Um dia um pai perguntou-me como é que a filha deveria estudar
filosofia. Respondi que o melhor a fazer seria ler atentamente os textos
fornecidos pelo professor. O pai ripostou questionando: “ E se não compreender o que leu?”. Respondi: “Terá de ler outra vez”, ao que o pai retorquiu: “E se ainda assim não compreender?”.
Respondi: “Tem de ler outra vez”.
Este episódio é real. Claro que não me fiquei por aqui, mas a
conversa teve mesmo este início. Na verdade não existe qualquer magia para se
estudar filosofia. Tudo o que há a fazer é ler. O maior obstáculo é que a
maioria dos alunos praticamente aprendem o que se deu nas aulas sem fazer
qualquer estudo de consolidação. E assim as coisas tornam-se muito mais
difíceis e incompreensíveis, para além de passarem a ser uma maçada com pouco
sentido na cabeça dos estudantes.
Estudar e aprender exige uma certa rotina. Ir às aulas e
estar atento é, já por si, cansativo. O estudo em casa deve, num nível como o secundário,
implicar pelo menos 20% do esforço. A melhor estratégia para começar a ter
êxito é ler e compreender as teorias que os textos explicam. Em filosofia o
ritmo é sempre o mesmo: Problema – teorias – argumentos: para cada problema há
várias teorias em disputa. E cada uma delas apresenta os seus argumentos. Num
período inicial os estudantes são confrontados com a forma de fazer filosofia.
Depois estão aptos a fazê-la, lendo os argumentos e os textos propostos e discutindo-os.
Esta ferramenta desenvolve capacidades extraordinárias nos estudantes,
principalmente a de saber raciocinar com consequência sobre os problemas.
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