Escrevi este pequeno documento para os meus alunos estudarem a lógica proposicional. Disponibilizo-o aqui para quem quiser usar nas suas aulas, completamente gratuito. O documento é um work in progress pelo que ainda faltam exercícios e alguns afinamentos. Em todo o caso os exercícios podem ser feitos nas aulas, e o documento é a orientação de estudo em casa para os alunos. O documento pode ser acedido AQUI.
Mostrar mensagens com a etiqueta Aprendizagens Essenciais. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Aprendizagens Essenciais. Mostrar todas as mensagens
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
terça-feira, 9 de outubro de 2018
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Será que há duas lógicas?
Já aqui teci nos posts anteriores algumas falhas das Aprendizagens Essenciais. Mas no essencial concordo com a grande mudança de fundo que é a lógica ser lecionada logo no 10º ano e apenas a proposicional. Claro que acho perfeitamente discutível a lecionação de alguns conteúdos e também penso que algumas estratégias deviam ter sido melhor pensadas. E claro que também me parece correta a ideia de que alguns “interesseiros” se metem ao barulho com outros interesses mais particulares. Não coloco nada disto em causa, razão pela qual já escrevi o que escrevi. No entanto a mudança de fundo é totalmente justa. Não fazia qualquer sentido ensinar a lógica no 11º ano, a meio do percurso de uma aprendizagem. Se a lógica é o método, então devemos começar por ensinar o método, o como fazer para depois então, fazer. Por muitas divisões que existam na filosofia, há também muitos pontos comuns. E um deles, diria até, o principal, é que a filosofia é uma disciplina que ensina os jovens alunos a pensar com clareza. Ora para o fazer a lógica é certamente o principal método. Ensinar os alunos a pensar é também ensiná-los a estruturar logicamente os seus argumentos. E aplicando a lógica é exatamente isso que conseguimos fazer ao longo de todo o programa. O aluno aprende a saber o que está a defender, quais as razões e aprende sobretudo a poder avaliar criticamente os seus argumentos e dos outros incluindo os dos filósofos. Saber se um argumento é válido ou não é um dos primeiros e mais elementares passos para essa avaliação crítica. Mas não vejo como é que isto se faz de modo eficaz sem conhecimentos básicos de lógica.
Este pequeno apontamento serve para corrigir – espero eu – um pequeno erro. Pelo menos assim me parece. Como aparecia a lógica até aqui no 11º ano (sendo este o último ano que é lecionada desse modo e nesse ano) dava a ideia que existem duas lógicas e que tanto vale optar por uma como por outra. Isso é errado. Não existem duas lógicas. A lógica proposicional foi a evolução natural da aristotélica, ainda que tenha levado muitos séculos para que tal tivesse acontecido. Há certamente muitos aspetos da lógica aristotélica que são ainda usados e corretos (pelo menos até os lógicos avançarem com melhores estudos). Por isso o quadrado das oposições ainda é contemplado nas AE, uma vez que ainda é a melhor maneira de ensinar alguém a refutar determinado tipo de proposições. Mas a teoria do silogismo é bastante limitada para ensinar filosofia, tanto que após ter sido ensinada raramente se usam silogismos para explicar as matérias filosóficas. É por isso que a lógica que lida com proposições que não têm necessariamente de estar quantificadas se adapta a um leque mais abrangente de argumentos e daí que resulte bastante mais eficaz como método. Pensar que podemos sem consequências para um bom ensino optar pela lógica aristotélica ou proposicional soa, arrisco a dizer, como se fosse igual optar pela física de Newton ou de Einstein. Certamente a física de Newton tem ainda muitos aspetos relevantes para a física que se faz nos nossos dias, mas grande parte dos seus aspetos principais já foram avançados por Einstein e outros. Agora imagine-se que se ensina a física de Newton a uns alunos e a de Einstein a outros. Quem fica a ganhar? Creio que os segundos ficarão sempre com uma compreensão mais alargada da relatividade geral. Nem se trata da desvalorização de uma das teorias em proveito da outra nem de alguma teoria da conspiração. É a evolução natural do saber. Se a ideia é avaliar as ideias de Newton, claro que vale a pena estudar apenas Newton. Mas isso acontece mais por interesse histórico do que científico, já que se queremos saber física e compreender os fenómenos físicos não podemos ficar com a teoria de Newton quando temos teorias mais avançadas e que nos facilitam a compreensão desses mesmos fenómenos. Ora, é qualquer coisa como isto que se passa com a lógica. Tal qual estava no programa era um erro e passava a falsa ideia de que ambas tinham o mesmo poder explicativo, quando não é verdade.
Outra coisa diferente é não usar a lógica proposicional para ensinar os alunos a argumentar. Para quem não se sente treinado na lógica proposicional vai levar tempo até que consiga desmontar os argumentos e trabalhá-los com a lógica. E neste aspeto também faço as minhas críticas às AE e à forma como elas estão concebidas, pois as estratégias e os materiais para auxiliar a lecionação são ainda bastante deficientes. Mas ressalve-se a ideia de que é errado pensar que existem duas lógicas concorrentes que se trata apenas de uma questão de gosto do freguês.
