Escola inclusiva. Situação hipotética 1: Aluno(a) de média excelente, um 18 por exemplo, no conjunto de todas as disciplinas. “É exemplar!!”. Não, não é! Na escola inclusiva ninguém é exemplo para outrem. Situação hipotética 2: Aluno irrequieto e com personalidade agitada e algo distraída. “É muito distraído e deve estar mais concentrado”. Depende. Se um traço de personalidade for hereditário até que ponto num ensino até ao secundário devemos limitar um aluno por características pelas quais ele não pode ser moralmente responsável? Os documentos que regulam o ensino básico e secundário apontam para competências (vide AE, Aprendizagens Essenciais). Elas vão desde competências sociais até intelectuais e físicas. E o seu peso varia consoante a disciplina. Mas o professor não tem de avaliar que competências o aluno já carrega, mas antes se consegue atingir ou não determinadas competências. Acontece que um aluno pode ser bem sucedido nas competências cognitivas porque é um “marrão”, mas essas podem não ter peso superior a 40% ou 50% da sua avaliação final. A avaliação é altamente complexa, mas no secundário ainda se anda muito desligado das competências. Basicamente são 3 anos penosos a arrancar médias para entrar nos cursos universitários. E isso parece gerar um enorme desinteresse pelo estudo com prazer, pela aprendizagem diferenciada e, pior que tudo, pela inclusão. Só se ouve por todo o lado falar de testes porque o modelo ainda tem os maiores estímulos concentrados nos testes: notas de testes para entrar na universidade. O pior de tudo é que um modelo demasiado concentrado em testes, além de ser bastante redutor, termina sempre numa enorme injustiça, a começar pelo exemplo de que o aluno X pode conseguir média 19 com o professor Y mas não passaria de um 15 com o professor Z, ainda que o aluno que aprendeu com o professor Z até possa ter desenvolvido melhor as suas competências cognitivas, por exemplo. Depois porque uma avaliação que vai de 0 a 20 e que menos de 9 é negativa implica necessariamente exclusão. Todos os alunos com classificações negativas são em certo sentido excluídos. O Ensino secundário ainda está ao serviço do mercado de entrada na universidade. E isso acarreta custos elevados para a inclusão. Creio que é necessária uma revolução para a chamada grey area no ensino secundário, na qual os testes não perdem o seu papel, mas deixam de ser a baliza entre os bons e os maus alunos. É que, em rigor, um ensino só é inclusivo se considerar uma premissa como verdadeira: Não há alunos fracos.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
Escola inclusiva
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