Se para Kant a vontade de agir não decorre de mobiles externos, de onde vem, então? Só pode decorrer de algo interno, no caso, da própria razão que, uma vez autónoma, dá uma ordem a si mesma para agir. Ora, Kant chama a isto imperativo categórico, que é o imperativo da ação por dever, a ação moral propriamente dita. E contrasta com o imperativo hipotético, que é quando a vontade é mobilizada por algo externo. Por exemplo, se Pedro ajuda o pobre apenas para ficar bem visto, o que motiva a sua ação não é a razão, mas o ser bem visto. Quer dizer, ainda que a decisão seja sempre racional, não depende exclusivamente da razão. E para Kant uma ação moral depende exclusivamente da razão. Isto é assim pois a ação é um fim em si mesma e não um meio. No meu exemplo, se desaparecer a aprovação social da ação, a ação desaparece e por isso Pedro faz apenas aquilo que é conforme o dever, mas não por dever. Se Pedro agir por dever não interessa nada se recebe ou não aprovação de terceiros. Outra maneira de compreender a ação moral para Kant é perguntar o que é que está a motivar a ação. Se o que está a motivá-la é algo externo à própria ação, então a ação não é por puro respeito ao dever, mas por respeito a algo mais além do dever. E por isso se chama conforme ao dever e não por dever. Fica aqui uma imagem que contrasta os dois imperativos que são como que dois comandos da ação.
quarta-feira, 3 de maio de 2023
E como funcionam os imperativos em Kant?
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