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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Como montar uma primeira aula de filosofia da arte? Uma sugestão

Bem, normalmente chama-se “planificar”. Mas eu gosto de sair dos formalismos para mostrar que podemos fazer melhor colocando de lado grande parte das formalidades, pelo que uso o termo “montar” em vez de “planificar”. E para o fazer temos de começar por saber muito bem o que esperamos que o aluno aprenda. E como vamos avaliá-lo. O primeiro passo é, pois, esclarecer os alunos disso mesmo. Mas neste momento não devemos abrir todo o jogo revelando o conteúdo. É necessário deixar no ar as perguntas e apenas temos de explicitar as regras: “Vamos estudar a unidade X. Nela vamos encontrar um problema e temos de o explorar estudando as diversas respostas dos filósofos”. Depois deste primeiro momento pedimos aos alunos que tragam para a aula um objeto que tenha significado artístico, o exibam aos colegas e expliquem porque o consideram arte. Não é preciso dar grandes dicas, talvez até seja melhor não fornecer qualquer pista. Apenas tem de ser um objeto que considerem arte e que expliquem porque o consideram como tal. Segue-se, pois, uma parte da aula em que os alunos fazem a sua exposição. O professor aqui pode ajudar a sintetizar numa teoria aquilo que cada aluno expõe. “Ah, o queres dizer é que para ti esse objeto é arte porque te ajuda a exprimir o teu sentimento.”, “Ah bem, consideras esse objeto um objeto de arte porque te conduz a um mundo completamente diferente do real”, “Esse objeto então é arte porque representa bem a realidade”, “esse é arte porque tem traços especiais, um design diferente”, etc.. Se repararem já temos aqui uma pequena coleção de algumas das teorias que vamos explorar. Advirtam os alunos para não esquecerem o que disseram sobre os seus objetos e que tentem ao longo do percurso de estudo encontrar alguma teoria que coincida com a sua. 

O exercício seguinte consiste num powerpoint com um conjunto de imagens de objetos, uns que são arte e outros não, uns que são controversos, objetos que podem ir desde uns chinelos de quarto às meninas de Velasquez, etc... e pede-se aos alunos que assim que visualizam cada imagem digam apenas “é” ou “não é”. No final percorre-se de novo cada imagem revelando se são ou não consideradas arte e até falando um pouco de algumas para que os alunos contatem com nomes do mundo da arte. Também se podem usar vídeos. Por exemplo, eu uso um vídeo de uma orquestra a interpretar os 4m33s de Cage. A perplexidade vale a pena. Mas também uso um pequeno vídeo com Kendrick Lamar. Nas minhas aulas de filosofia da arte que gravei para a RTPM (ver na secção Telensino deste blogue) mostrei um solo de Jimy Page (que foi cortado no Youtube por causa dos direitos de autor). E, na minha opinião, devemos usar exemplos da localidade onde vivemos. Por exemplo, a esmagadora maioria dos meus alunos do secundário não fazem ideia de que o Museu de Arte Contemporânea da Madeira fica na casa contígua à casa das Mudas, na Calheta que é obra de Paulo David, um arquiteto madeirense. Neste momento decorre a exposição nesse museu da artista madeirense Lourdes de Castro. Convém aproveitar o momento para explorar aquilo que é grátis e está apenas ao lado da nossa casa. 

Depois destas atividades e momentos iniciais começa a parte teórica. Explicamos o que é uma boa definição e expomos o esquema das famílias de teorias que procuram responder ao problema. Podemos também mostrar que além do problema da definição existem muitos outros problemas filosóficos sobre a arte. E, muito importante, mostrar porque é que o problema da definição é um problema da filosofia e não um problema dos pintores ou dançarinos ou escritores. Ocasionalmente, como fiz nas aulas do Telensino, podemos mostrar o interesse prático na definição da arte (afinal se os lugares não forem belos ninguém os quer visitar, por exemplo) e a partir daí explicar o interesse filosófico. Aqui o percurso é relativamente livre. 

