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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

João Magueijo, ciência e filosofia da ciência

Esta entrevista com o físico português João Magueijo é muito útil para lecionar filosofia da ciência no 11º ano. Na altura vi a entrevista na RTP. Enviei um email à RTP explicando que sou professor e que esta entrevista tinha interesse didáctico, só que o vídeo foi embutido no site da RTP e era impossível fazer o download, a menos que tivéssemos rede nas escolas, o que nem sempre acontece. Nunca recebi resposta e resolvi eu mesmo fazer o serviço público, com uma ad on pirata que me permite “sacar” vídeos lacrados a sites específicos. Hoje resolvi tornar este vídeo público. Tenho-o usado nas aulas com resultados sempre bons. 


terça-feira, 27 de março de 2018

Stephen Hawking

Uma boa forma de compreender alguns ingredientes do que é e como se faz ciência, com muita solidez filosófica à mistura, é ler esta entrevista a Paulo Moniz, cientista português que em tempos se cruzou com o génio e ouviu os seus conselhos. Entre os quais:

Ele dizia-me muitas vezes: “Tem de publicar sozinho. É a única forma de reafirmar a sua credibilidade no mundo inteiro. Tem de se transformar num farol, nem que seja modesto. Vai publicar e um dia mais tarde, nem que seja daqui a 100 anos, alguém vai ler o seu currículo, alguém vai olhar para o seu contributo”.

Ler AQUI 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Estudar filosofia e ciência é útil

Muitas vezes sou confrontado com a pergunta, “Para que serve a filosofia?”, “Para que preciso de ter conhecimentos de ciência?”. Há muitas respostas diferentes para estas questões. Hoje em dia vivemos na abundância da informação. Temos imensa dificuldade em saber distinguir uma boa teoria de uma intrujice, um produto da ciência de um produto da pseudociência. Tanto a filosofia como a ciência trabalham com método rigoroso. Aprender filosofia ou ciência dá-nos habilidades para saber selecionar a informação, ajudam a descodificar a boa teoria da mera intrujice. Entre muitas, mas mesmo muitas, outras, esta é uma boa razão para estudarmos filosofia e ciência.

O vídeo abaixo é um bom exemplo de intrujice científica. Temos como exemplos de intrujice filosófica a associação de filósofos como Peter Singer ou Nietzche ao nazismo. O último capítulo do livro Ética Prática (Gradiva) de Peter Singer, intitulado "Ser silenciado na Alemanha" revela como a intrujice é o resultado da distorção intencional das teorias. A ignorância científica e filosófica é proporcional à aceitação passiva da intrujice. Karl Popper, um dos filósofos estudados no 11º ano na unidade referente à filosofia da ciência apresenta uma boa teoria esclarecedora desta necessidade de saber distinguir ciência de ciência disfarçada. 


segunda-feira, 2 de março de 2015

Revisão por pares

Não sei se é possível traduzir por “revisão por pares” a expressão em língua inglesa “peer review”. Para quem não sabe explico aqui rapidamente. Este processo, conhecido por revisão por pares (para todos os efeitos vou usar a expressão portuguesa), é o mais utilizado ao nível académico para aceitação de artigos. O autor submete o seu artigo a uma revista da especialidade. O artigo é anonimizado e depois é avaliado por especialistas da área que o aprovam ou rejeitam. Procura-se, deste modo, garantir rigor nas publicações e nas descobertas propostas pelos autores dos artigos. Como seria de esperar também este método de avaliação de artigos falha. E não falha somente em áreas como a filosofia. Em termos proporcionais, falha até muito mais em ciências como a matemática ou a física. É isso mesmo que nos revela Jorge Buescu no primeiro capítulo de Primos Gémeos, Triângulos Curvos e Outras Histórias da Matemática (Gradiva, 2014). O processo atinge dimensões astronómicas quando surgiu a internet. A internet democratiza o conhecimento, pois hoje em dia até numa universidade pobre se tem acesso aos melhores artigos científicos e filosóficos da atualidade. E com a expansão da internet os artigos passaram a estar disponíveis em modelo Open Access. Este modelo permite que os artigos estejam disponíveis de forma gratuita para que todos, mesmo aqueles que menos dinheiro têm, possam acedê-los. O problema é que alguém tem de os pagar. Então quem os paga? Os autores ou as instituições que os representam. Um autor para publicar um artigo numa revista da especialidade pode chegar a pagar milhares de euros. Repare-se que são especialistas que vão ter de ler aturadamente o artigo. O reverso do modelo são as revistas predadoras que procuram apenas extorquir dinheiro aos autores.
O mais interessante em todo este processo é que na filosofia as coisas não são diferentes do que se passa, por exemplo, na matemática. As revistas predadoras de OA abriram portas a toneladas de artigos que não passa de lixo científico. E isto na matemática. Ou seja, onde pensamos que o crivo do rigor é exímio é ao mesmo tempo onde há mais charlatanice. Dá que pensar?

