consistência/inconsistência
Duas ou mais proposições são
consistentes se, e só se, podem ser simultaneamente verdadeiras; e são
inconsistentes se, e só se, não podem ser simultaneamente verdadeiras. Por
exemplo, as afirmações "Deus existe" e "Sócrates era um filósofo"
são consistentes; e as afirmações "Deus existe" e "Deus não
existe" são inconsistentes. Nem sempre é fácil saber quando duas
proposições são consistentes ou inconsistentes. A mais leve complexidade lógica
pode provocar enganos. Por exemplo, há razões para pensar que as afirmações
"Todos os lobisomens são peludos" e "Nenhum lobisomem é
peludo" não são inconsistentes; mas, intuitivamente, estas afirmações
parecem inconsistentes. Note-se que aLÓGICA
ARISTOTÉLICA não se aplica a proposições que contenham classes
vazias, como "lobisomens"; se excluirmos as classes vazias, quaisquer
duas proposições com a forma "Todo o A é B" e "Nenhum A é
B" serão efectivamente inconsistentes (ver QUADRADO DE OPOSIÇÃO).
Outras vezes, é muito difícil saber se
duas proposições são consistentes ou não. Por exemplo, em filosofia discute-se
o chamado PROBLEMA DO MAL,
que consiste em saber se as duas afirmações seguintes são consistentes:
"Deus existe e é omnipotente, omnisciente e sumamente bom" e "Há
mal no mundo".
Não se deve confundir inconsistência com CONTRADIÇÃO; todas as contradições são
inconsistências, mas nem todas as inconsistências são contradições. Por
exemplo, uma vez que há seres humanos, as afirmações "Todos os seres
humanos são mortais" e "Nenhum ser humano é mortal" são
inconsistentes, mas não são contraditórias entre si. Não se deve igualmente
dizer que uma teoria ou proposição "é consistente com o mundo"; as
teorias ou proposições só podem ser consistentes entre si e não com o mundo.
Relativamente ao mundo, as teorias e proposições são verdadeiras ou falsas,
consoante descrevem fielmente ou não o modo como as coisas são. DM
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