Hoje em dia está na moda no sistema educativo português os cursos CEF (de educação e formação), também conhecidos por cursos profissionais. Não sei se há muitos leitores deste blog que sejam engenheiros, médicos ou gestores. Mas esta minha pergunta é-lhes dirigida: metiam os vossos filhos a estudar nestes cursos? Por quê? Recordo no ano passado estar à conversa com um director de cursos profissionais e quando este elogiava o ensino profissional, interrompi-o subitamente com a pergunta “colocavas os teus filhos a estudar no profissional?”. Após um pequenino momento de silêncio a resposta foi que não, já que desejava que os seus filhos seguissem a universidade. Ripostei que mesmo com o profissional podiam candidatar-se à universidade e até com a probabilidade de o fazer com melhores classificações. A verdade velada é que este director de cursos profissionais não quer os filhos neste tipo de cursos pois sabe da sua falta de qualidade científica em relação aos cursos de formação geral do ensino regular. Quando faço estas observações em regra as pessoas pensam que sou contra a existência de ensino profissional. Mas não sou. O que defendo é que os cursos profissionais não têm de ser diminuídos de formação científica em relação aos cursos do regular. Quem destrói o ensino profissional não sou eu, mas o próprio sistema de ensino que transforma o profissional num tipo de ensino vazio de conteúdos academicamente relevantes e indiscutivelmente importantes para a formação de qualquer pessoa. e como assim é, as pessoas sabem que o profissional é dirigido aos mais aleijadinhos, aos filhos dos intelectualmente incapacitados (julga a ideologia reinante) ou pouco ambiciosos na vida. Ora isto é tudo aquilo que um sistema de ensino deveria evitar pressupor, a de que há seres humanos que não precisam de saber pitada de ciência, de filosofia, de artes, música, etc. para serem felizes. Isto sim é um sistema de ensino elitista no fraco sentido, e marcadamente ideológico contribuindo de forma significativa para a reprodução do estatuto social das classes mais favorecidas. É tudo aquilo que não deve ser um sistema de ensino numa sociedade livre. Ensino profissional sim, mas com rigor e excelência.
6 comentários:
Rolando, só um pequeno reparo. Em bom rigor, os CEF e os cursos profissionais não são a mesma coisa. Aliás, os CEF vão acabar muito em breve (na minha escola já quase não há CEF).
Sim, tens razão e também é verdade que mesmo dentro dos cefs nem todos os cursos possuem a mesma organização já que uns são financiados e outros são da responsabilidade das próprias escolas. Confesso também que em termos de nomenclatura ainda muita coisa me escapa e a dizer a verdade nem sei se é este ano que vou ter tempo para ler, ver e rever todos esses aspectos relacionados com os cursos. Mas não sabia que os cefs vão acabar. para começar parece-me bem, mas que coisa vão arranjar para os substituir?
Os CEF vão acabar porque pagavam às escolas para os ter. Acabado o financiamento, deixam de existir. Os potenciais alunos dos CEF vão para os profissionais, claro.
Não acredito que esse director de curso tivesse afirmado isso! Penso que perdeste a memória... ou ele! Bem, se ele é director de curso, saberá que qualquer aluno com raciocínio e outras aptidões mínimas conseguirá até entrar em cursos com alguma exigência...
Caro Filipe, Não sei o que o leva a considerar que perdi a memória, já que desconhece a quem me refiro.
Os cursos profissionais tem o senão de reunirem um bom lote de disciplinas com uma capacidade formativa para jovens muito duvidosa, para além de um sistema de avaliação que os prepara muito mal para a universidade.
O raciocínio treina-se com disciplinas vocacionadas para o treinar. Não nasce com os indivíduos. Acontece que disciplinas vocacionadas para treinar o raciocínio, como filosofia, não existem nos cursos profissionais, pelo que o ensino profissional perde assim em capacidade formativa, o que leva a pessoas com bom senso não quererem o ensino profissional para os seus filhos.
Mas os alunos não entram nos cursos por raciocinarem bem ou mal, mas porque têm médias mais altas que outras. E no profissional conseguem melhores classificações com menos raciocínio.
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