segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Começar a fazer filosofia com máquinas de fazer salsichas

Reproduzo aqui o post do ano pasado.


Neste início de aprendizagem de como fazer filosofia é preciso ter em atenção algumas palavras novas que em filosofia adquirem um significado muito preciso. Assim, para começar vamos analisar de forma breve algumas dessas palavras:
Argumento – um argumento também se pode chamar de raciocínio ou inferência e consiste em retirar uma conclusão de certas premissas ou, o que é o mesmo, defender uma tese (conclusão) oferecendo razões para essa defesa.
Vamos imaginar que queremos defender que as touradas são imorais. Podemos argumentar da forma seguinte:
Premissa: Qualquer actividade humana que faça sofrer animais não humanos é imoral
Premissa: As touradas fazem sofrer animais não humanos
Conclusão: Logo, as touradas são imorais


Um argumento tem só uma conclusão, mas pode ter uma ou mais premissas. O exemplo acima mostra um argumento com duas premissas.
O que é característico nos argumentos é que eles preservam a verdade se forem válidos. Num argumento válido, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão também o será.
Os argumentos são como as máquinas de fazer salsichas. Se metermos carne de salsicha, a máquina vai fazer salsichas. Nos argumentos válidos se metermos premissas verdadeiras, vai sair conclusão verdadeira.
Há vários tipos de argumentos. No 11º ano estudarás quer os argumentos dedutivos, quer os indutivos. Para já bastam estas noções iniciais.
Em filosofia vamos sempre trabalhar com argumentos, já que é a ferramenta disponível pelos filósofos para tentarem resolver os problemas filosóficos, que são problemas conceptuais e não empíricos, como viste nas aulas.
Os problemas filosóficos são sempre questões e as respostas são razões que oferecemos para sustentar uma tese. Assim, perante o problema, por exemplo, da filosofia da arte, se é possível ter uma definição de arte, seja a resposta sim ou não, temos de apresentar razões em favor da nossa resposta, que será a conclusão do nosso argumento.
A vantagem do pensamento filosófico, mais que chegar a conclusões, é começar a compreender que muitas das nossas crenças são mal fundamentadas e muitas vezes também inconsistentes umas com as outras.
Crença em filosofia não tem o mesmo sentido que crença no sentido comum, que é a crença em Deus ou numa religião. Do mesmo modo o conceito de massa em física não significa a massa que comemos ao almoço ou o dinheiro que temos para comprar o Fifa 2013.
Duas crenças são consistentes se podem ser ambas verdadeiras, mas são inconsistentes se não podem ser ambas verdadeiras. Por exemplo a crença que o FC Porto é o melhor clube do mundo é consistente com a crença de que se estudar muito tiro boas notas, mas a crença que o FC Porto é o melhor clube do mundo não é consistente com a crença de que o FC Porto não é o melhor clube do mundo, porque uma tem de ser verdadeira e a outra falsa e não podem ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo.
Proposição: uma proposição  é o pensamento expresso em frases. Por exemplo a proposição expressa pela frase “a porta está fechada” é a mesma que pela expressa pela frase “the door is closed”. Ora, o que pensamos pode ser verdadeiro ou falso, de acordo com o mundo. Se a porta estiver de facto fechada, então a proposição do exemplo é verdadeira. Não é a frase que é verdadeira ou falsa, mas o que pensamos e que expressamos pela frase é que é verdadeiro ou falso. Não podemos dizer que perguntas, admirações ou frases sem sentido exprimem verdades ou falsidades de pensamento, pelo que na filosofia só nos interessam as frases declarativas com sentido, aquelas que expressam as proposições. Está claro?
Nunca dizemos que os argumentos são verdadeiros ou falsos. Isso seria um erro. As proposições (que no argumento ocupam ora o lugar de premissas ora o lugar de conclusão) é que são verdadeiras ou falsas. Os argumentos são válidos ou inválidos
Um argumento é válido quando se for impossível verdades gerarem falsidades, isto é, se temos verdades nas premissas e o argumento for válido, vamos ter verdade na conclusão. Há outros aspectos a estudar sobre os argumentos, mas para já vamos ficar com estas noções mais básicas que nos servem para seguir em frente.
Os argumentos são centrais na filosofia, pois queremos discutir e defender posições e para o fazer temos de o fazer com rigor. Ora argumentar com rigor é um dos objectivos da disciplina de filosofia. Argumentando bem, treinamo-nos a discutir ideias de forma racional e a evitar o desgaste das gritarias.
Agora, vamos lá fazer salsichas! (Ups! Verdades….)

