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sábado, 5 de dezembro de 2015

Consitência e Inconsistência



consistência/inconsistência
Duas ou mais proposições são consistentes se, e só se, podem ser simultaneamente verdadeiras; e são inconsistentes se, e só se, não podem ser simultaneamente verdadeiras. Por exemplo, as afirmações "Deus existe" e "Sócrates era um filósofo" são consistentes; e as afirmações "Deus existe" e "Deus não existe" são inconsistentes. Nem sempre é fácil saber quando duas proposições são consistentes ou inconsistentes. A mais leve complexidade lógica pode provocar enganos. Por exemplo, há razões para pensar que as afirmações "Todos os lobisomens são peludos" e "Nenhum lobisomem é peludo" não são inconsistentes; mas, intuitivamente, estas afirmações parecem inconsistentes. Note-se que aLÓGICA ARISTOTÉLICA não se aplica a proposições que contenham classes vazias, como "lobisomens"; se excluirmos as classes vazias, quaisquer duas proposições com a forma "Todo o A é B" e "Nenhum A é B" serão efectivamente inconsistentes (ver QUADRADO DE OPOSIÇÃO).
Outras vezes, é muito difícil saber se duas proposições são consistentes ou não. Por exemplo, em filosofia discute-se o chamado PROBLEMA DO MAL, que consiste em saber se as duas afirmações seguintes são consistentes: "Deus existe e é omnipotente, omnisciente e sumamente bom" e "Há mal no mundo".
Não se deve confundir inconsistência com CONTRADIÇÃO; todas as contradições são inconsistências, mas nem todas as inconsistências são contradições. Por exemplo, uma vez que há seres humanos, as afirmações "Todos os seres humanos são mortais" e "Nenhum ser humano é mortal" são inconsistentes, mas não são contraditórias entre si. Não se deve igualmente dizer que uma teoria ou proposição "é consistente com o mundo"; as teorias ou proposições só podem ser consistentes entre si e não com o mundo. Relativamente ao mundo, as teorias e proposições são verdadeiras ou falsas, consoante descrevem fielmente ou não o modo como as coisas são. DM


sábado, 17 de outubro de 2015

Validade, solidez e cogência



Argumentamos para resolver problemas insuscetíveis de serem resolvidos empiricamente. Por essa razão a argumentação é central quando estudamos filosofia. Os bons argumentos reúnem 3 condições principais:
São válidos: se um argumento é válido isso significa que numa circunstância de verdade em que as premissas são todas verdadeiras, é impossível a conclusão ser falsa. Pode-se também dizer que a verdade da conclusão num argumento válido, implica a verdade da ou das premissas (um argumento pode ter uma ou mais premissas, mas só uma conclusão).
São sólidos: não queremos saber de falsidades, mas de verdades. A validade diz respeito à estrutura lógica do argumento. Assim, para um argumento ser bom, obviamente além de válido, convém que efetivamente as premissas sejam verdadeiras (e, por consequência, dado que é válido, a conclusão também). Chama-se sólido a um argumento válido com premissas verdadeiras.
São cogentes: Não basta que um argumento para ser bom seja sólido. É necessário que as premissas sejam mais credíveis (também se diz aceitáveis) que a própria conclusão. Quem aceita as premissas de um argumento sólido (e, claro, válido) aceita a conclusão. É a este efeito que se chama persuasão racional ou também honestidade intelectual.
Nota final
Obviamente os argumentos cogentes são muito difíceis de encontrar. Um argumento não é na maioria das vezes por si só, isoladamente, cogente. Isto acontece porque nos argumentos filosóficos raramente sabemos se as premissas são efetivamente verdadeiras ou falsas. É por isso que filosofamos. Filosofar é, neste sentido, encadear outros argumentos que justifiquem premissas. Podemos escrever um livro inteiro a justificar a verdade de uma premissa com recurso a argumentos. E por isso é que a filosofia é para muitas pessoas difícil, pois temos de seguir atentamente esse encadeamento de argumentos como se seguíssemos a construção de um puzzle. No caso da filosofia o puzzle é mental, já que as peças são as partes de um todo que é um raciocínio encadeado com outros raciocínios. 
Um pequeno exemplo
Assistimos hoje em dia a inúmeras discussões sobre a moralidade das touradas. Ocorre ocasionalmente o seguinte argumento:
“Os animais não humanos não têm quaisquer direitos morais, pois também não têm deveres. E só tem direitos quem tem deveres. Como os animais não têm deveres, logo, não têm direitos
Podemos recorrer a um argumento válido, sólido e cogente para refutar este argumento:
(P1) Se só possuísse direitos morais quem tem deveres morais, então os bebés não teriam direitos, pois não têm quaisquer deveres.
(P2) Ora, os bebés possuem direitos, mas não têm deveres morais
(c) Logo, é falso que só possui direitos quem tem deveres.

