Os XX são uma banda inglesa de jovens a sair da adolescência
e um caso especial de bom talento musical. Vale a pena ouvir os seus dois
discos de canções originais. Fica aqui uma pequena amostra
segunda-feira, 24 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Uma nota mais sobre o exame de filosofia
Estava à conversa com um colega nas redes sociais, quando
este me disse que, na sua opinião, os exercícios de lógica no exame são
excessivamente simples e fáceis. E são. Na minha opinião são adequados, pois
temos de pensar que temos muitos alunos de níveis de conhecimento médio baixo
que realizam este exame. Mas tenho até outras razões para pensar que 1)
qualquer questão sobre lógica deve ser simples e 2) que um bom exame de
filosofia nem sequer deve ter questões de lógica.
1)
Deve
ser simples porque a única coisa que é necessário testar é se o aluno sabe como
demonstrar logicamente a validade dedutiva de um argumento. Ao mesmo tempo, é
uma forma de nivelar o ensino da lógica pelos professores.
2)
Um
bom exame não precisa necessariamente de fazer questões de lógica, pelo menos
isoladamente. Um bom exame anda em volta das competências filosóficas que
expliquei no post anterior. Se assim for, é natural que ao longo do exame o
aluno tenha de aplicar conhecimentos de lógica.
Um exemplo para explicar o que quero dizer em 2):
Se uma questão de exame questionar o aluno se concorda com o
argumento X, a estratégia filosófica é que o aluno tenha de recorrer à sua toolbox filosófica. E o que lá encontra?
Teses, premissas, validade e verdade, etc. Faço de novo aqui a analogia com a
biologia. Seria o mesmo que num exame de biologia de repente se começasse a
questionar o aluno sobre as peças do microscópio. Se o exame for prático e
pedir para examinar um tecido, por exemplo, o aluno não terá de explicar como
se compõe o microscópio, pois isso estará implícito na sua resposta. Se o sabe
usar, está no caminho seguro para responder corectamente. Se não o sabe usar,
não consegue responder ao exame ou então responde à sorte. Na filosofia, com a
lógica, passa-se exactamente o mesmo. O que um teste de filosofia deve testar é
se o aluno aprendeu bem ou não a pensar filosoficamente. Nada mais.
A minha opinião sobre o exame nacional de filosofia
Hoje mesmo arranjei algum tempo e fiz o exame de filosofia.
Tenho como estratégia realizar eu próprio o exame sem olhar para os critérios
de correcção. Desta forma consigo ver muito melhor as deficiências dos exames.
Aliás, é exactamente assim que faço com todos os meus testes. De uma maneira
geral gostei mais deste exame que dos anteriores. Há aspectos positivos e
negativos no exame. Vamos a eles:
Positivo:
- É relativamente simples, o que na minha opinião se adequa a
um exame. Sempre defendi que os exames não têm de ser de um grau de dificuldade
muito elevado
- O tempo parece-me adequado. Demorei menos de 40 minutos a
realizá-lo, de modo que me parece adequado aos alunos de secundário.
- As questões de um modo geral são directas, sem grades artificialismos
e ambiguidades.
Negativo
- O exame ainda constitui um grande apelo aos alunos que “decoram”
grande parte da matéria, mesmo nas questões de opção. De uma forma geral não
direcciona as respostas para os problemas, mas para testar se decoraram ou não
as teorias dos principais filósofos.
Este ponto merece uma reflexão:
Não sei até que ponto a generalidade do ensino da filosofia
estaria vocacionado para um exame que remetesse os alunos para a discussão dos
problemas, mas na minha opinião valeria a pena arriscar. E isto porque mesmo os
alunos que tenham realizado um estudo mais à base da memorização, decorrente de
um ensino assim direcionado, estariam em condições de pensar pela sua própria
cabeça. Por outro lado, parece-me que um exame que remetesse directamente para
a discussão agradaria muitíssimo mais aos alunos que o realizassem.
Por exemplo, em vez de se pedir para comparar ou expor as
teorias, poderia colocar-se um diálogo, simples, no qual duas pessoas
discutissem teorias. Daí podem-se fazer várias questões que remetam para
competências da disciplina: Identificação
do problema, das teorias em causa e, finalmente, uma posição crítica dos alunos
sobre as mesmas. Repare-se que nenhum aluno conseguiria responder sem
dominar as teorias, mas ao mesmo tempo a resposta nunca seria totalmente
adequada se, com esse conhecimento, o aluno se escusasse de pensar
criticamente. E os critérios de correcção teriam de ir nesse sentido, já que os
alunos que realizaram um estudo baseado na memorização, sem compreender muitas
vezes o que está em causa, limitam-se nestas respostas a “despejar” a teoria
toda sem, com efeito, estar a pensar sobre ela.
Há muitas formas engenhosas de fazer isto: uma delas, por
exemplo, é confrontar o aluno com as objecções aos problemas filosóficos.
As vantagens de testes e exames que apelem ao aluno para
pensar pela sua cabeça, é que colocam directamente em teste, examinam as competências filosóficas,
sendo que as principais se prendem com:
·
Identificação
do problema
·
Identificação
das teses em disputa
·
Identificação
dos argumentos de cada tese
·
Posicionamento
crítico sobre os problemas, teses e argumentos.
Seja como for, nota-se algum esforço no exame de dar uns
passos neste sentido. E este, para mim, é de longe um exame preferível a muitos
outros. Espero que seja para continuar.
Estarão os adolescentes preparados para pensar criticamente? Defendo que sim.
Neste post
do manual 2.0
discuto se os adolescentes estão ou não preparados para pensar criticamente e defendo que sim.
