Temos de admitir que nós, professores, nos desleixamos, com alguma ingenuidade, quando reagimos apenas pontualmente às mudanças que se anunciaram ao longo da década de 80 e se prolongaram, com maior insistência, nos anos posteriores, não perseverando nessa reacção crítica. No fundo não acreditávamos ser possível que o Absurdo se pudesse introduzir e impor, sob a capa de democracia e de progresso, em programas, manuais, encontros, debates e acções de formação, negando-nos a liberdade e a capacidade de intervir e alcunhando-nos publicamente de «resistentes à mudança», como se mudança fosse em si um valor positivo, e não se pudesse mudar para pior, o que de facto veio a verificar-se.
Mais informações sobre este livro AQUI.
7 comentários:
Sou professora há 23 anos e choco-me com o chorrilho de asneiras que este dito ensaio contém. Choco-me ainda mais com o destaque que lhe é dado. Saem mensalmente várias obras importantes sobre o ensino, mas só tem destaque esta. E porquê? Porque tem escandalozinho! E é isso que alimenta a imprensa. Leia-se o livro - eu já o fiz e vemos como esta senhora é mestra da opinião não fundamentada, da má argumentação e - mais grave - de apresentar inverdades. O capítulo em que fala de avaliação contém mentiras. As suas considerações sobre os programas misturam programas com manuais e revelam que a senhora nunca leu os programas. Como pode alguém que nunca leu programas comentá-los? Relembro que esta senhora é responsável por duas das mentiras mais mediáticas sobre o ensino: - a de que o regulamento do Big Brother era parte do programa - MENTIRA. - a de que o programa do Secundário não continha os Lusíadas - MENTIRA. Que crédito merece esta senhora?
Ainda não acabei de ler o livro, mas do que li até então não me parece que tenha encontrado mentiras. Aliás, há muito disto em disciplinas que não o Português. E o livro aborda pontos chave que têm descredibilizado o sistema de ensino português. Não percebo por que razão diz que a autora só pretende escândalo! A autora apresenta uma visão sobre o ensino que pode não ser pacífica, nem consensual, como nenhuma outra o é.
Não posso comprovar, não sou professor de português, mas recordo muito bem de um manual de português que explorava conteúdos partindo das regras do concurso Big Brother. Ora isto é mais ou menos o que acontece em todas as disciplinas: em vez dos conteúdos centrais e básicos de cada disciplina, aparecem coisas inócuas, sem qualquer interesse.
«A «nova concepção de escola» que a reforma, implementada em 2003-2004, impôs, sem que houvesse um debate sério, e após anos de cauteloso e persistente trabalho, realizado pelos seus dinamizadores e apoiantes, é a representação meticulosa do espectáculo do Absurdo, sobre o fundo de cantos sedutores que atraem para a Ignorância, para a Inércia e para a Preguiça de pensar, no desprezo pela educação da sensibilidade. Na base de teorias pedagógicas polémicas, já avaliadas e ultrapassadas, mas aceites acriticamente, se foi alicerçando o vício da facilidade, da ausência de reflexão e de criatividade, bem como a crença no êxito imediato e sem esforço, em tudo contrário à experiência da própria vida, do saber e da arte.» (Maria do Carmo Vieira)
Alguém sério e conhecedor da realidade é capaz de dizer que isto é mentira?
Cara Paula,
Li o ensaio em causa e o texto é directo, sem papas na língua. Muitas das coisa que ali se diz parecem-me corresponder à verdade. Em todo o caso esta é a minha opinião. A professora do 1º comentário tudo o que tem a fazer é contactar a autora e mostrar os erros, que podem ser sempre corrigidos numa segunda edição.
Bom trabalho e obrigado
Quem defende aquilo que está mal, classifica-se a si próprio. E, quando se trata de um tema desta importância, percebe-se o que estará por detrás.
A professora do primeiro comentário tem é de aprender a não fazer comentários anónimos. Sobretudo, estando a exercer o seu direito de crítica a um trabalho de autoria bem clara e definida. Depois conversamos...
A professora do 1º comentário só pode ser defensora da actual e vigente cultura de tachos , panelas e capital. Defende-a porque é beneficiária do dito cujo. nem poderia ser de outro modo!
A autora deste livro e, como tão correctamente afirma na grande entrevista dada há pouco na RTP2, dá voz à verdadeira Cultura e ao Saber. Não imaginam a minha alegria que foi ouvi-la por saber que ainda existem pessoas como ela, que tal como eu, já têm cabelos brancos e parece estarem em vias de extinção. Quando me indignei diante dos farsantes que ocupam o poder pelo poder e me manifestei perante o assassinato lento, disfarçado e crescente da Cultura e do Saber filtrado e experimentado e apurado de milhares de anos da sociedade ocidental; só ouvi ouvidos mudos e cérebros apáticos e afónicos em resposta.
PARABÉNS Maria do Carmo Vieira, permita-me que lhe diga directamente: é sem dúvida uma pessoa inteira, digna e das poucas que ainda usam o pensamento neste país de loucos com panelas na cabeça.
Um grande abraço de uma professora enojada com o que se passa neste portugal cada vez mais pequeno e já desfeito
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