As políticas do eduquês fortemente apoiadas pelas correntes construtivistas divulgadas pelas ciências da educação em Portugal minam o saber e o conhecimento no sistema de ensino. Assim, assistimos a uma crescente desvalorização de saberes que a linguagem do eduquês chama de “demasiados académicos” para, gradualmente, os substituir por disciplinas de conteúdos vagos sustentados pela conversa de um ensino de competências. Neste contexto, disciplinas como História, Física ou Filosofia vêem a sua carga horária ser diminuída para em seu lugar aparecerem disciplinas disfarçadas de modernas como Cidadania e Mundo Actual, Área de Integração, Educação para a Sexualidade, etc, ao mesmo tempo que estes conteúdos são integrados nos programas de Filosofia, História, geografia, etc. Os programas de ensino são tão rasos que muitas das vezes as disciplinas só conservam o nome e pouco mais, ignorando desse modo todo um saber que levou séculos a ser construído e que sucessivas gerações de jovens deixam de ter acesso ao mesmo por via do facilitismo (pensa-se que isto é facilitar, mas isso é outra conversa). Há aqui muita coisa a discutir, mas para já queria colocar uma questão: Será que num sistema de ensino como o português ainda existe a necessidade de ensinar filosofia aos estudantes? Quais as razões que temos para pensar que sim? Ou será que nós, os profissionais da filosofia só estamos preocupados com a nossa actividade profissional e na sua manutenção? Se temos boas razões para pensar que sim, que o ensino da filosofia é essencial a qualquer sistema de ensino – ou somente ao português – por que razão o expomos e discutimos tão pouco? Acho que vale a pena pensar no que faz com que uma disciplina se torne indispensável ao ensino. E realmente tenho a ideia que este problema não é discutido nas escolas. Alguém aceitaria acabar de vez com a matemática e a língua portuguesa do sistema de ensino. Se não, o que faz então que essas disciplinas sejam mais essenciais que outras, como História ou Filosofia ou Física? Vamos discutir? Ou não?