A escolha de manuais assenta, muitas vezes, em critérios
absolutamente bizarros, o que revela que é feita à pressa, sem qualquer cuidado
e sem grande zelo profissional. Muitas vezes invocam-se questões de estilo. O
problema é que um mau manual ultrapassa muitas das vezes a questão do estilo. Nem
se trata do estilo com que é escrito ou dos percursos que escolhe seguir.
Trata-se de ignorância grosseira, do baralhar e voltar a dar, de incompetências
científicas evidentes e não subtis. Sei por contacto directo a dificuldade e
exigência que é fazer um bom manual. Mas é incompetente colocar todos no mesmo
patamar. Há manuais visivelmente incompetentes. E que ainda assim circulam no
mercado com relativo à vontade. Quem sofre com essa circunstância é a própria
filosofia que vê assim a sua dignidade no ensino relegada para um lugar
secundário. E uma das vias mais certas para revitalizar o ensino da filosofia,
é torna-lo produtivo, fazer com que cada vez mais alunos vejam a filosofia como
uma disciplina entre as mais importantes que estudam e não como uma conversa
oca, sem qualquer sentido. O que pode oferecer consistência à disciplina é o
seu rigor científico. Com conversa da tanga não vamos lá. É por essa razão que
é tão útil e importante ler algumas coisas que se vão publicando. E dai a minha
sugestão para este texto de Desidério Murcho,
publicado no blog do 50 Lições de
Filosofia.
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