Para estudar a negação de proposições



Negar proposições é importante para saber refutar argumentos. Muitos dos erros de raciocínio aparecem por não sabermos negar corretamente as proposições. Nas aulas aprendemos a negar apenas alguns tipos de proposições, aquelas que se considera ocorrerem com maior frequência e sobre as quais cometemos mais erros. Aqui ficam os links para estudar com mais pormenor este ponto da matéria.

domingo, 11 de outubro de 2015

Definições

Definições explícitas: um modo de definir algo por meio de condições necessárias e suficientes. Por exemplo, definir água como h2O é uma definição explícita, já que ser h2O é tanto necessário como suficiente para definir água. Definir gato como animal com 4 patas é uma má definição explícita, já que ter 4 patas é necessário, mas não suficiente para ser gato. Também usamos muitas vezes definições implícitas. Neste caso não definimos por meio de condições necessárias e suficientes, mas pelas características que faz com que compreendamos o que algo é. Por exemplo, podemos definir azul apontando para um objeto da cor azul.
Por que razão é isto importante? Porque quando queremos discutir um problema com rigor, temos de definir os conceitos que envolvem o problema. Um exemplo: se estamos a discutir o problema da existência de Deus temos de definir que Deus pressupomos a existência, pois podemos estar a falar de Deus de modos muito diferentes. Assim, seguindo o nosso exemplo, definimos Deus como uma entidade ominipotente, sumamente boa e ominipresente. E é este Deus que nos propomos a discutir a existência. Como sabemos há outras conceções de Deus diferentes desta. O primeiro passo para fazer filosofia é definir os conceitos que vamos usar nos argumentos. Sem definirmos rigorosamente os conceitos podemos baralhar completamente a discussão. Se queremos discutir argumentos sobre filosofia da arte, da ciência, religião, etc… temos sempre de definir cuidadosamente os conceitos. E agora um desafio: será que podemos ter uma definição explícita (por meio de condições necessárias e suficientes) de filosofia?

As definições envolvem mais subcategorias, mas para já interessa somente distinguir entre as explícitas e as implícitas e ter a noção clara do que estamos a discutir. Agora, se pretendes discutir, por exemplo, o que é uma ação moralmente correta, primeiro tens de saber definir o que é uma ação, distinguindo, por exemplo, do que não é uma ação (por vezes é confuso, acredita) e, depois, o que entendes por correto. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Uma primeira lição de filosofia

Este texto é excelente para iniciares o teu estudo na filosofia. Tens aqui um excerto do texto e se clicares neste link acedes ao texto completo: AQUI.


Provavelmente, estás habituado a definir as ciências como a história ou física em termos de objecto e método. Por exemplo:· A aritmética elementar estuda as principais propriedades da adição, da subtracção, etc. O seu método é a demonstração matemática.
· A biologia estuda as propriedades dos organismos vivos. O seu método é a observação e a elaboração de teorias que depois são testadas, por vezes em laboratórios.
· A economia estuda as relações económicas. O seu método é a análise de dados estatísticos e a tentativa de produzir modelos explicativos das relações económicas.
Também a filosofia tem um objecto e um método de estudo. A filosofia tem como objecto os conceitos mais básicos que usamos nas ciências, nas artes, nas religiões e no dia-a-dia. A filosofia estuda conceitos como os seguintes: o bem moral, a arte, o conhecimento, a verdade, a realidade, etc. O seu método é a troca de argumentos, a discussão de ideias. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Não existem ciências exatas e menos exatas

Acabei de ler num teste de um aluno que a filosofia é uma ciência não exata. Serve este post para esclarecer que esta ideia é incorreta.
Ocasionalmente lemos em alguns textos a distinção entre ciências exatas e ciências não exatas. Ora, isto está errado. Não existem umas ciências mais exatas e outras menos exatas. Seria muito menos errado se falássemos apenas em ciências e que todas são exatas. Mas isto também não é inteiramente correto já que a filosofia não é uma ciência e nem por isso podemos afirmar que não é exata. Portanto, a designação ciências exatas é desadequada. A ciência opera por elaboração de teorias após pesquisa que são sujeitas a testes da experiência. Se resistirem aos testes, então as teorias vão sendo corroboradas. Os testes são a prova dos nove das teorias científicas. São científicas as teorias que mais resistem aos testes empíricos. E é por esta razão também que a filosofia não é uma ciência, já que a natureza dos problemas filosóficos não permite este tipo de teste empírico.