Um exercício interessante é o trabalho de grupo. Dependendo da dimensão das turmas cada grupo pode trabalhar uma teoria. Determina-se o tempo para trabalhar essa teoria e apresentá-la aos colegas. Atenção que na maioria dos casos 70% ou mais da avaliação dos alunos decorre dos testes escritos (discordo disto, mas é a realidade). Temos então de ter em atenção que convém talvez no final o professor enquadrar muito bem todas as teorias e praticar pelo menos uma ficha antes do teste. 

As aulas de filosofia da arte são também um momento cultural que, infelizmente, para muitos alunos é uma das únicas oportunidades nas suas vidas de contactar com obras de Warhol, Picasso, Miró, Lichtenstein, Almada Negreiros. Há que aproveitar o melhor possível. 



John Cage, 4`33"


Kendrick Lamar Count Me Out


Marina Abramovic The artist is present








sexta-feira, 1 de maio de 2020

Filosofia da Arte - Aula 4 - 11º Ano

A blogger resolver trocar as voltas ao layout e entretanto o carregamento de videos está com problemas, mas o vídeo da aula está alojado AQUI NESTE LINK



sexta-feira, 24 de abril de 2020

Filosofia da Arte Aula 2 11º -Telensino

Mias uma aula de telesnino, Projeto do Governo Regional da Madeira e da Secretaria Regional da Educação em parceria com a RTP M

Errata: é Jerrold Levinson e não "Levingson" como aparece no vídeo. 

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Videos de filosofia com a Help2Learn

Com grande gosto anuncio a minha parceria com a Help2Learn para a criação de conteúdos de estudo em vídeo. O vídeo tem uma pequena gralha apenas no nome de Levinson que ficou com uma letra a mais. Espero que gostem e visitem o canal da Help2Learn. Podem visitar a Help2Learn AQUI. 

Errata: mais ou menos ao minuto 3:50, a explicação da negação está correta, mas as proposições quando escritas aparecem ao contrário. No lugar onde está "arte" deveria estar representação. deveria estar "X é representação e não é arte" ou, o que é o mesmo, "...mas não é....". Agradeço ao leitor atento que reparou nesta gralha. É assim que se trabalha!

terça-feira, 21 de abril de 2020

Filosofia da arte Aula 1 (Introdução) 11º - Telensino

Fica aqui a primeira aula do 11º sobre filosofia da arte. Telensino, um projeto da Secretaria Regional da Educação, do Governo Regional da Madeira. Um total de 18 aulas para telensino.