Para começar o ano lectivo
Neste post
do Manual 2.0,
da Sebenta Editora dou uma sugestão para arrancar um ano lectivo em filosofia.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Exame Nacional de Filosofia 2013
Já não vem muito a tempo, é certo, que o exame de filosofia é
já amanhã. Mesmo assim recordo aqui um bom guia para preparação do exame, da
autoria de Pedro Galvão e António Lopes.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Filosofia Moral
Algumas pessoas pensam que não pode haver progresso em Ética, uma vez que já foi tudo dito (…) Eu penso o contrário (…) Comparada com as outras ciências, a Ética Não Religiosa é a mais jovem e a menos desenvolvida.
Derek Parfit, Reasons and Persons
11.º ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES DE FILOSOFIA
11.º ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES
DE FILOSOFIA
NA
FACULDADE DE LETRAS
DA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
CONVITE À PROPOSTA DE COMUNICAÇÕES E
DE SESSÕES PRÁTICAS
A Sociedade Portuguesa
de Filosofia, em parceria com o Departamento de Filosofia, Comunicação e
Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, organiza este ano
a 11.ª Edição dos Encontros Nacionais de Professores de Filosofia. O encontro
deste ano realizar-se-á nos dias 6 e 7 de Setembro, na F.L.U.C., e contará com
o Prof. Simon Blackburn (Cambridge) como orador internacional.
Estão abertas as
candidaturas para a apresentação de comunicações em língua portuguesa sobre
qualquer tópico de filosofia ou didáctica da filosofia, incluindo ainda
propostas de sessões práticas ou workshops nesses âmbitos. As comunicações não
devem exceder os 30 minutos, de modo a reservar pelo menos 20 minutos à
discussão. As sessões práticas poderão ocupar 50 minutos, desde que seja
garantida a oportunidade para a participação do público.
Os candidatos deverão
enviar para o endereço spfil@spfil.pt, até 7 de
Julho, o título da sua comunicação/sessão prática e um resumo da mesma que não
exceda as 500 palavras. Os resumos das propostas de comunicação devem indicar
de forma clara a(s) ideia(s) a defender, e incluir um esboço do argumento
proposto e bibliografia sucinta. Na rubrica “Assunto” da mensagem deverão
inscrever “11º ENPF Proposta”. O resumo deverá ser enviado em anexo em formato
Word ou PDF e não deverá conter nenhuma referência que permita identificar o
autor ou instituições a que este esteja ligado. O mesmo será apreciado sob
anonimato, sendo aceites no máximo duas comunicações. A decisão do júri será
comunicada aos autores por correio electrónico, até 17 de Julho.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Última aula de filosofia 2012-2013
Eis a última
aula de filosofia com o 10º14 e 10º20. Faltaram alguns alunos, mas os que
vieram estavam bem dispostos. Felicidades a todos.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Último dia de aula de filosofia
Fica aqui uma recordação do último dia de aulas com o 10º32
e o 10º 30. Foram boas as discussões dos problemas da filosofia. Obrigado a
todos pelas boas aulas que proporcionaram. Falta o 10º14 e o 10º20. Fica para
amanhã.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
A Arte em teatro
Há alguns anos atrás vi a peça de teatro dos excelentes
actores portugueses António Feio e João Pedro Gomes, A Arte. Trata-se de uma peça muito divertida que joga com alguns
conceitos da arte contemporânea. Vale a pena ver. No Youtube estão todas as partes desta bela peça.
sábado, 1 de junho de 2013
As asas do desejo
Vi As asas do Desejo, filme do realizador alemão Wim Wenders,
pela primeira vez tinha 16 anos de idade. É um filme extraordinariamente belo.
Na altura falei dele ao meu professor de filosofia. Como nas aulas ouvia falar
de metafísica disse ao meu professor que no filme havia uma espécie de
metafísica invertida. Já não eram pessoas reais que desejavam alcançar uma vida
de anjos, mas o contrário, anjos com vida eterna que queriam ser pessoas reais.
O filme é uma verdadeira homenagem à vida. Enquanto anjos, o filme é a preto e
branco. Enquanto pessoas de carne, o filme adquire cor. O anjo tornado homem
apaixona-se por uma trapezista de circo, precisamente um ser humano com asas de
anjo. Há um velho que percorre o muro de Berlim com considerações políticas
sobre uma europa dividida. E há a biblioteca. E há a música, desde Nick Cave,
que chega a aparecer no filme num concerto num bar, até Crime and the City
Solution. É um filme invulgar e muito bem filmado. Nunca apreciei muito coisas
como “o disco da minha vida” ou “o filme da minha vida”, mas a verdade é que não
resisto a afirmar que As asas do desejo é o filme da minha vida.
Mendigos e Altivos
Disse aos meus alunos que iria postando algumas sugestões
para melhor aproveitarem as férias que se aproximam. É muito tempo e pode-se
aproveitar lendo bons livros, vendo bons filmes ou dando bons passeios. Uma
sugestão que me ocorre é este belo romance de Albert Cossery. Cossery foi um
escritor de origem egípcia que viveu quase toda a vida, numa vida muito
simples, em quartos de hotel, em Paris. Vivia dos rendimentos dos livros
vendidos, que não lhe dava para vidas de grandes luxos, mas que lhe garantia a
vida que sempre desejou ter, a preguiça de não ter de trabalhar. Este aspecto é
curioso, pois Cossery trabalhou para não ter de trabalhar (risos). Este romance
tem tanto de reflexão dos tempos em que vivemos, onde colocamos os bens
materiais à frente da própria dignidade, como tem uma dose muito incomum de
humor. Um humor algo negro, é certo, mas um humor do mais vivo que me lembro de
ter lido num livro. Espero que gostem.
Este livro encontra-se nas livrarias por alguns euros.
Albert Cossery, Mendigos e Altivos, Antígona Editores
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