quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mais perguntas indiscretas


Se a filosofia é a disciplina base do desenvolvimento do pensamento argumentativo, por que razão esperar pela universidade para desenvolver esta capacidade? Pergunte-se a uma criança coisas como: Pode um robot sentir dor? Ou, é errado fazer experiências com animais? Ou ainda: se trocar o motor do meu carro ele continua a ser o mesmo carro? Certamente vão ficar surpreendidos com as respostas e rapidamente perceber que não é preciso ser muito crescido para pensar pela própria cabeça. Não estarão os nossos académicos da filosofia bastante míopes em relação a este aspecto?

6 comentários:

cristina simões disse...

Desculpe lá entrar assim pelo seu blogue, mas é o meio para responder a essa sua pergunta indiscreta. A situação da filosofia fez-me lembrar um artigo de Carlos Reis “A crise das humanidades”. Escolho uma razão: “a deriva social e cultural terceiro-mundista” deste país. Não?

Rolando Almeida disse...

Não me parece que o país tenha características terceiro mundistas. Mas também não me parece que exista uma qualquer crise das humanidades. Basta ver o que se passa com a filosofia que é uma disciplina cheia de sucessos nas maiores universidades do mundo. Claro que aqui demorará algumas décadas até que se perceba a importância da disciplina. Mas tal não tem a ver com o país, nem com falta de investimento, mas com a cabeça das pessoas.

cristina simões disse...

Obrigada por me dar resposta. Sabe que não “sou da área da Filosofia” e nem sempre encontramos abertura nestes círculos (académicos….) para pessoas como eu – só interessadas. Sentimos uns certos constrangimentos. Não vou abusar, mas ainda gostava de saber a sua opinião.Centra a sua pergunta nos académicos. Acha que deviam ter outra atitude?
Michel Onfray (filósofo) em Teoria do Corpo Amoroso diz: “Ela (a filosofia) teria tudo a ganhar em tornar-se claramente a disciplina das soluções, das respostas e das propostas”.É disto que fala?

Rolando Almeida disse...

Cara Ana,
A atitude que falo refere-se, de facto, aos académicos. Não é um problema exclusivo da filosofia. Há exemplos muitos bons, por exemplo, na ciência, com Carl Sagan.A minha ideia não é a de que qualquer pessoa possa ser filósofo, mas que qualquer pessoa tenha acesso à filosofia de um modo rigoroso, mas sem a linguagem técnica das academias.

cristina simões disse...

Compreendo e concordo. Temos de ser acessíveis e rigorosos. É uma forma de evoluirmos. Todos nós.

JoanaRSSousa disse...

Venha de lá a Filosofia para Crianças, desde cedo!