Jorge Buescu é um matemático português e com vários livros publicados entre os quais parte são de divulgação científica. 
O filósofo inglês Nigel Warburton defende neste pequeno texto que é preferível um editor competente a um peer review incompetente. Não me parece de todo convincente pois num caso e no outro (editor ou peer review) o que se pretende é a competência e charlatanice na era da internet é coisa que não falta pelos mais variados motivos sendo que os ligados ao lucro fácil são aqueles que alcançam maior expressão. 
Em Portugal a publicação em filosofia com maior expressão em sistema de OA é a Disputatio, International Journal of Philosophy, publicada pelo LanCog

Um dos testes interessantes a aplicar nestas revistas em sistema OA é replicar o caso Bricmont, Sokal, tão bem exposto em Imposturas Intelectuais. Consiste em enviar textos para estas revistas, com erros grosseiros propositados e sujeitá-los à avaliação por pares. Jorge Buescu retrata bem esta situação e experiência no livro. 

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ciência, espiritualidade e humanidades

Um dos erros mais elementares consiste em pensar que uma pessoa ou é religiosa e por isso espiritual ou não é religiosa e por isso pouco ou nada espiritual. Na verdade uma pessoa pode ser religiosa e muito pouco espiritual (mesmo pensando que é profundamente espiritual) e pode ser não religiosa e profundamente espiritual. Isto porque a dimensão espiritual não é uma propriedade exclusiva das religiões nem das crenças religiosas.
Edward O. Wilson é talvez o biólogo vivo mais respeitado no mundo e professor emérito da Universidade de Harvard, com um currículo de mais de 100 prestigiados prémios.


"Uma das bases da força da ciência são as ligações feitas não apenas de várias maneiras dentro da física, química e biologia, mas também entre estas disciplinas primárias. Uma grande pergunta continua por responder na ciência e na filosofia. É a seguinte: pode esta consiliência (ligações feitas entre domínios bastante afastados do conhecimento) ser alargada às ciências sociais e às humanidades e até mesmo às artes criativas? Eu penso que pode a acredito ainda que a tentativa para fazer essas ligações será uma parte fundamental da vida intelectual do século XXI.Porque é que eu e outras pessoas pensamos desta maneira tão controversa? Porque a ciência é a fonte da civilização moderna. Não é apenas «outra maneira de saber», comparável à religião ou à meditação transcendental. Não reduz o génio das humanidades, nem mesmo das artes criativas. Pelo contrário, propicia o enriquecimento do seu conteúdo. O método científico tem explicado a origem  e o significado da humanidade de uma maneira mais consistente e melhor do que as crenças religiosas. As histórias da criação das religiões organizadas, tal como a ciência, propõem-se explicar a origem do mundo, o conteúdo da esfera celeste e até mesmo a natureza do tempo e do espaço. Na sua grande maioria, os relatos míticos, baseados nos sonhos e nas epifanias dos antigos profetas, variam entre as crenças religiosas. São atrativos e reconfortantes para as mentes dos crentes, mas cada um deles contradiz a outro e, depois de testados no mundo real, tem-se sempre verificado que estão errados, sempre errados.

 O malogro das histórias criacionistas é mais uma evidencia de que os mistérios do universo e da mente humana não podem ser resolvidos apenas pela intuição. O método científico por si só tem libertado a humanidade do estreito mundo sensório legado pelos nossos antepassados pré-humanos."