segunda-feira, 9 de março de 2020

Uma pequena sugestão para uma teoria não essencialista da arte

Com as aprendizagens essenciais, as teorias da arte não essencialistas passaram a ser de lecionação obrigatória no 11º ano. Ora, se ensinamos teorias essencialistas seria redutor não abordar teorias não essencialistas. E de algum modo esta sistematização teórica beneficia alunos e o ensino da filosofia, pois lava a cara à disciplina, retira-a das imagens por vezes confusas e bolorentas com que é ensinada, além de remeter para os grandes debates filosóficos de todos os tempos sem parar num qualquer século passado. Outra questão é saber se este é o modo mais adequado de ensinar filosofia ou se é estritamente necessário que se ensine com esta sistematização no secundário. Por exemplo, na universidade nunca ouvi falar de tais coisas na disciplina de estética e o debate passou ao lado. Em seu favor andei a ler textos de autores obscuros e que nem sequer entram no debate. Isto por si só, pensando que aconteceu à esmagadora maioria das pessoas que estudaram filosofia na universidade e que são hoje em dia professores do secundário, é causador dos maiores equívocos e “ignorância” em relação ao que de interessante e profícuo tem o debate nesta questão (nas outras não foi muito diferente o curso).
Alguns elementos da teoria institucional já apareciam ocasionalmente em manuais e eram ensinados por alguns professores. Eu próprio já fazia esta distinção entre teorias essencialistas e não essencialistas e cheguei até a usar textos de Goodman para explorar um pouco mais alguns aspetos de teorias não essencialistas. Claro que com as dificuldades inerentes a um professor do secundário que tem de se tornar um semi especialista nas grandes áreas da filosofia, o que não é de si tarefa fácil ou simples. 
Ainda há pouco material sobre as teorias não essencialistas (já que para as essencialistas há algum uma vez que já se ensinavam essas teorias) e o que tem aparecido são repetições de algum trabalho que estava já feito e nem sempre didaticamente cuidadoso (dar esses materiais a alunos não os conduz à compreensão das teorias). Por isso, nós, professores, temos de traçar itinerários que ajudem os alunos a compreender os aspetos centrais das teorias e a sua pertinência. E não, nem sempre aquele truque de relacionar com o quotidiano dos alunos funciona (eu diria mesmo que quase nunca funciona, mas isso é outra conversa). 
A teoria histórico-institucional compreende-se bem se articulada com uma das insuficiências da teoria institucional na versão simplificada de Dickie, que é aquela que nos é exigida no secundário. E segundo essa se um objeto pertencer ao mundo da arte, então pode ser que seja um objeto de arte. Isto parece não explicar de todo como funciona o mundo da arte. Senão numa aula apontaríamos para a nossa garrafa de água e poderíamos dizer que uma vez pertencendo ao mundo da arte, seria uma obra de arte. Eventualmente sim, se essa garrafa for sujeita a todo um escrutínio pelas pessoas e instituições da arte. A ideia de Levingson é afinar alguns aspetos da teoria e por isso remete para o conceito de propriedade. Isto é, não basta que um objeto passe a pertencer ao mundo da arte para ser considerado arte. É preciso que o criador possua direitos de propriedade sobre esse objeto. Bem, como não possuo direitos de propriedade sobre muitos objetos, não basta assim que os inclua de algum modo no mundo da arte, para que passem a ser objetos de arte. É preciso, segundo Levingson, que tenha algum direito de propriedade sobre o objeto que se quer ver como objeto de arte. Isto para além da necessidade de ver esse objeto no curso histórico da arte, com uma intenção clara de que ele seja visto como objeto de arte. No âmbito de uma teoria não essencialista estes aspetos não são de facto de deitar fora se queremos saber o que pertence e não pertence ao complexo mundo da arte. Esta fotografia mais abaixo foi um registo feito pelo inglês Richard Long. O que ele fez foi caminhar de um lado para o outro até que a relva ficasse com aquela aspeto amachucado. No final registou em foto. Uma vez que Long não tem direitos de propriedade sobre a relva e o terreno que pisou, será que ele produziu uma obra de arte? Parece que ele teve pelo menos alguma intenção que o seu feito fosse visto como arte ao registá-lo no final de o conceber. Em que ficamos? 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Sugestão musical com pintura pelo meio

Na década de 60 do século passado, eram os vossos pais praticamente crianças (alguns não tinham mesmo nascido, como eu) e um grupo de jovens muito talentosos criaram uma das mais influentes bandas musicais de todos os tempos, os Velvet Underground. Como estes jovens tinham um gosto desenvolvido pelas artes, convidaram muitas pessoas para participarem nas suas canções. É o caso de Nico, uma modelo que também cantava bem. E convidaram Andy Warhol, um pintor que costuma ser chamado da pai da Arte Pop para, por exemplo, criar a capa do primeiro disco de originais da banda. Hoje em dia esse disco e essa capa é um ícone para muitas pessoas. Se fores a cidades como Londres, Nova Iorque, ou mesmo Lisboa ou Porto, vais cruzar-te com algumas pessoas que vestem uma t-shirt com a famosa banana de Andy Warhol e estará escrito: The Velvet Underground and Nico. No final da semana passada, faleceu um dos músicos que inventou os Velvet Underground, com 71 anos de idade. Chama-se Lou Reed e é uma dos músicos mais extraordinários de toda a música popular do seculo xx. Há ainda um outro fundador dos Velvet Underground que está vivo e é muito criativo. Vale a pena conhecer. Chama-se John Cale e tem uma formação e intuição musical mais clássica que Lou Reed. 

