Porque o tempo de um professor não é muito e prefiro elaborar a tradicional lista de discos do ano, a ser publicada aqui, fica aqui uma foto de alguns dos livros do ano. Uns são mais especiais que outros, como o Humanidade do Bregman que foi provavelmente o livro que mais me influenciou e transformou algo da minha visão dos outros e do mundo. Faltam ler uns dois, como o do Brennan que me chegou às mãos ao mesmo tempo que outros livros como o do Pinker que estou a terminar. E ainda faltam os livros que compro em formato digital. De todos destacaria o do A C Grayling que estou também a ler neste momento. Mas fica aqui a foto para lembrar alguns dos livros que fui lendo ao longo deste ano, mas sobretudo para lembrar que ler e pensar são atividades que nos faz bem e que não devemos abandonar. Boas festas a todos.
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
Os livros do ano
Porque o tempo de um professor não é muito e prefiro elaborar a tradicional lista de discos do ano, a ser publicada aqui, fica aqui uma foto de alguns dos livros do ano. Uns são mais especiais que outros, como o Humanidade do Bregman que foi provavelmente o livro que mais me influenciou e transformou algo da minha visão dos outros e do mundo. Faltam ler uns dois, como o do Brennan que me chegou às mãos ao mesmo tempo que outros livros como o do Pinker que estou a terminar. E ainda faltam os livros que compro em formato digital. De todos destacaria o do A C Grayling que estou também a ler neste momento. Mas fica aqui a foto para lembrar alguns dos livros que fui lendo ao longo deste ano, mas sobretudo para lembrar que ler e pensar são atividades que nos faz bem e que não devemos abandonar. Boas festas a todos.
terça-feira, 2 de novembro de 2021
A escola inclusiva inclui ou exclui?
A escolaridade foi alargada até aos 18 anos (por lei) e para tentar que os alunos consigam estudar até ao 12º ano. Uma maneira de fazer com que isto aconteça é reduzir os conteúdos ou minimizá-los por vezes ao absolutamente superficial e banal. Outra é a escola inclusiva que consiste basicamente em arranjar maneiras de fazer com que o aluno transite de ano. Ora tudo isto não se ajusta muito bem a um modelo de aprendizagem em que o aluno tem de estudar para fazer bons testes nos quais escreve bem e mostra que realmente conhece os conteúdos e até, os que vão mais longe, já conseguem pensar sobre as matérias que aprendem. E honestamente não estou a ver como se pensa nas matérias sem mergulhar nelas, não estou a ver como se pensa o problema do conhecimento sem pelo menos mergulhar um pouco nas teorias de Hume ou Descartes, por exemplo. Discordo dos argumentos de muitos colegas que acham que tal é possível. Esses colegas tiveram a oportunidade de mergulhar nessas teorias e honestamente não compreendo como acham que os seus alunos são capazes de realizar aprendizagens sem fazer esse mesmo mergulho. Pressupor que existe uma escola agora que é inclusiva é ao mesmo tempo presumir que até aqui ela foi exclusiva. E eu não sei o que é mais exclusivo, se uma escola que chumba os alunos quando eles não são capazes de dominar conteúdos ou se passa por cima dos conteúdos para fazer alunos passar de ano. Dizem-me também os mais entusiastas que a escola inclusiva consiste em avaliar de maneira diferente, de acordo com as necessidades de cada aluno, uma espécie de fato por medida. A questão que aqui se coloca é se o aluno que aprende Descartes fazendo um exercício diferente de um teste escrito, depois pode falhar redondamente no teste alegando que não se ajusta ao seu modelo de aprendizagem?
Também não me parece que o modelo de avaliação demasiado centrado no teste sumativo seja o mais adequado e até concebo um sistema de ensino sem qualquer teste. A questão aqui é a de como formar se transforma em avaliar? O que é que vamos fazer? Afinal de contas o aluno que consegue um 15 a filosofia de média final de secundário tem ou não a obrigação de ter êxito no exame? Obviamente não possuo aqui quantificações para poder responder com dados a estas questões. Nem sei se tais dados existem. Mas posso pelo menos manter a suspeita como forma de alerta de que os alunos que apesar de não estarem num modelo de testes vão a exame final e conseguem boas classificações, se estudassem numa escola com o modelo dos testes seriam na mesma bons alunos. Significa isto que se a minha hipótese for aproximada à verdade, então e uma vez mais a escola inclusiva falha o alvo e não passa de propaganda política.
A minha profissão é um quebra-cabeças e educar é um verdadeiro quebra-cabeças. Mas a experiência vai-me dizendo que cada vez mais, mais alunos apenas frequentam a escola. De facto, chumbar a falta de esforço e empenho ou o simples “não conseguir” pode não ser a melhor solução. Mas ainda tenho dificuldade em compreender como a melhor resposta tenha de ser a de “passar com falta de esforço e empenho ou o simples não conseguir”.
