deste ano letivo. Uma
turma de Economia. Felicidades a todos vós.
segunda-feira, 6 de junho de 2016
10º40, 2015-16, Escola Secundária Jaime Moniz, ilha da Madeira
O 10º40 é o
melhor contra exemplo de que as humanidades não recrutam os melhores. São bons
estudantes e proporcionaram momentos de aula muito intensos.
10º43, 2015-16, Escola Secundária Jaime Moniz, ilha da Madeira
O dia estava
cinzento, mas estes miúdos e miúdas não são nada cinzentos. Bem pelo contrário.
São animados e entusiastas. Foram bem comportados e amigos. É assim mesmo.
10º31, 2015-16, Escola Secundária Jaime Moniz, ilha da Madeira
Estes futuros
gestores e economistas tiveram um arranque algo agitado. Mas souberam responder
aos desafios. Foram dedicados e esforçados.
sábado, 4 de junho de 2016
10º15 - 2015/16 - Escola Secundária Jaime Moniz, Funchal, ilha da Madeira
Como é hábito desde há uns anos publico aqui uma foto de “família”
dos miúdos e miúdas que entraram na discussão dos argumentos dos filósofos e
começaram a criar os seus próprios no 10º ano. Este ano começo pelo 10º15. É
uma turma de Ciências e Tecnologias. Começou por ser uma turma de cerca de 25
alunos, mas muitos fugiram para as humanidades sendo uma das razões a fuga à
matemática. O que é uma pena em todos sentidos. Esta turma proporcionou excelentes
debates filosóficos. Da turma recordo o seguinte: nas aulas em que usei
powerpoint, praticamente todos os meus slides começam com o primeiro onde nele
coloco uma questão: será que o livre arbítrio verdadeiro? Todas as nossas ações
são livres? Uma ação é o mesmo que um acontecimento? O que é uma ação
moralmente correta? Podemos encontrar determinações morais objetivas? O
que é a verdade? Será que o que pensamos ser verdade é mesmo a verdade? Será que
a ética determina o direito? Podem os valores ser objetivos? Será que uma
distribuição igualitária da riqueza é politicamente e moralmente justificável?
Desta turma recordo uma quantidade razoável de aulas em que
não passamos do 1º slide. Isto porque quando uso o powerpoint vou mais cedo
para a sala de aula a fim de preparar o material. Assim que os alunos entravam,
alguns olhavam a tela e disparavam logo ensaios de respostas. Eram e são as
suas teorias. No limite muitos deles roçavam o que eu queria ensinar. Assim deu
gosto. Obrigado.
sexta-feira, 1 de abril de 2016
Peter Singer, O maior bem que podemos fazer
Será que a motivação para agir não é apenas uma resposta às
nossas emoções inatas? Peter Singer pensa que a razão desempenha um papel
fundamental nas nossas decisões. E também, claro, nas nossas decisões morais. A
base do argumento de Singer neste livro é a seguinte: Se uma ação x produzir um
maior bem para mais pessoas, então é uma ação moralmente correta. E a resposta
de Singer surge sob a forma de um movimento humano, o altruísmo eficaz. De resto
a ideia não é nova para o autor que já a explora desde pelo menos a década de
70. Peter Singer é senão “o”, pelo menos um dos filósofos mais populares da
atualidade. É-o certamente pelos problemas que explora, mas muito mais pela
forma como os pensa e pela clareza com que os transmite. E é também porque a
sua filosofia é de tal modo pública que não falta quem o odeie. Mas é natural
que uma filosofia tornada causa pública produza uma onda irracional de amores e
ódios. Afinal, Sócrates foi condenado à morte exatamente pelas mesmas
irracionalidades.
O maior bem que
podemos fazer, é um dos últimos trabalhos do filósofo de origem
australiana, mas há muitos radicado nos EUA, Princeton. As Edições 70
publicaram o livro em Portugal, numa belíssima edição que ao mesmo tempo renova
a imagem do editor. Para muito melhor. A tradução é de Pedro Elói Duarte que já
nos habituou a um bom trabalho e a edição é de Março de 2016, com prefácio à
edição portuguesa de Pedro Galvão.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Filosofia e Matemática - Semana da Matemática da Escola Jaime Moniz
No próximo dia 23, às 10horas, no auditório da Escola
Secundária Jaime Moniz, terei o prazer de, em colaboração com os professores de
matemática da escola, apresentar uma aula para demonstrar como se aplicam
algumas regras da lógica a argumentos, principalmente as regras da lógica
clássica a argumentos dedutivos. Esta pequena grande iniciativa é, para mim,
especial, pois uma das minhas batalhas pessoais é combater a estigmatização a
que o saber fica sujeito quando pressupomos que quem sabe ciências exatas não
tem de saber ciências humanas (ou o contrário). Aliás, esta divisão acaba por
não fazer qualquer sentido. Partindo deste pressuposto exposto por C. P. Snow,
em As duas culturas (1959), darei o
mote para uma pequena aula na qual explicarei com exemplos práticos como se
parte de argumentos na linguagem natural para a sua tradução na linguagem
lógica e posterior teste com inspetores de circunstâncias.
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