sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Afinal não há introduções sérias de coisa alguma!!!

41ApRsK0JyL._SS500_ Este ano lecciono psicologia ao 12º ano. Fui surpreendido por uma pergunta de uma aluna, habituada que foi a tal tarefa o ano passado quando foi minha aluna em filosofia: “Professor, recomende uma introdução geral à psicologia para lermos?”. De imediato me lembrei da minha pequena biblioteca constituída no meu segundo ano de professor, quando leccionei pela primeira vez esta disciplina. Entre os manuais que comprei na altura, a maioria são demasiado técnicos para seduzir um jovem para a disciplina. Lembrei-me do “Psicologia” de Jorge Correia Jesuíno, que está a meio caminho entre o livro técnico e o livro de divulgação, publicado na altura numa colecção da Difusão Cultural, que também inclui um volume dedicado à filosofia da autoria de Manuel Maria Carrilho. Mas temi que esse livro estivesse já desactualizado já que passaram uns bons anos desde a sua publicação. O mais impressionante é que os escaparates das livrarias estão cheios de livros de pseudo psicologia, os chamados livros de auto ajuda, mas com total ausência de introduções à psicologia que sejam sérias e dignifiquem a disciplina, para além de a divulgar ao público em geral. Isto faz-me crer que a generalidade das pessoas não têm só uma concepção infeliz da filosofia, como também a têm da psicologia e, provavelmente, da ciência em geral. E muitos dos problemas bibliográficos que pensamos ser exclusivos da filosofia, a verdade é que não o são e áreas há em que a fome e miséria é ainda mais aguda. Pelo menos os livros de pseudo filosofia ainda não abundam nos escaparates de filosofia (pese embora para lá vão parar alguns de religião e espiritismo ou patetismo místico). Com efeito, uma busca no Amazon americano e inglês deu-me logo a entender que boas introduções à psicologia abundam no mercado. Nem quero imaginar as outras áreas.

8 comentários:

Carlos Pires disse...

Rolando:

Se bem me lembro do que li há anos esta obra é uma espécie de equivalente psicológico dos Elementos Básicos de Filosofia:

Psicologia
6ª Edição
de Henry Gleitman
Edição/reimpressão: 2003
Páginas: 1350
Editor: Gulbenkian
ISBN: 9789723110593

http://www.wook.pt/ficha/psicologia/a/id/76117

Não estou certo que esta última edição seja a última.

cumprimentos

Carlos Pires disse...

Onde escrevi "Não estou certo que esta última edição seja a última" queria ter escrito:
não estou certo que esta 6ª edição seja a última edição.

António Daniel disse...

Confirmo, Carlos Pires. É o melhor livro. fornece-nos um ponto de vista sério da Psicologia e acompanha as explicações com a exemplificação de muitas experiências científicas. Como não existe manual, é por ele que lecciono Psicologia A do 12º ano. Utilizo as imagens e as descrições científicas. Apesar de ser muito volumoso, o que pode assustar as almas menos nutridas, é muito agradável e é sério.

Rolando Almeida disse...

Carlos e Daniel,
O do Gleitman?? Mas esse é um calhamaço com umas 600 ou mais páginas e é um manual algo técnico. Eu tenho esse, mas não me parece que seja recomendável para os alunos. Não estavam a pensar nisso pois não?

Rolando Almeida disse...

Confirmei: são mais de 1000 páginas. Tenho-o ali. É completamente desadequado para um aluno do 12º ano.

Carlos Pires disse...

Rolando:

Há dias uma rapariga que foi minha aluna no 10º e 11º em Filosofia, e que tinha escolhido Psicologia no 12º, perguntou-me se teria feito bem, se a Sociologia não seria uma opção melhor (tendo em conta que quer ir estudar Direito). Sugeri-lhe que lesse algumas páginas do livro do Gleitman e outras da "Sociologia" do A. Giddens (também da Gulbenkian) para poder formar uma opinião fundamentada.
Ela passou algumas horas na Biblioteca a fazer essas leituras (com agrado, segundo me confessou) e depois fez a sua escolha.

De facto o livro do Gleitman é mais detalhado que os "Elementos Básicos de Filosofia" e tem muitas fotografias e gráficos e por isso é muito mais volumoso. Mesmo assim é um livro introdutório - cada capítulo sintetiza imensas investigações e teorias psicológicas.

Quando há anos dei Psicologia no 12º e no Ensino Recorrente fotocopiei imensas páginas do Gleitman e posso garantir-te que os alunos as preferiam aos medíocres manuais e aos estúpidos (não há outro palavra) Guias de Aprendizagem do Recorrente.

Todavia, não conheço bem o programa de Psicologia B nem os actuais manuais, pelo que não posso assegurar que o livro do Gleitaman seja útil aos alunos. (Embora já tenha visto na Biblioteca da minha escola alunos a lê-lo.)

Rolando Almeida disse...

Carlos,
Não me parece que o elementos básicos seja comparável ao Gleitman. O elementos básicos é um livro destinado ao público em geral e o Gleitman ou o Giddens são manuais académicos. O público que não vai provavelmente estudar nem psicologia, nem sociologia não compra livros de mais de mil páginas para ler. O Gleitman parece-me um bom livro para pesquisa e realização de trabalhos, mesmo ao nível do secundário, mas não é um livro que se leia de fio a pavio para ficar com uma ideia geral, mas rigorosa do que seja a psicologia. Já o elementos ou o que quer dizer tudo isto do Nagel, entre alguns outros cumprem esse efeito. Claro que os estudantes do secundário podem e devem consultar os manuais do Gleitman ou do Giddens, mas não os vão ler da mesma maneira que são capazes de ler o elementos. Mas também é verdade que qualquer um dos dois, Gleitman ou Giddens são mais ou mennos a mesma coisa que o elementos, só que com muitas mais matérias. Temos também de ter em atenção do impacto didáctico que pode ter recomendar a leitura de um livro de mais de mil páginas. Eu recomendo a leitura do elementos como leitura paralela e informativa, para além de estimulante. O Gleitman só o recomendo com o objectivo de pesquisa para trabalhos específicos. Estarei a exagerar?
abraço

António Daniel disse...

Caro Rolando, só um pequeno apontamento ao que tu disseste: «Pelo menos os livros de pseudo filosofia ainda não abundam nos escaparates de filosofia (pese embora para lá vão parar alguns de religião e espiritismo ou patetismo místico)». Realmente fico possuído pelo diabo quando me deparo com esses temas nas prateleiras das livrarias. Sempre que estou de mau humor, intervenho junto do funcionário. Porém, a resposta é sempre um olhar incomodado. A Fnac ainda consegue ter algum critério, embora sempre que procure algum livro de estética tenho de me deslocar a arquitectura.
Cumprimentos.