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segunda-feira, 18 de março de 2019

Às vezes perguntam-me em que filósofo trabalho, como se isso fosse o que qualquer filósofo tem de fazer. Respondo ao estilo de Oxford: trabalho em problemas filosóficos, não em filósofos.

Timothy Williamson, Filosofar, da curiosidade comum ao raciocínio lógico, Gradiva, 2019, Trad. Vitor Guerreiro, p. 109

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Fazer filosofia

Como modelo para a filosofia, a matemática básica é muito mais útil que o dicionário. Aquilo de que precisamos para raciocinar claramente não são ‹‹verdades por definição››, triviais, mas uma teoria forte, explicitamente articulada. A clareza não aspira a um padrão mítico de indubitabilidade. Ao invés, o propósito é tornar claramente visíveis os erros do nosso raciocínio, como o são na matemática. Se o leitor ouvir alguém negar o valor da clareza, pergunte-se por que razão poderá não desejar que os erros de raciocínio sobressaiam claramente. 


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Richard Feynman


«O que não está rodeado de incerteza não pode ser verdade»

Nobel da Física em 1965

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Factos, coisas e verdade


"Um facto é algo que constitui uma verdade em relação a tudo. É verdade, no que se refere à maçã, que se encontra na tigela. Os factos são, pelo menos para o mundo, tão importantes como as coisas ou como os objetos. E isto pode ser visto por meio de uma experiência de pensamento muito simples. Suponhamos que só há coisas e que não há factos. Nesse caso nada seria verdadeiro em relação a essas coisas. Mas só isto já seria um facto. Consequentemente seria verdade relativamente a essas coisas que nada seria verdade sobre elas. E esta objeção é bastante óbvia e até pior do que um infortúnio. Se há em qualquer cenário em que se possa pensar pelo menos um facto, em muitos cenários que podemos imaginar não há coisas. É o que também mostra outra simples experiência de pensamento. Imaginemos que nada disto existe: nem espaço-tempo nem suricatas nem meias em planetas nem Sol, nada. Nesta situação desesperada e extremamente desolada dar-se-ia o caso de não existir mesmo nada e o pensamento de que neste caso nada existe parece ser verdadeiro. Mas, em consequência, há pelo menos um facto neste nada desolado que é, nomeadamente, , o facto de haver esse nada desolado. Mas este facto já não seria, só por si, um facto. Pelo contrário, seria o facto decisivo, a verdade sobre essa terra de desolação absoluta. Assim, nessa desolação nada existe, o que é verdade no que se refere à própria desolação. Consequentemente será impossível existir um nada absoluto. Por isso terá de haver pelo menos um facto para que nada mais possa existir."



Markus Gabriel, Porque não existe o mundo, Temas & Debates, 2014, Trad. Pedro Rosad, p.42,43

terça-feira, 11 de junho de 2013

Filosofia Moral



Algumas pessoas pensam que não pode haver progresso em Ética, uma vez que já foi tudo dito (…) Eu penso o contrário (…) Comparada com as outras ciências, a Ética Não Religiosa é a mais jovem e a menos desenvolvida.



Derek Parfit, Reasons and Persons

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Às vezes sabe melhor ler sem traduzir

The activity of hypothetical thinking is an essential part of the activity of philosophy as a whole. Whereas science tests hypotheses factually, philosophy tests hypotheses conceptually. Or, to put in another way, science asks, “It is true that so-and-so…?”, whereas philosophy asks, “Does it make sense that so-and-so…?” And crucial to asking this question is the use of the conditional question.  

Peter Worley, The if Machine, p10, 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

E será que a nossa escola anda a fazer isto?

A frequência da escola é essencial para obter uma familiarização mínima com a ciência e as suas apliacações.na escola joga-se quer a possibilidade para seguir uma carreira científica ou de base científica, o que evidentemente só será feito por uma parte da população, quer, sobretudo, a possibilidade de obter uma perspectiva científica do mundo, o que é para todos, na sociedade de hoje, uma condição indispensável de cidadania plena.(p. 56,57)


Em vez de apenas a “namorar”, a escola tem de se “casar” com a ciência, reflectindo a relevância que esta tem na vida de todos nós. Precisamos de mais e melhor ciência na escola. Há, com certeza, a questão da quantidade de tempo que na escola é dedicado à ciência, mas há sobretudo a qualidade de ocupação desse tempo. É preciso, por exemplo, dedicar mais tempo à experimentação e à análise de dados.(p.62)
 Uma sociedade desenvolvida necessita de atrair para a ciência e tecnologias alunos em quantidade e qualidade suficientes. Isso pressupõe o fomento de vocações científicas, o que significa não só vocações para a criação da ciência mas também para a aplicação da ciência na vida prática. (p.63)

Carlos Fiolhais, A ciência em Portugal, FFMS, 2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011

