sexta-feira, 21 de junho de 2013

Uma nota mais sobre o exame de filosofia

Estava à conversa com um colega nas redes sociais, quando este me disse que, na sua opinião, os exercícios de lógica no exame são excessivamente simples e fáceis. E são. Na minha opinião são adequados, pois temos de pensar que temos muitos alunos de níveis de conhecimento médio baixo que realizam este exame. Mas tenho até outras razões para pensar que 1) qualquer questão sobre lógica deve ser simples e 2) que um bom exame de filosofia nem sequer deve ter questões de lógica.

1)      Deve ser simples porque a única coisa que é necessário testar é se o aluno sabe como demonstrar logicamente a validade dedutiva de um argumento. Ao mesmo tempo, é uma forma de nivelar o ensino da lógica pelos professores.

2)      Um bom exame não precisa necessariamente de fazer questões de lógica, pelo menos isoladamente. Um bom exame anda em volta das competências filosóficas que expliquei no post anterior. Se assim for, é natural que ao longo do exame o aluno tenha de aplicar conhecimentos de lógica.

Um exemplo para explicar o que quero dizer em 2):


Se uma questão de exame questionar o aluno se concorda com o argumento X, a estratégia filosófica é que o aluno tenha de recorrer à sua toolbox filosófica. E o que lá encontra? Teses, premissas, validade e verdade, etc. Faço de novo aqui a analogia com a biologia. Seria o mesmo que num exame de biologia de repente se começasse a questionar o aluno sobre as peças do microscópio. Se o exame for prático e pedir para examinar um tecido, por exemplo, o aluno não terá de explicar como se compõe o microscópio, pois isso estará implícito na sua resposta. Se o sabe usar, está no caminho seguro para responder corectamente. Se não o sabe usar, não consegue responder ao exame ou então responde à sorte. Na filosofia, com a lógica, passa-se exactamente o mesmo. O que um teste de filosofia deve testar é se o aluno aprendeu bem ou não a pensar filosoficamente. Nada mais. 

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