Um destes dias via por acaso um teledisco da famosa cantora Madonna todo arrojado em provocações eróticas. Hoje em dia este conceito é vulgar, mas pensei como esta cantora (que eu nunca apreciei – no caso do vídeo clip excepção feita a frozen da autoria de Chris Cunningham, que tem uma obra soberba na realização de telediscos), foi capaz de influenciar uma geração inteira de adolescentes sedentos de liberdade erótica e como lhes comunicou de forma tão eficaz. O famoso like a virgin é um grito popular de libertação de uma geração inteira (exceptuando tipos como eu a quem a canção nunca disse nada de especial). Quando pensei nisto, coloquei a questão se a filosofia tem esta capacidade comunicadora ao nível popular? Por que razão uma canção simples acompanhada de uma dança provocadora é capaz de mover multidões ao passo que um argumento de um filósofo, por muito claro que seja é incapaz (ou pelo menos aparenta ser)? Talvez cometa aqui um erro elementar: é que pessoas como a Madonna só comunicam às massas, de uma forma elementar, revoluções das ideias operadas por grandes filósofos. Sem a mudança provocada pelas ideias e argumentos, nenhuma Madonna teria alguma coisa a comunicar às massas. Mas será mesmo assim? Será que a Madonna consegue mover mais o mundo que os argumentos dos filósofos? Ou será que a Madonna se limita a transmitir de uma forma muito simples e elementar ideias antes pensadas (muitas vezes pensadas antes 100 ou 150 anos) pelos filósofos como Stuart Mill, Kant, etc.? É que quando leio os livros destes filósofos, acho-os muito mais revolucionários que qualquer canção ou provocação erótica da Madonna. Talvez haja lugar para estas duas formas de comunicação aparentemente distintas. Ou talvez a cultura popular não passe de um lapso gigantesco para fazer as pessoas pensar. Ou ainda é provável que a cultura popular não consiga muito mais do que um efeito de entretenimento, sem qualquer valor reflexivo.
1 comentário:
Em tudo há um certo grau de erotismo...
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