quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pensar criticamente não é coisa prática?

O Artur está em casa a arranjar a instalação eléctrica. Há uma lâmpada que não se acende. O Artur pensa de imediato que o quadro da luz está desligado e mete as mãos nos fios. Apanha um choque eléctrico.
Para não apanhar um choque eléctrico bastava ao Artur raciocinar com eficácia.
O raciocínio do Artur foi:

Se a corrente eléctrica estiver desligada a lâmpada não se acende
a lâmpada não acende
Logo, a corrente eléctrica está desligada

O argumento do Artur não é válido já que comente a falácia da afirmação da consequente:

Se A então B
B
Logo, A

Se o Artur tivesse raciocinado correctamente poupava-se a um choque eléctrico que poderia ter consequências desagradáveis. Bastar-lhe-ia pensar: Se A então B, A, Logo B. Este raciocínio é o que os filósofos chamam de Modus Ponens. O Artur levou um choque porque cometeu um erro de raciocínio.

6 comentários:

Aldrin Iglesias disse...

Mas o que Rousseau e Nietzsche diriam?
O instindo poderia alertar Arthur: meter as mãos nos fios??? Você não tem medo?

Abraços
Aldrin Iglésias,
Brasil

Anónimo disse...

"Bastar-lhe-ia pensar: Se A então B, A, Logo B. Este raciocínio é o que os filósofos chamam de Modus Ponens. O Artur levou um choque porque cometeu um erro de raciocínio".

Mas... por vezes não bastaria o Artur pensar "Se A então B, A, Logo B" ou "Se A então B, ~B, Logo ~A".

Considera o seguinte argumento:
Se alguém sabe o que aconteceu, o Artur sabe.
Ninguém sabe o que aconteceu.
Logo, o Artur não sabe o que aconteceu.

Será este argumento por ventura inválido? Estará a cometer a falácia negando a antecedente?

Rolando Almeida disse...

Anónimo,
Sim, o argumento que apresenta é válido, mas o que se segue daí? Não percebi.

Anónimo disse...

o Rolando disso:
"Se o Artur tivesse raciocinado correctamente poupava-se a um choque eléctrico que poderia ter consequências desagradáveis. Bastar-lhe-ia pensar: Se A então B, A, Logo B."

E o que eu disse é que não basta apenas pensar na forma lógica. Aliás, apresentei um argumento com a forma lógica errada (de tipo falácia negando a antecedente), mas o raciocino é correcto.

Rolando Almeida disse...

Sim, isso é verdadeiro. A forma lógica é uma condição necessária, mas não suficiente para um argumento ser um bom argumento. No caso que apresentei, o Artur não tem de pensar na forma lógica, mas se raciocinar correctamente isso ajuda-o. Ou não?

Rolando Almeida disse...

Mas há ainda outra coisa engraçada: é que realmente o Artur até podia ser um deficiente cognitivo e não ter apanhado o choque somente porque entretanto caiu da escada. Agora há algo que se reveste de carácter necessário: se ele tivesse raciocinado correctamente agisse de acordo com o raciocinio, não apanhava o choque.