Vi As asas do Desejo, filme do realizador alemão Wim Wenders,
pela primeira vez tinha 16 anos de idade. É um filme extraordinariamente belo.
Na altura falei dele ao meu professor de filosofia. Como nas aulas ouvia falar
de metafísica disse ao meu professor que no filme havia uma espécie de
metafísica invertida. Já não eram pessoas reais que desejavam alcançar uma vida
de anjos, mas o contrário, anjos com vida eterna que queriam ser pessoas reais.
O filme é uma verdadeira homenagem à vida. Enquanto anjos, o filme é a preto e
branco. Enquanto pessoas de carne, o filme adquire cor. O anjo tornado homem
apaixona-se por uma trapezista de circo, precisamente um ser humano com asas de
anjo. Há um velho que percorre o muro de Berlim com considerações políticas
sobre uma europa dividida. E há a biblioteca. E há a música, desde Nick Cave,
que chega a aparecer no filme num concerto num bar, até Crime and the City
Solution. É um filme invulgar e muito bem filmado. Nunca apreciei muito coisas
como “o disco da minha vida” ou “o filme da minha vida”, mas a verdade é que não
resisto a afirmar que As asas do desejo é o filme da minha vida.
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