As religiões são más inspirações morais

São muitas as pessoas que procuram orientações éticas e morais nas Escrituras e nas religiões. Mas há muitos aspectos nas religiões e nos livros tidos como sagrados que parecem colocar muitas reservas do ponto de vista moral. James Rachels dá aqui um bom avanço, nos Problemas da Filosofia, p. 263, (Gradiva)



De forma mais modesta, outros encontram orientação prática nas Escrituras ou na tradição da Igreja. Estas fontes são notavelmente ambíguas. Dão-nos instruções vagas e frequentemente contraditórias. Por isso, quando as pessoas consultam estas autoridades, confiam tipicamente no seu próprio discernimento e seleccionam o que parece aceitável. Ao ler as Escrituras, prestam atenção aquilo que apoia as perspectivas morais que preferem e menosprezam o resto. Por exemplo, podem citar a passagem do Levíticio que condena a homossexualidade, mas ignorar a passagem que proíbe ter relações sexuais com mulheres menstruadas.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Desidério Murcho no Filosofia em directo

Quase não há conclusões em filosofia, na acepção de teorias consensuais semelhantes às que temos em física ou noutras ciências. Muitos tomam isso como uma limitação da filosofia. Eu tomo-o como uma das mais importantes contribuições para o esclarecimento da humanidade: fazer-nos continuar a pensar quando a tentação óbvia é desistir.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Relativismo

Pensas que o relativismo moral implica a tolerância? Se sim, como construir o argumento sem cair no próprio relativismo? Se não, como podes defender a tolerância? Será que a tolerância necessita de um argumento não relativista?

http://criticanarede.com/html/relativismo.html

terça-feira, 15 de junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

Robert Park

As pessoas esforçam-se tanto para se enganar a si mesmas como para enganar os outros – o que torna muito difícil dizer onde se situa a fronteira entre a tolice e a fraude.

quinta-feira, 18 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Teorias da conspiração

Mas formar uma opinião que vai contra todas as probabilidades e acreditar no disparate é, na melhor das hipóteses, uma divertida perda de tempo.


David Aaronovitch, entrevista à Revista Visão, nº888

domingo, 22 de novembro de 2009

Ensino, o que falta fazer?

Não gosto mesmo nada de fazer referências apanhadas nos outros blogs de filosofia. Mas não me inibo de o fazer quando as palavras são pertinentes e urgentes. Este apanhei num link deixado pelo Desidério Murcho no blog da Crítica. As palavras são de Nuno Crato:


Um marciano que descesse à Terra concluiria que Portugal tem um sistema de ensino excelente, que consegue formar talentos matemáticos ainda na adolescência e preparar cientistas jovens. No entanto, se o mesmo marciano resolvesse olhar para as comparações internacionais, nomeadamente para os resultados dos inquéritos TIMSS e PISA, veria que em matemática e nas ciências o nosso sistema de ensino tem problemas muito graves, que se estendem ao ensino da língua e a outras áreas.
O contraste entre os resultados da investigação científica e os do ensino deve ser, em alguma medida, explicável pelas diferentes políticas seguidas nestas duas áreas. Em ciência, optou-se pelo investimento a longo prazo, deu-se prioridade ao saber e fomentou-se a ida dos jovens para países e universidades que lhes ensinaram seriamente a área científica que preferiam. Na educação, insistiu-se que os jovens deveriam "aprender a aprender" e "desenvolver competências". O saber ficou para segundo lugar.
Em ciência, em vez de baixar os níveis de exigência com pretexto na "escola inclusiva", ou nas dificuldades dos mais desfavorecidos, abriram-se oportunidades: quem tivesse talento e força de vontade poderia agarrá-las. Em vez de fazer provas onde o sucesso fosse garantido, privilegiaram-se métodos de avaliação aferidos pela bitola dos melhores do mundo.
Em ciência, privilegiou-se a internacionalização e não se pretendeu desculpar o nosso fraco posicionamento relativo por atrasos estruturais do país ou por condições socioeconómicas desfavorecidas. Apontou-se para cima e disse-se, desde o princípio, que o importante era alcançar resultados reconhecidos nas melhores revistas internacionais. A paróquia ficou para trás.
Em ciência, nenhum ministério pretendeu retirar liberdade aos cientistas para investigarem o que quisessem e pelos métodos que escolhessem. Mas fizeram-se avaliações impiedosas dos resultados, com avaliadores internacionais exigentes. Em educação, pelo contrário, desprezaram-se os programas e as metas, fizeram-se e fazem-se exames que nada avaliam e desculpam-se os insucessos. Ao mesmo tempo, pretende-se controlar ao pormenor os métodos pedagógicos seguidos pelos professores. Em ciência, avaliam-se os resultados e dá-se liberdade nos processos. Em educação, controlam-se os processos e não se avaliam os resultados. Assim, é difícil avançar.




Ler o resto do artigo do Expresso, AQUI.  

