O verão é propício a inventar situações, já que uma grande parte das pessoas não está laboralmente ocupada, o que é o meu caso. O que inventei hoje? Estava a ouvir os Clash e resolvi encomendar uma t-shirt on-line do London Calling. Minutos mais tarde dei comigo a pensar qual a razão que faz com que muita gente ache a música dos Clash insuportável, quando eu a acho muito boa artisticamente? Claro que esta questão não é para mim ingénua de todo, já que a faço desde que me lembro de gostar de música com interesse enciclopédico. Bem, mas para ajudar um pouco mais a limar as respostas a este problema, visitei a minha biblioteca de filosofia da arte. É certo que alguma preguiça a menos me levaria a ler um dos livros que está à espera aqui mesmo ao lado no lote de livros para ler, o mais recente de Roger Scruton, Beleza, Guerra & Paz, 2009. Mas preferi revisitar aquele que é para mim a melhor introdução à filosofia da arte que conheço. Trata-se do livro de Nigel Warburton, O que é a arte?, Bizâncio. Após a leitura de algumas páginas, esboçam-se algumas respostas que levantam novos problemas. É a arte definível ou não? Se não é, qual a razão de teorizar sobre a arte? E será possível existir arte sem capacidade racional de argumentar sobre qual o seu lugar, definição, etc? Por muitas voltas que demos, por muita fruição artística que sintamos, é de todo impossível não argumentar sobre estes problemas. E a forma como os encaramos, racionalmente, é também a maneira como passamos a olhar para os produtos da arte. É por essa razão que existe uma parte da filosofia a pensar sobre a arte, precisamente, para sabermos mais e melhor sobre estes problemas. O livro de Warburton é talvez o melhor e mais adequado pontapé de saída para pensar problemas com esta natureza.
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