Podes visitar virtualmente o Andy Warhol museu CLICANDO AQUI.

Podes conhecer um pouco mais de Andy Warhol CLICANDO AQUI


segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Arte em teatro

Há alguns anos atrás vi a peça de teatro dos excelentes actores portugueses António Feio e João Pedro Gomes, A Arte. Trata-se de uma peça muito divertida que joga com alguns conceitos da arte contemporânea. Vale a pena ver. No Youtube estão todas as partes desta bela peça. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os Joy Division na filosofia da arte

Nas últimas aulas do ano, os meus alunos apresentam os ensaios argumentativos que preparam há cerca de 2 meses. São ensaios curtos nos quais têm de discutir uma tese. Eu forneço a bibliografia (textos de cerca de 20 páginas) onde as teses são apresentadas. Dou alguns problemas para escolher, exponho cuidadosamente as regras para o ensaio, mostro exemplos de outros ensaios e explico o que se avalia num ensaio. Em regra faço isto aproveitando a última aula do 2º período. Antes os alunos já preparam uma pequena apresentação, mas sem qualquer suporte bibliográfico, na qual têm de defender uma tese sobre um problema previamente proposto. As  apresentações orais são de cerca de 5 a 10 minutos cada. Nelas o aluno tem de mostrar que a tese defendida é bem defendida. Já vi excelentes apresentações e cada vez que as vejo penso sempre como cada vez mais nós, professores, temos de dar esta liberdade aos alunos, que sejam eles próprios a participar expondo as suas reais capacidades. A apresentação da Teresa foi especial, pois ela propôs-se a defender que a obra dos Joy Division é uma obra de arte. Para tal, a Teresa percorreu na base as teses de Collingwood, Dickie e Clive Bell. A Teresa foi mais longe e mostrou aos colegas algumas músicas dos Joy Division e o seu legado, tal como New Order ou Clan Of Xymox. Foi um pedaço de aula muito bem passado, e todos aprendemos um pouco mais com a exposição da Teresa.  Ficam as fotos. 


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ensaios sobre filosofia da arte



A Teresa, aluna do 10º20, curso de Artes, vai apresentar o ensaio argumentativo sobre filosofia da arte. Está a preparar as teorias da arte a partir da leitura de alguns capítulos de um dos livros de Nigel Warburton e depois vai tentar analisar a música dos Joy Division a partir das teorias estudadas. Foi uma boa ideia da Teresa, que a discutiu com o professor e acabou por aceitar o desafio. E é uma oportunidade para todos conhecerem esta banda de que a Teresa tanto gosta. Trata-se de uma banda de finais dos anos 70, início dos 80, do século passado. São de Manchester, Inglaterra e nasceram das cinzas do movimento punk. São considerados pelos críticos de música ( e pela Teresa também) como uma das bandas artisticamente mais sólidas da altura e mesmo nos dias de hoje. Vale a pena conhecer e esperar pelo trabalho da Teresa. 


Como aprender teorias da arte


Hoje na aula de filosofia da arte do 10º20, analisamos algumas músicas, de Bach a Sepultura, de John Coltrane a R L Burnside, de Radiohead a Mozart. Foi interessante concluir algumas coisas, nomeadamente que:

É consensual que Bach ou Mozart são obras de arte. Mas o mesmo não se aplica à música dos Sepultura, por exemplo. Toda a aula foi uma investigação para tentar saber, afinal, a razão ou razões que nos conduzem a afirmações como: “A música de Bach é uma obra de arte, mas a dos Sepultura não”. Chegamos a algumas conclusões:

- Nem tudo o que nos emociona é arte.