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Instrumentalização ideológica

Fico por isso sempre desconfiado sempre que se instrumentaliza o ensino. Do meu ponto de vista, a razão de ser do ensino é o valor intrínseco do que é ensinado. É importante ensinar filosofia, música, biologia, história, arqueologia, engenharia, e tudo o mais, porque essas coisas são importantes e porque muitos alunos têm talento para essas coisas e não o descobrirão se não contactarem com essas coisas na escola. Que essas coisas têm, depois, por vezes, aplicações sociais importantes é óbvio; queremos ter médicos competentes, e políticos, e engenheiros. Mas estaremos a construir sociedades totalitaristas se só houver competência técnica, mas não houver autonomia intelectual. Se das escolas saírem autómatos que sabem repetir, mas não pensar. Que são incapazes de pôr em causa, por si mesmos, as ideias feitas da sua sociedade, partido, religião, classe social ou etnia. Que só sabem repetir fórmulas matemáticas ou da biologia, teses filosóficas ou históricas, ideias sociológicas ou económicas, sendo totalmente incapazes de as pôr em causa.

Desidério Murcho, in. http://criticanarede.com/html/autonomia.html

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Freedom of speech

parental-advisory--explicit-lyrics Publiquei um texto sobre a liberdade de expressão aplicada ao caso do último livro de Saramago no blog da Crítica. Ler AQUI.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O oposto da filosofia

Religião: Cardeal-patriarca repreende bispos e padres que "se consideram com direito de decidir pela sua cabeça"

2 de Setembro, 2009, Agência Lusa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ainda muita gente confunde metafísica com religião, filosofia com crença em deuses. Apesar da filosofia estudar determinados aspectos com a argumentação relacionada com a religião, não deve nunca ser confundida com religião. A filosofia estuda problemas relacionados com a religião em igual sentido que estuda problemas relacionados com a física, a arte ou a ciência, entre muitos outros. Uma vez recordo-me de ter protestado com um livreiro porque o escaparate de filosofia estava disposto assim: “Filosofia/ Religião”. Perguntei a razão de tal critério. Respondeu-me que estava assim já que uma boa parte dos filósofos eram católicos. Bem, expliquei que existiu uma época em que grande parte dos filósofos ocidentais talvez fossem católicos, a idade média. Mas nesse período, grande parte dos estudiosos pertenciam à igreja já que a igreja dominava todos os aspectos relacionados com a vida e com a cultura. Se assim é, por que razão não tinha na livraria qualquer coisa como: “Literatura/Religião”, “Ciência/Religião”, “Psicologia/Religião”? Recordo que nesse dia dei uma pequenina lição de filosofia da religião, ao explicar que já os gregos colocavam os argumentos sobre a existência de deuses em causa e que toda a história da filosofia coloca em causa argumentos religiosos. A lição deve ter surtido algum efeito positivo já que se tratava de uma livraria multinacional e passada uma semana passei a ler no escaparate somente “Filosofia”. Recentemente passei a ler “Vários” e a religião passou a ter um escaparate exclusivo e bem grande, ao passo que a filosofia deixou de ter lugar exclusivo de destaque.

sábado, 29 de agosto de 2009

Estudar filosofia

9780415341806 Se alguém lhe disser que nunca teve qualquer dificuldade em acompanhar a discussão de um artigo ou livro de filosofia, ou está a mentir ou a mentir a si mesmo. A filosofia pode ser desafiadora. Ela incide em grande parte sobre problemas abstractos. Isso pode tornar difícil a tarefa de acompanhar a cadeia de argumentação. Ler filosofia não é uma questão de interpretação de factos, mas sim de lidar com ideias que podem parecer muito obscuras. Se o trabalho que está a ler foi escrito há algum tempo atrás, as ideias podem estar expressas numa linguagem arcaica. É provável que inclua termos técnicos ou palavras conhecidas usadas de maneira diferente. E, verdade seja dita, nem todos os filósofos que estudamos escreveram de forma clara. Alguns até parece deleitar-se na obscuridade da sua escrita.

 

Nigel Warburton, Philosophy: the essential study guide, Routledge, 2004, p.11 (Tradução e adaptação minha).

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Palavras que sabem bem

image A ciência do nosso tempo, como na sua época foi a de Vesálio ou de Copérnico, é, simplesmente, o produto do maravilhoso potencial criativo do espírito humano, servido pelos sentidos, que lhe buscam a prova e lhe demonstram a evidência. Cuidar de ambos é um dos deveres da educação, obrigada a inventar, para não perder o passo, novos modelos e novos métodos, em vigilante adaptação evolutiva. Por isso, tal como a ciência, a educação está também condenada à risonha maldição de ser para sempre jovem.

João Lobo Antunes, Memória de Nova Iorque e outros ensaios, Gradiva, p.144

A questão: será que o poder político tem condições para revelar uma concepção da educação como aquela que a citação revela?