Hoje na aula do 10º30, inicialmente apareceram algumas
confusões sobre a negação de proposições condicionais. Mas a confusão apareceu
pois alguns alunos da turma pensavam que a negação deveria incidir sobre cada
proposição simples. Acontece que uma proposição condicional é composta, isto é,
resulta da junção de duas proposições simples. Mas vamos pegar num pequeno
exemplo que clarifique todas as dúvidas:
Temos duas proposições:
Proposição P: “Está sol”
Proposição Q: “Vou à praia”
Se juntarmos P e Q através de uma condição obtemos qualquer
coisa como:
“Se estiver sol então vou à praia. (Se P então
Q”)
A confusão que surgiu é que alguns alunos sugeriam que a
negação seria:
“Se não fizer sol, então não vou à praia.
(Senão P então não Q)”
Mas esta não é a negação correcta. Vamos ver por que razão:
A negação de uma proposição dá origem a outra proposição
diferente. Se a proposição a negar for Verdadeira, a proposição negada tem de
ser falsa. E se a proposição a negar for falsa, a proposição negada tem de ser
verdadeira. Isto é, a negação de uma proposição inverte o seu valor de verdade.
Negar uma proposição simples é um processo relativamente
fácil. Se quisermos negar a proposição: “Está sol”, basta acrescentar um “não” e ficará “Não está sol”. Ora, se a proposição “Está sol” for verdadeira, a proposição “Não está sol” tem de ser falsa e vice-versa.
Acontece que a proposição que queremos negar é uma proposição
composta de duas proposições simples e expressa numa condicional. Ora uma
condicional implica que uma verdade não pode implicar uma falsidade, ainda que
uma falsidade possa implicar, quer a verdade, quer a falsidade. Em resumo, a
condicional só é falsa se a proposição simples que antecede a condicional for verdadeira
e a que a sucede for falsa. Mas para já isto nem interessa assim tanto saber. O
que temos de compreender é que não queremos negar cada uma das proposições
simples que compõem a condicional, mas queremos negar a própria condição expressa pela condicional. Assim, se a
condicional do nosso exemplo, for verdadeira a sua negação terá de ser falsa e
se for falsa, a sua negação terá de ser verdadeira.
Se negarmos a condicional “Se
estiver sol então vou à praia.” por
“Se não fizer sol, então não vou à praia”,
estamos a negar erradamente, pois não podemos negar uma condicional com outra
condicional. Repare-se: pode ser verdade que se fizer sol eu vou à praia. Mas também
pode ser verdade que se se não fizer sol eu não vou à praia. Ou seja, as
condicionais podem ser ambas verdadeiras. Logo, não estamos a negar a
condicional.
Um dos modos de negar uma condição expressa numa condicional
é fazendo uma conjunção. Assim, a negação da condição expressa pela proposição:
“Se estiver sol então vou à praia” terá de
desfazer essa condição, negando-a. Ficará:
“Está sol, mas não vou à praia”
Como se vê, na negação da condicional, a condição desaparece.
E não pode ser verdade que “se estiver sol eu vou à praia” e também verdade que
“está sol e não vou à praia”. A verdade de uma implica a falsidade da outra.
Espero ter clarificado como se faz a negação de uma condicional.
Podes ver melhor como se negam condicionais lendo este pequeno texto neste
blogue de filosofia: CLICA AQUI.
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