- Nem toda a arte é emocionante.

- O feio também pode ser artístico.

- Uma obra de arte não tem de ser sempre produzida pelo artista

- Talvez uma boa obra de arte tenha de ter algumas propriedades artísticas como profundidade, complexidade, harmonia.

- Uma obra de arte tem de ser envolvida por uma definição de arte

- Uma obra de arte produz conhecimento

- O tempo é uma propriedade que parece ser interessante para mostrar o valor de uma obra de arte. Se resiste ao tempo, é uma obra de arte. Mas mesmo assim, coloca-se o problema de performances artísticas que não podem durar no tempo. Esta ideia foi lançada primariamente pela aluna do 10º30, Maria Pocinho. E foi interessante pois por momentos pareceu ficar quase, quase sem objecções à altura.

Chegamos ainda a outras conclusões que nos levantaram mais problemas ainda. Espero que a discussão tenha sofisticado um pouco o vosso conhecimento do valor da arte e, sobretudo, o nível das discussões futuras.

Durante a apresentação, mostrei uma canção de que gosto muito dos Radiohead. Descrevi-a como harmoniosa, complexa, profunda. Falei ainda da forma significante a partir desta canção. É a canção que deixo aqui neste vídeo.


Já agora, o Luís Henrique, do 10º14, que é fã de Hip Hop, deixou esta sugestão:


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sigur Rós na filosofia da arte


Disse aos meus alunos que iria postar (principalmente após as aulas) alguns objectos artísticos que vale a pena conhecer (dado que notei em alguns alunos muitas ausências de referências artísticas ao leccionar a filosofia da arte). Começo com uma sugestão levezinha. Os Sigur Rós são uma banda de rapazes que, tal como nós, vivem numa ilha. A ilha deles é um país e também tem vivido recentemente a mesma crise económica que nós estamos a passar. É uma ilha que é um país. Um país com muito gelo, a Islândia (Iceland, a terra do gelo). A capital deste país chama-se Reykjavík e tem menos habitantes que a cidade do Funchal, onde fica a nossa escola. A música dos Sigur Rós é gelada como o país onde nasceu. Mas ao mesmo tempo revela-nos uma agradável sensação de conforto, uma beleza ternurenta. Vale a pena conhecer. Deixo um vídeo e a capa do disco que recomendo. 






sábado, 27 de abril de 2013

O que é a arte?


Este ano vou leccionar filosofia da religião. Mas como tenho uma turma de artes decidimos que seria melhor nessa turma leccionar a filosofia da arte. Acabou de sair um influente ensaio de filosofia da arte de Lev Tolstói na nossa língua. Mais informações sobre este livro AQUI. Para Tolstói,

 “A arte autêntica é acessível a todos e define-se pela sua capacidade de comunicar sentimentos que contribuam para a união das pessoas e para o aperfeiçoamento moral de toda a comunidade. Estas são as bases da teoria da arte que veio a ser conhecida como «teoria expressivista», assente numa definição funcionalista da arte. Teorias que continuam a ser estudadas e discutidas pelos filósofos interessados nos problemas da definição e do valor da arte.


A edição é da Gradiva Tradução do russo de Ekaterina Kucheruk
Revisão científica e introdução de Aires Almeida

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Será que a Arte nos proporciona conhecimento?


Tive um longo período da minha vida em que só ouvi músicas experimentais, jazz cruzado com improvisações de dj`s, electrónicas lo-fi, músicas feitas com instrumentos pouco convencionais, aquilo que eu chamava na altura de pop desconstrucionista, etc… Fui muitas vezes confrontado com a estranheza de amigos e pessoas próximas que defendiam que tais músicas eram desagradáveis e mesmo horrorosas. Recordo que um colega de rádio chamava ao meu programa da altura, o Hipnótico, “o programa de discos riscados”. Havia lugar para quase todo o tipo de músicas que constituíssem um desafio intelectual às convenções. Confesso que hoje em dia tenho uma relação mais pacífica com as convenções e até muita da música que ouvia nessa altura é mais convencional do que eu pensava. E também me dei conta de muita charlatanice pelo meio. Mas a justificação que eu sempre dei é que tinha duas razões principais para ouvir aqueles discos tão atentamente:

1)      Proporcionam prazer estético.
2)      Acrescentam valor cognitivo.

