É recorrente observar esta definição de validade dedutiva: o
argumento dedutivo é válido quando as premissas forem verdadeiras e a conclusão
também o for. Só que esta definição é incompleta ou mesmo errada. Senão vejamos
o seguinte exemplo:
O Rolando Almeida é professor de física e as nuvens são
cor-de-rosa
Logo, o Rolando Almeida é professor de física.
Como sabemos o Rolando Almeida é professor de filosofia e não
de física e as nuvens não são cor-de-rosa. A premissa é falsa e a conclusão
também e ainda assim o argumento é dedutivamente válido, apesar de não ser
sólido.
Então como sabemos que o argumento é válido? Vamos imaginar
um mundo possível em que o Rolando tenha estudado física e ensine física. Nesse
mundo possível também é verdade que as nuvens até são cor-de-rosa. Ora, nesse
mundo possível, a premissa é verdadeira. Será que sendo a premissa verdadeira é
possível que a conclusão seja falsa? A resposta é obviamente não, pelo que o
argumento, apesar de não ser um bom argumento, tem uma forma lógica
dedutivamente válida.
Uma observação: com este exercício simples conseguimos também
perceber a importância fundamental da imaginação para se fazer filosofia ou
ciência, já que para raciocinar com consequência temos de supor aquilo que em
filosofia chamamos muitas vezes de mundos possíveis.
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