Mas daí não se segue que a filosofia não seja exata, ou que seja menos exata que uma ciência. As melhores teorias para resolver um problema em filosofia são aquelas que resistem ao teste das objeções e contra argumentação. Enquanto resistem são boas teorias. Acontece que, ao contrário das ciências, na filosofia conseguimos para um mesmo problema ter duas teorias diferentes que resistem muito bem a objeções. Isto sucede porque os problemas da filosofia são muitas das vezes mais difíceis de obter resultados.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A razão dos argumentos

                                                                    (Foto de Rolando Almeida, at.Escola Jaime Moniz, Funchal)

Por que razão argumentamos? A resposta é que os argumentos são uma técnica para defender teorias. Raciocinar é uma condição necessária para argumentar, mas nem sempre um raciocínio é um argumento, pois podemos raciocinar sem querer convencer alguém de uma teoria. Quando usamos um argumento queremos dar razões para alguém aceitar a nossa tese.
A filosofia é um saber a priori. Significa isso que não recorre à experiência para testar teorias. As teorias testam-se com argumentos. E como na filosofia a experiência não constitui prova de fogo, então é natural que os filósofos disputem constantemente as conclusões das suas teorias.
Há quem pense que estar sempre em desacordo não é lá uma grande vantagem. Bem pelo contrário. Questionar permanentemente as teorias uns dos outros traz grandes benefícios aos seres humanos. Sem esta capacidade crítica (de permanente questionar), a evolução do pensamento seria muito mais difícil, ou pelo menos imaginamos que sim, pois não estamos de momento a ver como evoluiria o pensamento, a ciência e todo o conhecimento sem esta capacidade em permanente exercício.
Por outro lado, é claro que estar sempre a levantar problemas parece uma grande chatice, pois, tal como na vida, gostamos sempre mais de regressar ao nosso lugar de conforto, ao mais fácil e óbvio da vida. Neste aspeto estudar filosofia não nos dá paz. Não! Estudar filosofia não é violento. Não é nada disso que queria dizer. O que quis dizer é que estudar filosofia não é estudar teorias perfeitas e acabadas, mas antes colocar-nos numa situação de perplexidade (ficarmos sem resposta) perante os problemas. Mas é isto que torna esta disciplina tão fascinante, senão pensem: se estamos perante problemas sem solução, por que não tentarmos nós mesmo resolvê-los?
Duas conclusões:
1ª a filosofia não se estuda os outros (filósofos) para bilhardar* o que eles pensam, mas antes para discutir o que eles pensam.
2º Para conseguir o expresso na linha anterior, temos de dominar bem a argumentação.



*termo muito usado na ilha da Madeira e que significa Cuscar. 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Síntese das aulas do 10º ano - Setembro 2014


Caros alunos, neste primeiro momento da disciplina de filosofia, segue uma lista dos conteúdos principais que resumem a toolbox (caixa de ferramentas) que vamos usar ao longo do ano para fazer filosofia. Assim, para já, temos de saber:

- Distinguir coisas que aprendemos pelos sentidos de coisas que aprendemos pelo raciocínio apenas, como a matemática e filosofia.

- Caracterizar a filosofia como uma forma de saber que envolve atitude crítica, tomada de posição, sendo um saber a priori (que se desenvolve com recurso ao raciocínio argumentativo)

- Definição etimológica de filosofia como uma definição incompleta. Podemos gostar de saber sem ser filósofos.

- Dificuldade em definir explicitamente a filosofia.

- Definições implícitas de filosofia.

- Identificar problemas filosóficos distinguindo-os dos não filosóficos, principalmente dos problemas científicos.

- Compreender a inevitabilidade da filosofia como forma de compreensão do mundo .

- Compreender as seguintes noções:
·         Argumento
·         Proposição
·         premissas como as razões que oferecemos para defender uma tese
·         conclusão como a tese a ser defendida
·         refutação de argumentos
·         definições de conceitos (explícita e implícitas)
·         condições necessárias e suficientes (nas definições)

Para refutar argumentos temos de saber usar algumas formas de o fazer, sendo que as que aprendemos são:

·         negação de proposições simples e complexas (condicionais, Universais e particulares)
·         contra exemplos
·         contra argumentos

Dado que vamos apenas na 2ª semana de aulas, alguns destes conteúdos ainda estão a ser desenvolvidos, com explicações e exercícios. Atenção que parte destas matérias são conceitos técnicos, muito úteis para todo o percurso da disciplina e para o exame nacional de filosofia (não obrigatório, mas muito útil)

Enjoy.