quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Usar ou não o manual adoptado?

Um dos problemas com que me deparo no ensino da filosofia acontece quando chego a uma escola e tenho de ensinar a filosofia com um mau manual de filosofia adoptado. Normalmente os colegas de filosofia insurgem-se contra a posição de que não posso usar o manual nas aulas. Se os alunos compraram o manual, temos a obrigação moral e profissional de ensinar com esse manual. Logo aqui surge um problema para resolver: e se o manual tiver erros científicos? Infelizmente tal não é assim tão anormal quanto se possa pensar. E muitas das vezes nem são os erros o mais frequente, mas a ausência de conteúdo filosófico propriamente dito. Por exemplo (entre tantos outros) se no 10º ano quiser optar pela leccionação da filosofia da religião, 90% dos manuais em vigor não abordam conteúdos filosóficos da filosofia da religião, mas antes sociologia da religião ou até antropologia da religião ou, o que também acontece muitas vezes, conversa da treta da religião.
Mas agora os professores que defendem a obrigação moral e profissional de ter de ensinar com o manual adoptado deparam-se com outro obstáculo ainda mais visível. O documento que dá indicações para o exame intermédio de filosofia poara o 10º ano refere:

3.1.3. A necessidade de fundamentação da moral – análise comparativa de duas
perspectivas filosóficas.Da secção 3.1.3., seleccionam-se como autores de referência Kant e Stuart Mill.” 
Acontece que há alguns manuais que não abordam estes dois filósofos. Como resolver, então, este problema da obrigação moral e profissional? Respeitamos o manual ou respeitamos as indicações de exame intermédio que será, em princípio, a preparação, para um futuro exame nacional? 

Para compreender os erros em manuais de filosofia, pode-se ver o meu trabalho de análise aos manuais nos seguintes links:

2 comentários:

António Daniel disse...

O Rolando andava desaparecido.
Pois, em virtude da pouca utilização que faço dos manuais, esta questão é-me colocada também pelos alunos e também pelos pais, o que é legítimo. Possivelmente faço mal, mas continuo a pensar que o manual serve para, por que não dizê-lo, um estudo autónomo dos alunos e, sempre que necessário, com o devido acompanhamento do professor. O problema é que não consigo funcionar de forma diferente. Creio até que o manual limita em muito a nossa acção. O professor também deve, sempre que possível, criar os seus próprios instrumentos de ensino. Além disso, o argumento moral da utilização do manual não serve porque é um livro que deverá constituir uma auxiliar para a aprendizagem individual dos alunos. Não sei se acontece o mesmo com o Rolando, mas, sinceramente, não seu utilizar o manual nas aulas a não ser para explorar algum texto que considere pertinente.
Rolando, cumprimentos.

Rolando Almeida disse...

é verdade Daniel, ando menos activo com o blog. Pois,o que dizes é verdade, mas quando pensamos em "usar o manual" também pensamos no livro que os estudantes se apoiam fora das aulas para compreender os problemas. Já tive de pedir aos alunos para colocarem de lado um manual, de tão mau que era.
Eu também praticamente não uso manuais nas aulas.
abraço