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
Filosofia e flexibilidade curricular, o processo
(Ribeira, Porto)
Regresso um pouco mais cedo que o prometido. Em altura de férias há mais tempo disponível para algumas pesquisas e reorganização do blogue. Para tal criei uma nova página neste blogue dedicada à flexibilidade curricular e às novas orientações para 2018-19. É dado adquirido que a flexibilidade curricular é para entrar já este ano letivo pelos currículos adentro. Mas os documentos produzidos até agora e que implicam alterações nos programas ainda são provisórios. E tenho dúvidas que este trabalho esteja já preparado na maioria senão mesmo em todas as escolas do país. Também, mais uma vez, não se sabe (pelo menos de modo oficial) os autores de tais alterações. Já se sabe que estas alterações muitas das vezes refletem visões e interesses particulares e já andamos há tempo suficiente nisto para perceber como alterações a currículos podem beneficiar interesses privados e particulares.
No caso da filosofia as alterações não são radicais (o que produziria grande berraria, por certo, se o fossem). São alterações de “surdina”. A que produz maiores modificações é a introdução da lógica proposicional como obrigatória logo no 10º ano. Há naturalmente razões que ficam por esclarecer, até porque nada se pode esclarecer com autores anónimos e ministérios autistas que apenas colocam documentos sob auscultação geral para inglês ver e afirmar uma pseudodemocracia. Uma das principais razões é a dos manuais. Então e agora os manuais adotados ficam desautorizados para lecionação? Nada grave, pois apenas a lógica tem de merecer atenção. Mas noutros tempos, pequenos erros, imprecisões, etc de manuais também não deveriam ser graves, certo? Ao mesmo tempo as associações de filosofia promovem algumas formações pagas sobre o assunto e disponibilizam de forma algo confusa documentos que mais não são do que as sínteses e resumos dessas formações. Algumas das formações acenam com a bandeira da flexibilidade e das alterações curriculares, mas depois o conteúdo, ainda que de qualidade, nada tem que ver, pelo menos em parte, com as alterações ou a própria flexibilidade. Mas pelo menos pela primeira vez nos últimos anos temos as duas principais associações ligadas ao ensino da filosofia unidas para um mesmo fim. Só temos todos a ganhar. Os que outrora se criticaram agora estão a trabalhar conjuntamente. A vida é assim e neste caso para bem de todos. Isto apesar que devo recordar que as “zangas” de outrora foram provocadas exatamente por diferendos em alterações a currículos, alterações essas que de um lado e de outro, tanto arrastavam razões pedagógicas como interesses particulares.
Do meu ponto de vista, pedagogicamente estas alterações são bem vindas, mas vão acabar por ter mais implicações no trabalho de meia dúzia de pessoas do que no ensino da filosofia de um modo geral. Dá igual que se ensine a lógica ou uma suposta diferença entre juízo de facto e de valor se a forma de ensinar e a prática pedagógica for exatamente a mesma. Não estou a defender que sendo assim nada se deva alterar. Estou apenas a supor que as alterações curriculares acabam por beneficiar mais um pequeno grupo de pessoas e os seus interesses (mais ou menos honestos, como tudo) do que o ensino da filosofia. E a sobra de estranheza é que mesmo vindo de quem muitas vezes é critico em relação a trabalho feito em cima do joelho, a forma como a flexibilidade é “imposta” ´é em cima do joelho. Posso supor que não haveria outra forma de “melhorar” um pouco as coisas. E o problema é exatamente esse: é que apenas posso supor. Não posso saber nada, a não ser que de um dia para o outro as coisas vão mudar na minha sala de aula. Felizmente estou preparado. Aliás, mesmo sem qualquer projeto rápido de flexibilidade e alteração a currículo, já estava preparado.
O que é que se ganha com estas minhas considerações? Em boa verdade apenas registo a indignação de mais uma vez verificar que tudo se faz igual, com os mesmos processos, as mesmas tiranias e golpes de outrora. Tudo na boa fé da preocupação pedagógica de sempre. Mas isso é o que todos defendem. Portanto, na filosofia, tudo continua igual por igual com igual. Apenas se mudam os postos de controlo. Mas ninguém tem de engolir a seco, pois afinal o lugar crítico da razão parece escassear em qualquer lugar, mesmo onde ele mais se apregoa.
segunda-feira, 16 de julho de 2018
Aprendizagens Essenciais em Filosofia
Como se lê na página oficial:
“As Aprendizagens Essenciais (AE) são documentos de orientação curricular base na planificação, realização e avaliação do ensino e da aprendizagem, e visam promover o desenvolvimento das áreas de competências inscritas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.
Neste sentido, foram concebidos documentos orientadores para todos os níveis de educação e ensino: educação pré-escolar e ensino básico e secundário.
A componente do referencial curricular designada por Aprendizagens Essenciais expressa a tríade de elementos — conhecimentos, capacidades e atitudes — ao longo da progressão curricular, explicitando:
(a) o que os alunos devem saber (os conteúdos de conhecimento disciplinar estruturado, indispensáveis, articulados concetualmente, relevantes e significativos);
(b) os processos cognitivos que devem ativar para adquirir esse conhecimento (operações/ações necessárias para aprender);
(c) o saber fazer a ele associado (mostrar que aprendeu), numa dada disciplina — na sua especificidade e na articulação horizontal entre os conhecimentos de várias disciplinas —, num dado ano de escolaridade.”
Subscrever:
Mensagens (Atom)