sábado, 28 de setembro de 2013

Aparência e realidade -- o problema do conhecimento



Este foi o video de Nigel Warburton que vimos na aula. Nele Warburton chama a atenção do que é a verdade e as possibilidades do conhecimento. Warburton cita um texto de Platão, a alegoria da caverna. Se tiveres curiosidade podes ler este texto pois aparece no teu manual nas páginas 32 a 34. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Um fenómeno curioso para partilhar



Há fenómenos na internet muito interessantes. O último que me desperta a curiosidade é a estatística mensal do Filosofia no Ensino Secundário. Ainda o mês não acabou e o número de acessos a partir da Polónia supera o número de acessos no Brasil que, além de ser um país muito maior, é de falantes em português. Ainda estudei pouco os desvios estatísticos da Google para o blogger. Para já, numa primeira impressão, resta-me agradecer aos leitores que a partir da Polónia se têm interessado pelo blog. Tenho duas explicações para isto. Por um lado pode ser algum erro da própria estatística na leitura dos IP`s. Por outro, pode tratar-se de um fenómeno viral. Por exemplo, numa escola de falantes em português o blogue pode ter sido divulgado e alguns alunos passaram a aceder ao blog. Seja como for e a confiar na estatística, resta-me agradecer a atenção dispensada ao conteúdo do FES que corre a passos rápidos para uma década de existência na divulgação da filosofia que se vai ensinando em Portugal e em português. 

Alfredo Dinis 1952-2013

Soube hoje que o professor Alfredo Dinis, antigo director da Faculdade de Filosofia de Braga, faleceu vítima de doença prolongada. O meu contacto com o professor foi breve. Encontrei-o num fórum de internet onde discuti com ele brevemente alguns argumentos filosóficos sobre a existência de Deus. Mas guardei dele uma serenidade digna de um filósofo no modo como aceitou as minhas objecções e as discutiu procurando sempre na base da discussão racional, desmontar os meus argumentos. Citei várias vezes esse meu breve encontro com o professor Alfredo, pois é uma prova de como um crente pode saber discutir com um não crente, de forma cordial e civilizada. É isso que lhe devo e por isso também faço aqui deste pequeno texto uma homenagem por esse bom momento que me proporcionou.  

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Uma ferramenta para estudar filosofia

Os dicionários são boas ferramentas para começar a estudar filosofia, já que um dos trabalhos a fazer é a definição de conceitos. Esta tarefa nem sempre é fácil e  consensual, mas os dicionários conseguem ajudar, e muito. Em Portugal, alguns autores fizeram há uns anos um bom dicionário que vale a pena usar. Tenho uma pequena colaboração neste trabalho tendo lido algumas entradas e enviado sugestões de afinamento aos autores. Este dicionário tem uma edição on-line gratuita que podes procurar neste endereço (http://www.defnarede.com/). Mas também tem uma edição em livro que vale a pena comprar, não só para ajudar no secundário, mas também para quem quer seguir estudos na universidade. Está à venda nas livrarias.  Se desejares conhecer um pouco melhor este livro podes ler a recensão que escrevi sobre a primeira edição (existe a segunda que é que se encontra à venda com a capa que está abaixo), podes ler CLICANDO AQUI.

sábado, 21 de setembro de 2013

Como usar este blogue?



A melhor forma de procurar informação neste blogue é procurar nas “etiquetas” e procurar pelo tema de interesse. Por exemplo, os alunos do 10º ano devem clicar sobre a etiqueta “10º” e aí vão encontrar a informação referente ao seu ano de escolaridade. As etiquetas encontram-se na barra lateral onde tem as informações como capas de livros, número de visitas, etc. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O ano começa...

Aos alunos do 10º ano das turmas 20, 30, 32, 42 e 47, sejam bem-vindos à filosofia. Espero proporcionar-vos uma boa aprendizagem desta disciplina.