Edward O. Wilson, Cartas a um jovem cientista, Clube do Autor, 2014, Trad. Isabel Jardim,p.59

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Ciência e dogmatismo


"Podemos reger-nos pelo dogma ou pela descoberta. O dogma (da palavra grega que significa opiniões recebidas que «parecem boas») bem pode procurar uniformizar as pessoas (como é a intenção implícita do dogma religioso, sendo religio um termo latino que significa «unir»), mas na verdade, na medida em que tem de ser adoptado com base em fé, acaba por dividir a humanidade entre um nós fiel e um outro suspeito. A descoberta científica poderia ter dividido o mundo, mas em vez disso revelou que todos os seres humanos são parentes (uns dos outros e de todos os outros seres vivos) num universo onde estrelas e estrelas-do-mar obedecem às mesmas leis físicas. Assim, à medida que os seres humanos passam do dogma à descoberta, vão percebendo cada vez melhor que habitam um só mundo.Esta evolução cria a expectativa de que, à medida que a influência da ciência for aumentando, as pessoas possam vir a ultrapassar velhos preconceitos e provincianismos e tratar-se umas às outras com mais liberalidade. Em certa medida, isso está já a acontecer (o mundo hoje é mais científico e mais liberal, mais bem informado e menos violento do que era há três séculos), mas estas mudanças trouxeram também consigo novos problemas.Os dogmáticos, religiosos ou políticos, reagem contra a ciência e o liberalismo com todos os meios ao seu alcance, da negação e da tentativa de supressão (por exemplo, do ensino da evolução biológica) ao terrorismo. As democracias liberais respondem muitas vezes a estas ameaças com insegurança em vez de força, revertendo em momentos de dificuldade para práticas antiliberais pouco melhores que as dos seus adversários. Entretanto, as descobertas científicas vão pondo em causa as ideias feitas que todos temos, enquanto a evolução da tecnologia vai criando problemas complexos (com o aquecimento global actualmente no topo da lista), que se não forem adequadamente abordados ameaçam anular grande parte dos progressos que a nossa espécie fez tão recentemente
(…) os cientistas tem uma história de descoberta para contar; os dogmáticos, uma história de obediência à autoridade."


Timothy Ferris, Ciência e Liberdade, Democracia, Razão e Leis da Natureza, Gradiva, Trad. Ana Sanpaio, pp.425,426 e 427

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Escola de Verão - Filosofia da Ciência


É de iniciativas como a que aqui apresento que a filosofia precisa. Divulga a filosofia e leva-a junto das pessoas. Vale mesmo a pena. É assim que a s universidades podem e devem cooperar com o ensino secundário. É também assim, com trabalho aturado e paciente que se cativa os mais jovens para o saber fascinante que é a filosofia.  Mais informações AQUI

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Porque é que a filosofia é tão íntima da ciência?


Alguns alunos meus pensam que a ciência é muito distinta da filosofia. Eu não penso assim. Na verdade durante a maioria da história da ciência não existia qualquer distinção. Newton chamou aos seus escritos Filosofia Natural. E era assim que a ciência era conhecida. O erro de alguns alunos consiste em pensar que na filosofia todas as questões são inconclusivas. E isso não é inteiramente verdade. Acontece que os métodos de conclusão em filosofia exigem procedimentos diferentes dos da ciência. Em ciência exploramos a realidade directamente para compreender melhor. Em filosofia exploramos as razões, os raciocínios ou argumentos. Estes são a realidade a explorar para os filósofos. Com um pouco de paciência vale a pena ver o vídeo deste post de Brian Green, um físico teórico famoso, com alguns livros traduzidos entre nós. Digo um pouco de paciência pois Green fala em teorias complexas, como a das cordas. Mas vale sobretudo a pena porque nele compreendemos que só vale a pena fazer perguntas quando não temos ainda resposta para elas e, acima de tudo, que no coração da ciência, tal como no da filosofia, habitam mais perguntas que respostas. Sem confundir as partes, não há filosofia sem ciência, nem ciência sem filosofia.


domingo, 29 de abril de 2012

Estudar filosofia da ciência


Para começar vamos ver este vídeo:



(Resolvi manter o vídeo, mas incluir uma nota sobre o mesmo. De facto, como reparou o professor Aires Almeida, no vídeo sugere-se várias vezes que Popper é verificacionista. Ora a proposta de Popper é precisamente uma resposta ao verificacionismo. É bom observar este erro no vídeo)

Para afinar o estudo da unidade dedicada à filosofia da ciência, deixo aqui uns links de textos de apoio. Dividi entre textos simples e mais indicados como tópicos breves de estudo e outros mais longos que podem ser explorados para trabalhos, por exemplo. A leitura dos primeiros não dispensa a leitura dos segundos. Tem ainda uma secção de livros e vídeos.