Os otimistas da escola inclusiva parecem estar a levar a melhor. Só não percebo ainda como é que convivem pacificamente com uma avaliação que vai de 0 a 20 e de 0 a 9 o aluno não transita de ano. Não faria sentido que o seu otimismo ao mesmo tempo constituísse o fim da escala até 9?
domingo, 26 de setembro de 2021
Entrada na Universidade no curso de Filosofia
Este é o panorama de entrada no curso de filosofia no ano de 2021. Felicidades a todos os que escolheram esta aventura do filosofar como gente grande.
Fonte: Jornal Público de 26/09/2021
quinta-feira, 27 de maio de 2021
Manuais didaticamente fortes
Agora que andamos (professores) a analisar manuais, deixo aqui uma pequena reflexão. Afinal quando é que um manual é didaticamente mais forte que outro? Isto não se mede a régua e esquadro. Se os manuais devem resultar num equilibro entre o que se ensina e quem vai por eles aprender, então temos de ter uma noção de quando um manual é didaticamente forte e didaticamente fraco, ainda que existam casos fronteira, exatamente porque os contextos de aprendizagem são bastante diversos. Por isso o manual X que se adapta bem ao colégio XPTO pode ser desadequado para os miúdos do bairro na minha paróquia. Mas vamos lá ao exemplo. Referem as aprendizagens essenciais de filosofia que a lógica é uma ferramenta que deve ser explorada ao longo de todo o programa. E é uma boa referência, caso contrário não faz sentido ensinar lógica. Acontece que já me deparei com um manual que disseca os argumentos ao tutano e por isso acaba por ser didaticamente fraco ao fazê-lo, pois está a exigir uma leitura pouco razoável da filosofia, dos textos e fá-lo do pior modo que é o de pressupor que toda a análise filosófica se faz esquematizando argumentos em várias premissas e conclusão. Empobrece a análise que se pede e transmite uma ideia errada da filosofia, oferecendo pouca liberdade de análise aos aprendizes. Outros manuais ignoram completamente a lógica e aí continua a cometer-se o mesmo erro de sempre. Mas há pelo meio manuais equilibrados que conseguem mostrar que, por exemplo, na defesa de uma teoria podemos esquematizar o argumento como um modus ponens e assim cumprir um dos requisitos da boa argumentação, que é a de apresentar sempre que possível, argumentos dedutivos válidos. E isto para um nível de 10º ano, faz-se com duas premissas e uma conclusão. E basta arrancar para a teoria a partir daí. Mas deve-se evitar estas duas coisas: 1ª espancar os textos em argumentos de várias premissas e conclusão pois o que se consegue é perder-se na análise dado que a lógica que se ensina não permite avaliar os argumentos dessa maneira; 2º ignorar por completo aquilo que se aprendeu em lógica. Como de resto é notícia eu não fiz qualquer manual desta leva. Se o fizesse a minha proposta iria não no sentido de escancarar todos os argumentos em premissas e conclusão, mas antes propor exercícios aos alunos para esse mesmo fim, exercícios que sejam adequados à lógica que se ensina que é ainda muito elementar, tal como deverá ser num nível que ainda é muito introdutório e para o qual na esmagadora maioria das escolas os alunos têm apenas 3 aulas de 50 minutos cada por semana. Portanto, muito azeite no candeeiro e o pavio não arde. Mas também não arde sem azeite.
quarta-feira, 19 de maio de 2021
Guia para adoção de manuais de filosofia
Desta vez resolvi gravar um vídeo com um pequeno guia que pode servir de auxiliar para adoção de manuais de filosofia. Espero que seja útil e porque é particular tem as suas falhas e omissões da minha responsabilidade.
quinta-feira, 1 de abril de 2021
Ação de formação para professores de filosofia
Tenho agendada para Julho uma formação de professores na qual vou partilhar algumas práticas de ensino da filosofia com as Aprendizagens Essenciais. Muitas vezes a lógica é ensinada como um departamento à parte de tudo o resto. Mas as AE indicam que ela deve ser exercitada ao longo do programa como a ferramenta de decomposição e composição de argumentos e como técnica da discussão filosófica. Atendendo a essa dificuldade e à necessidade de partilha destas práticas, propus esta formação que pretende percorrer todas as unidades do 10º e 11º anos com exemplos práticos de como pode funcionar a lógica enquanto ferramenta e de modo a possibilitar uma leitura integrada e coerente das AE. Para inscrições contactar o Sindicato de Professores da Madeira, a entidade que promove a formação. Esta formação será ministrada em regime online com 15 horas de formação (10h síncronas e 5h assíncronas). Contactar AQUI:
terça-feira, 26 de janeiro de 2021
Dia Mundial da Educação
O meu contributo para o projeto da minha escola, Escola Jaime Moniz, Escola UNESCO. Com um agradecimento pelo convite aos professores responsáveis, nomeadamente à Professora Ana Kauppila