sábado, 30 de junho de 2012

Liberdade para escolher


Temos ouvido algumas vezes falar em cheques-ensino, em demasiada concentração estatal na vida económica e no sistema educativo. Seria necessária maior liberdade de escolha das escolas, dos programas de ensino, das tipologias de ensino? Será que uma descentralização do sistema educativo contribuiria para uma igualdade e liberdade de escolha maior? Publicado entre nós neste mês, Junho de 2012, o livro de Milton Friedman e Rose Friedman, Liberdade para escolher, (Lua de Papel, tradução de Jorge Lima), procura dar respostas a estes como a outros problemas do mundo actual. A publicação original deste livro do prémio Nobel da Economia data já de 1990, mas é de actualidade sem fôlego. Deixo apenas uma citação mais abaixo. Posso estar errado, mas também devido à crise actual que se faz sentir em Portugal e a forma como sempre nos relacionamos com os poderes centrais, fazem com que as reacções às teses de Freidman sejam quase imediatas. Acontece que não estamos a fazer religião e não temos de adorar as ideias de seja quem for como uma pessoa religiosa adora o Papa. Vale a pena ler o livro para avaliar as propostas nele presentes.


No ensino, os pais e os filhos são os consumidores, e o professor e os administradores escolares, os produtores. A centralização no ensino tem significado unidades de maiores dimensões, uma redução da capacidade de escolha dos consumidores e um aumento do poder dos produtores. Professores, gestores escolares e funcionários sindicais não são diferentes do resto de nós. Podem ser também pais que desejam um sistema escolar de qualidade. No entanto, os seus interesses particulares enquanto professores, gestores ou sindicalistas são diferentes dos seus interesses enquanto pais, e também dos interesses dos pais a cujos filhos dão aulas. Os seus interesses podem ser servidos por centralização e burocratização maiores, ainda que o mesmo não aconteça aos interesses dos pais – na verdade, uma das formas pelas quais esses interesses são mais bem servidos é precisamente reduzindo o poder dos pais.O mesmo fenómeno está presente sempre que a burocracia estatal se impõe a expensas da liberdade de escolha do consumidor: seja na distribuição de correio, na recolha do lixo, ou nos muitos exemplos apresentados em outros capítulos.No ensino, aqueles de nós que pertencem às classes de maiores rendimentos conservam a liberdade de escolha. Podemos enviar os nossos filhos para colégios privados, pagando na verdade duas vezes a sua educação – uma vez nos impostos que nos são cobrados para sustentar a escola pública e, de novo, nas propinas do ensino privado. Ou então, podemos escolher onde habitar, com base na qualidade do ensino público. Escolas públicas de excelência tendem a concentrar-se nos subúrbios mais abastados das grandes cidades, nas quais o controlo parental continua a ser bem real.(…)A tragédia, e ao mesmo tempo a ironia, é que o sistema que se propõe permitir a todas as crianças adquirir uma linguagem comum e os valores da cidadania americana, oferecendo a todas as crianças iguais oportunidades educativas, acabe na prática por exacerbar a estratificação da sociedade e promover uma elevada desigualdade de oportunidades educativas.
p.199,200

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O determinismo de Espinosa


As ideias de Espinosa sobre o livre-arbítrio eram igualmente controversas. Era um determinista, o que significa que acreditava que qualquer acção humana resultava de acções anteriores. Uma pedra lançada ao ar, se pudesse tornar-se consciente como um ser humano, imaginaria que se movia por sua própria vontade, embora isso não fosse verdade. De facto, aquilo que a movia era a força do lançamento e os efeitos da gravidade. A pedra pensava que era ela que controlava o movimento e não a gravidade. O mesmo acontece com os seres humanos: imaginamos que escolhemos livremente o que fazemos e que temos controlo sobre as nossas vidas. Mas isto é porque, normalmente, não compreendemos a origem das nossas escolhas e ações. Na verdade, o livre-arbítrio é uma ilusão. Não existe qualquer ação livre espontânea.  

Nigel Warburton, Uma pequena história da filosofia, pp.89,90 (2012)

domingo, 24 de junho de 2012

Grandes livros de filosofia que falam de grandes livros de filosofia


Em português de Portugal temos já vários livros de Nigel Warburton traduzidos. Um deles é Grandes livros de filosofia, publicado nas edições 70 e traduzido por Pedro Bernardo e Elsa Childs. Este livro está já traduzido há alguns anos, mas merece agora uma reimpressão já que a primeira esgotou. Deixo aqui o texto de apresentação do livro:


Este livro faz uma introdução à Filosofia através de alguns textos considerados cruciais. O autor explica as características mais importantes de cada clássico de uma forma que não pressupõe qualquer conhecimento prévio de filosofia.
Consiste em 24 capítulos, cada qual focando um grande texto filosófico. Pretende ser uma introdução a cada obra, realçando os seus temas mais importantes. Os textos aqui analisados têm importância actual pois abordam problemas filosóficos que ainda hoje vale a pena discutir, e porque continuam a oferecer perspectivas. Além disso, muitos deles são considerados grandes obras literárias.Idealmente, ler este livro deveria ser um apoio à leitura (ou releitura) do texto que aborda.  Mas nem todos têm o tempo ou a energia para o fazer. Deseja-se, pelo menos, que seja um guia entre os 24, e faculta-lhe algumas sugestões sobre como os ler de forma crítica.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

História da filosofia em português, por portugueses


A edição de livros introdutórios de filosofia (e ciência, já agora, embora menos raro) em Portugal é uma raridade. Ocasionalmente surgem títulos no mercado com alusões à filosofia, mas o conteúdo deixa a desejar. Por essa razão é de saudar a iniciativa de Paulo Tunhas e Alexandra Abranches que lançaram pela D. Quixote esta breve história da filosofia. Pelo que li, a escrita é clara e gostei. Por essa razão comprei. 

Exame Nacional de Filosofia

No site do GAVE já está disponível o exame de Filosofia, 2012. Consultar aqui.

Ouvir a ciência, Carlos Fiolhais


Uma conversa muito interessante sobre ciência no programa Prova Oral, com o físico Carlos Fiolhais. Uma boa oportunidade para aprender mais um pouco de ciência. Ouvir AQUI

terça-feira, 12 de junho de 2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A filosofia e a inteligência

Tal como refere Stephen Law, os resultados são sempre controversos, mas ainda assim é interessante perceber como a filosofia aparece muito bem cotada como disciplina que melhor desenvolve capacidades intelectuais nas pessoas. No gráfico da imagem aparece imediatamente no topo, logo a seguir à matemática.