Um aspecto muito comum para muitas pessoas consiste em pensar que um crença verdadeira é conhecimento. Acontece com imensa frequência em conversas esse aspecto. Mas será a crença verdadeira conhecimento? Esta foi uma questão sobre o conhecimento muito debatida – e ainda é – entre os filósofos. Vamos supor um exemplo simples. Estamos numa corrida de cavalos e eu aposto no cavalo x alegando que sei que vai ganhar. Acontece que o cavalo x é mesmo o vencedor da corrida. A minha crença é verdadeira. Mas será a minha crença conhecimento? Compreender a diferença entre crença verdadeira e conhecimento permite-nos, pelo menos, distinguir as conversas infundadas das fundadas.
6 comentários:
Um bem haja
A crença é filha da ignorância.
Tudo é regido por uma lei, tudo é uma lei que liga causas e efeitos.
A crença é uma hipótese, uma opinião e toda a opinião situa-se entre a ignorância e o conhecimento.
Toda a verdade é o corpo de uma lei e o conhecimento é a tomada de consciência da verdade pelo ser. Assim, quem conhece não mais opina, não mais crê, agora afirma conscientemente. Somente agora possui o discernimento que o permite separar o certo do errado, a vitória e a derrota mesmo antes do instante da partida.
O crente mesmo que veja validada a sua crença permanece ignorante pois desconhece a lei.
Abraços Fraternos :.
Azoth,
Siga este exemplo: o Azoth viu o meu carro vermelho a passar na estrada. Tem a crença de que viu o meu carro vermelho. Confirmou a matrícula e confirmou comigo que o carro passou àquela hora naquele local. Logo, o Azoth tem uma crença (a de que viu o meu carro vermelho), essa crença é verdadeira e justificou-a. Ainda assim acha que existe alguma lei suprema que diga que o Azoth não tem conhecimento real? Se pensa assim, como é que alguém chega sequer a saber que existe uma lei suprema que tudo explica, mas que nunca podemos conhecer? Isso não é conhecimento, de certeza.
Uma nota: este é um blog de filosofia e a filosofia pouco tem a ver com religião. Crença em filosofia não tem qualquer conotação com crenças em deuses.
Ah, e é precisamente por isso que algo como a astrologia não é conhecimento de nada. Mas para compreender por quê tem de conhecer o que significam os conceitos e informar-se acerca de como funciona a epistemologia.
Caríssimo.
Limitemo-nos então à visão positivista, aristotélica do mundo. Eis que na nossa bolha teço uma hipótese, neste caso creio nela como sendo verdadeira admitindo que os meus sentidos não me enganam, por um método mais ou menos científico procuro justificá-la, testo-a indo ter consigo, e caso me esteja a dizer a verdade, lá está, a verdade, então concluo vi um carro vermelho, Uau, eureka. Mas agora eu já não creio, eu tenho a certeza, a minha crença ficou no passado, no preciso momento eu afirmo e com isto, digo que o conhecimento se funda em certezas e não em suposições ou crenças.
Existe uma tremenda diferença entre dizer Eu Sou e Eu creio que Sou, ah, mas desculpe, este é outro patamar fora da nossa limitada bolha aristotélica.
Ora bem não há crenças nem meias crenças, nem crença na filosofia ou fora desta existe a palavra crença que se atribui a um estado, diz o dicionário:
CRENÇA. Fato de ter por verdadeiro um enunciado que não está ou não pode ser verificado ou demonstrado. A crença funda-se no testemunho ou na intuição pessoal. Contrariamente à atitude, as crenças podem ser consideradas opiniões herdadas do meio ou convicções intelectuais dissociadas da verdadeira personalidade, as quais não transformam nem o sujeito nem o meio. (1)
(1) THINES, G., LEMPEREUR, A. Dicionário Geral das Ciências Humanas. Lisboa: Edições 70, 1984.
Depois de reler o meu comentário, não encontrei nele em parte alguma referencia a Deuses e Religiões, e entristece-me ver a imagem que a filosofia tem por aqueles que se dizem filósofos e por aqueles que não se dizem filósofos.
Possivelmente deve ter estudado em alguma das suas cadeiras, se é que licenciou em filosofia quem usou primeiramente o término de Filósofo e possivelmente deve saber o que ele significa, se alguma vez meditou profundamente sobre ele somente você poderá dizer, mas pode ser muito mais filósofo um pastor iletrado que todos os domingos se ajoelhe perante um Deus, que muitos doutores.
A Filosofia, como amor à sabedoria, tem de ser vivida, tem de transmutar a alma. Todo o conhecimento adquirido não é para ficar como livros numa estante, ele tem de elevar o Ser, torná-lo melhor, mas hoje, os “intitulados” filhos da filosofia mataram os Pais, certo?
Desejo-lhe toda a felicidade e que consiga sempre dissipar todas as suas dúvidas.
Fraternalmente :.
Caro Azoth,
A crença sendo necessária para que exista conhecimento não é, com efeito, suficiente. Insisto: crença em filosofia é um termo técnico e epistemológico que não deve confundir-se com a definição geral e as conotações religiosas que normalmente lhe é dada. Isto acontece na filosofia como acontece em toda a ciência e não levanta qualquer problema. Daí que possa usar o termo gravidade significando alguma coisa perigosa e gravidade para descrever uma lei da física.
Em epistemologia a definição de conhecimento mais adequada ainda é a tradicional levantada por Platão em o Teeteto, a de que o conhecimento é crença verdadeira justificada.
De resto qualquer boa introdução à filosofia explica o que é o conhecimento melhor que eu.
Quanto ao conceito de verdade há muitas dúvidas que seja qualquer coisa de inacessível ao mais comum dos mortais, exista ou não qualquer divindade.
Toda verdade e todo conhecimento é uma crença.
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