Mais tarde rasguei mais alguns horizontes e cheguei mesmo a ficar somente com a razão 2). O que eu nunca soube durante esses anos todos é que existe muita bibliografia filosófica a defender estas mesmas teses.
Quem se interessa por estas razões temos disponível em língua portuguesa, de um autor português, um livro que nos coloca a par de uma forma muito clara com os principais argumentos a favor destas teses, em especial da segunda, sempre conjugada com a primeira. O livro em causa, O valor cognitivo da Arte, resulta do melhoramento de uma tese de mestrado. Mas o leitor mais distante da filosofia não precisa de se assustar pois esta não é uma tese de mestrado escrita no tom que estamos habituados. Ela está escrita como hoje em dia melhor se escreve filosofia, de forma muito clara, mas muito rigorosa, desmontando uns argumentos e montando outros. E estão lá os argumentos desenvolvidos de forma robusta que muitas vezes ocorrem nas nossas conversas, desde a emoção que a arte muitas vezes proporciona, até às questões epistémicas do mundo da arte. O livro tem um suporte bibliográfico actual e fiável.

Aires Almeida, O valor cognitivo da arte, Centro de Filosofia da Univ. de Lisboa, 2010

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O que é que percebes de música?

Este artigo de Peter Kivy, professor de filosofia na Universidade de Rutgers, autor que tem teorizado sobre a filosofia da música, tenta responder a uma questão que nos é muito cara: o que é que queremos dizer quando afirmamos que percebemos de música?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Aires Almeida, O valor cognitivo da Arte

Entre os livros novos, hoje mesmo chegou-me o livro O valor Cognitivo da Arte, de Aires Almeida (Ed. Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 135 p.), um estudo onde o autor, contrariamente às teses expressas por Platão e Kant, defende que a arte pode ter um valor cognitivo. Como já quem conhece, reconhece, Aires Almeida tem o talento suficientemente apurado para nos explicar problemas difíceis numa linguagem descomplexada, sem perder pitada de rigor. E isto é o que distingue os bons autores em filosofia.   

domingo, 25 de abril de 2010

Novas traduções de ensaios da filosofia da arte


Na próxima segunda-feira, dia 26 de Abril, pelas 22 horas, será apresentada, na Feira do Livro de Braga, a antologia de textos de estética Arte em Teoria (Braga: Húmus / CEHUM, 2010), organizada e traduzida pelo Prof. Vítor Moura.
Este livro inclui textos de Nelson Goodman, R.G. Collingwood, Roger Fry, Edward Bullough, George Dickie e Jerrold Levinson.
A moderação será feita pelo Prof. Doutor Acílio Rocha.
O livro, a mais recente novidade editorial do CEHUM, estará disponível no stand do ILCH/CEHUM na Feira do Livro.
O NEFILUM

quarta-feira, 24 de março de 2010

O que é a arte? Semana da História na Gonçalves Zarco

Esta foi a base da minha apresentação do problema da definição da arte na Semana da História na escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, no Funchal. Claro que o mais importante era a discussão das teorias com o auditório, mas tive um tempo de apresentação mais limitado que o esperado. Ainda assim a primeira parte teve participação activa.
Agradeço ao Grupo de História a oportunidade para mais uma vez, expor publicamente uma discussão filosófica. Gostava, uma vez mais, de agradecer em especial aos colegas David Leça, António José Mascarenhas e Gorete Teixeira pelas aturadas tardes e manhãs de trabalho, intercaladas por discussões profissionais e não só com as quais tenho aprendido muito.