Nesta semana entreguei e fizemos a correção do primeiro teste
de filosofia. Alguns alunos deslizaram e não conseguiram classificações
positivas. O objetivo é que todos alcancem resultados positivos. Assim,
funciona como uma ida ao médico. Quando estamos doentes vamos ao médico. Perante
os sintomas o médico diagnostica a doença e aposta numa receita. A aposta da
receita é o resultado do conhecimento do médico. E a receita nem sempre
resulta. Mas nenhum médico deixa o paciente sem receita. Analogamente o
professor tem de passar uma receita para alcançar o êxito. Há múltiplos fatores
que concorrem para o resultado num teste, incluindo o fator sorte. Mas mesmo na
invariabilidade toda, há alguns pontos que são seguros. Assim, estar atento nas
aulas e participar ativamente nas mesmas, bem como ler e estudar são pontos
mais seguros do que confiar na sorte cega. Certamente nenhum aluno consegue
alcançar classificações altas confiando apenas na sorte.
Nas aulas tracei três pontos que devem ser seguidos por todos
alunos para alcançar o êxito. Os dois primeiros são fáceis de conseguir e o
último é o mais complicado. Os primeiros são:
1)
Atenção
nas aulas
2)
Dedicar
pelo menos uma hora de estudo por semana à disciplina
O último é o tal mais complicado:
3)
Mudar
a nossa atitude perante o mundo e a própria vida
O ponto 3) é o mais difícil porque o mais certo é que vai
chocar com as nossas crenças mais básicas que adquirimos ao longo da nossa
vida. O exemplo que dei nas aulas é o que a seguir sintetizo.
Vamos supor que a Joana está no café a beber uma chávena de
chá. De repente e sem intenção esbarra com um movimento do braço na chávena e
ela cai da mesa e parte. O problema da Joana passa a ser a chávena partida e a
chatice de ter de pagar outro chá. Se a Joana mudar o foco da suas crenças pode
fazer uma questão mais elaborada: mas por
que raio a chávena caiu para o chão? Afinal, porque caem os objetos sempre na
direção do chão? Se a Joana quiser a resposta a este problema pode começar
a estudar um pouco mais de física, conhecer Newton e saber como funciona a
gravidade. E o mesmo acontece com a filosofia. O luís deu um pontapé ao João. O
Francisco acha que o Luís fez justiça e a Maria acha que não. E discutem entre
si as razões que cada um apresenta para conceber se o Luís foi justo ou não.
Mas se quer o Francisco, quer a Maria forem curiosos, vão querer saber o que é
que fundamenta as suas razões, isto é, vão querer saber o que é a justiça. E para saber isso vão estudar filosofia. É por
isso que o terceiro ponto é o mais complicado, pois exige uma mudança do nosso
comportamento no modo como olhamos para o mundo e confiamos nas nossas crenças.
Todos nós possuímos crenças em relação aos problemas básicos,
mas nem todos temos curiosidade para ir mais além. Quando vamos mais além,
somos movidos pela chave do sucesso, a saber, a paixão que nos move em direção
ao conhecimento e à filosofia.
Uma boa estratégia para passar a investigar as questões
básicas filosofando é recordarmos as perguntas que fazíamos quando fomos
crianças. O exemplo que vos dei foi a pergunta do João Francisco, o meu filho,
de 5 anos, quando ainda ontem me perguntou: “pai, por que é que as plantas precisam de água?”. Esta é uma
questão científica, mas não tarda nada e o João vai fazer questões filosóficas.
Todas as pessoas fazem. Mas nem todas são levadas pelo impulso da curiosidade. Saber
o que aconteceu à curiosidade, o que a matou, é já um outro problema.
Sem comentários:
Enviar um comentário