Textos breves
Um diálogo sobre o falsificacionismo, Desidério Murcho
Popper na ciência, Alexandre Quintanilha
O código da ciência, Jorge Buescu
As teorias científicas são falsificáveis, Jorge Buescu
Refereeing ou abordagem científica, Jorge Buescu
Verificabilidade e falsificabilidade, alguns exemplos, in. Dúvida Metódica


Textos de exploração
Incomensurabilidade, James Ladyman


Sugestões de alguns livros de introdução à ciência
Lucy & Stephen Hawking, a chave secreta para o universo, Presença
Lucy & Stephen Hawking, Caça ao tesouro no Espaço, Presença
Carl Sagan, Cosmos, Gradiva


Vídeos sobre ciência

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Filosofia da ciência


Não dispomos ainda em língua portuguesa de Portugal de uma boa introdução à filosofia da ciência que seja ao mesmo tempo actual, acessível e informativa. Assim, a bibliografia base tem de passar pelo acesso a obras em outras línguas. Entre as que conheço e disponho, estas são as melhores.


John Losee, Introdução à filosofia da Ciência, Terramar, 1998, Trad. Carlos Lains
Trata-se de uma panorâmica histórica sobre a evolução das ideias em ciência, desde a antiguidade aos nossos dias



A F Chalmers,What is this thing called science?, Hacket, 1999
Há tradução brasileira desta obra e seria uma interessante escolha pelos editors portugueses. Ao contrário do livro de John Loose, aqui a abordagem é temática e não histórica



Um pequenino livro de cerca de 140 páginas que, tal como a de Chalmers, é temática. É um volume da colecção Very Short Introductions da Oxford University Press.
Para cada um destes livros clicar no nome para aceder às recensões críticas ou partes da obra e conhecer um pouco melhor. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Às vezes sabe melhor ler sem traduzir

The activity of hypothetical thinking is an essential part of the activity of philosophy as a whole. Whereas science tests hypotheses factually, philosophy tests hypotheses conceptually. Or, to put in another way, science asks, “It is true that so-and-so…?”, whereas philosophy asks, “Does it make sense that so-and-so…?” And crucial to asking this question is the use of the conditional question.  

Peter Worley, The if Machine, p10, 2011

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Filosofia da ciência

Temos agora, felizmente, disponível a tradução da conferência TED de David Deutsch, “Uma nova maneira de explicar a explicação”, traduzida por Desidério Murcho e disponível na Crítica. Trata-se de um lúcido texto que clarifica algumas confusões do papel das explicações científicas. Deixo um parágrafo para abrir o apetite:

Contudo, o que tanto os criacionistas quanto os empiristas ignoram é que, nesse sentido, também ninguém viu alguma vez uma Bíblia. O olho só detecta luz, que não percepcionamos. Os cérebros só detectam impulsos nervosos. E nem sequer os percepcionam como realmente são: nomeadamente, crepitações eléctricas. Não percepcionamos coisa alguma como realmente é. A nossa conexão com a realidade nunca é apenas percepção. Está sempre, como dizia Karl Popper, impregnada de teoria. O conhecimento científico não é derivado de coisa alguma. Como todo o conhecimento, é conjectural. Testado pela observação e não derivado dela.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Novidade Guerra & Paz

Um dos livros centrais do século xx, da filosofia da ciência é editado tardiamente em língua portuguesa pela Guerra & Paz. É nesta obra que se faz a defesa dos argumentos mais poderosos sobre o relativismo na ciência.

asawea

sábado, 12 de setembro de 2009

Onde é que Popper aparece na ciência?

262414 O Expresso de hoje traz na revista Única uma boa entrevista a Alexandre Quintanilha. Só para perceber o quanto Popper está presente nas mentes dos cientistas, deixo aqui estes pequeninos excertos:

Pode um cientista na área da biologia não acreditar na Teoria da Evolução das Espécies?

Darwin postulou uma hipótese, desde então temos feito tudo para ir à procura da evidência que seja a favor ou contra . Aliás, é mais importante ir à procura da evidência contra porque se a teoria for abaixo haverá outra ainda mais sofisticada.

Nem quando se confirma a hipótese?

(…) todos os grandes avanços na ciência são feitos quando as pessoas, depois de confirmarem a hipótese passam 50 anos a ver se a desaprovam.  As teorias mais robustas são as que resistiram a todas as tentativas de as contraprovar.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Michael Ruse

9789728920586_1246391252 Ainda não descobri detalhes sobre a edição em língua portuguesa deste livro, mas as livrarias já o têm disponível. Uma edição a descobrir. Se algum leitor já souber da editora, é favor deixar detalhes. Como sabemos Michael Ruse é um filósofo da ciência com algumas obras já traduzidas entre nós. E já agora, será que um darwinista pode ser cristão?