Portugal participou pela primeira vez nas Olimpíadas Internacionais de Filosofia em Viena, de 26 a 29 de Maio de 2011, a décima nona edição, uma competição disputada entre 30 países do mundo, tendo o aluno José Gusmão Rodrigues, da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, obtido a medalha de prata.A Olimpíada Internacional de Filosofia (IPO) é uma competição com periodicidade anual, em local itinerante, e é destinada a alunos do ensino secundário. A primeira edição deste evento ocorreu em 1993, na Bulgária, partindo de uma iniciativa do Departamento de Filosofia da Universidade de Sofia. A edição mais recente foi realizada em Viena, sob o tema “Power and Powerlessness of Philosophy”, contando com a participação de 30 países, da Europa, Ásia e América. Cada delegação nacional participou com 2 estudantes, num total de 66 alunos, com excepção do país sede, que pode inscrever até 10 alunos, e de Portugal e da Arménia, que participaram apenas com um aluno cada. A representar a delegação portuguesa estiveram o aluno José Gusmão Rodrigues, então aluno do 12.º ano da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho (frequentado já algumas cadeiras da licenciatura em Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), e Domingos Diogo Correia, professor do aluno na mesma escola, no ano letivo 2008/09.No que se refere às provas internacionais, cada aluno tem 4 horas para escrever um ensaio filosófico a partir de 4 tópicos que são fornecidos pelo Comité Científico, numa das quatro línguas oficiais da competição (Inglês, Alemão, Francês e Espanhol), com a condição de que cada aluno não realize a prova na sua língua materna. Os tópicos referem-se a diferentes áreas da filosofia e são desconhecidos até à abertura da competição. Posteriormente, as provas são avaliadas por um júri composto por 4 elementos, professores de filosofia das delegações nacionais, que atribuem uma classificação de 0 a 10 pontos; as provas cotadas com ou acima de 7 pontos passam à fase seguinte e serão classificadas por mais dois professores, individualmente. Na última fase, cabe ao Comité Científico, tendo em consideração as pontuações das provas nas etapas anteriores, atribuir as medalhas de ouro, de prata e de bronze, bem como as menções honrosas. No ano passado foi atribuída uma medalha de ouro, à Dinamarca, duas de prata, Portugal e Coreia do Sul, e três de bronze. O aluno José Gusmão Rodrigues elaborou o seu ensaio em inglês, tendo como tópico uma frase de Nelson Goodman: “A arte não é uma cópia do mundo real. Uma dessas malditas coisas já é suficiente” (Languages of Art, 1976). Os ensaios medalhados, no qual se inclui o aluno português, podem ser lidos na página:http://www.ipo2011.at/results/O processo de seleção nacional varia de país para país, sendo o mais comum organizar-se uma Olimpíada Nacional. Portugal nunca havia participado nesta iniciativa e a sua primeira participação deveu-se inteiramente à iniciativa do aluno, que convidou o seu professor, do 10.º ano, a apresentar uma candidatura ao comité científico, a qual foi aceite com a contrapartida de se dar continuidade ao projeto em Portugal. Nessa participação, a Associação Portuguesa de Filosofia Fenomenológica, na pessoa do Prof. Doutor Pedro Alves, já se havia disponibilizado para colaborar na iniciativa.Nasceu, assim, a vontade de realizar este projeto em Portugal. Para isso, um grupo de professores de Filosofia, na sua maioria da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, resolveu constituir a Associação Para a Promoção da Filosofia – PROSOFOS, com o principal objetivo de organizar uma competição nacional – projeto que apresenta ao público, pela primeira vez, no presente ano letivo.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Olimpíadas Nacionais de Filosofia
Vou reproduzir aqui integralmente o texto de apresentação da PROSOFOS retirado do site:
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Filosofia política
De Jonathan Wolf, em português, temos publicados pelo menos dois livros, um deles, uma seminal introdução à filosofia política, na Gradiva. O outro trata-se de um estudo sobre Marx. Em 2011 foi publicado o seu novo livro que aguardo com ansiedade já que interessam os problemas tratados tais como a legalização das drogas, direitos dos animais, etc... Todos temas que são do domínio do público.
Filosofia em saldos
A excelente colecção Filosofia Aberta da Gradiva está com uns simpáticos 25% de desconto. Vale a pena aproveitar. Ver AQUI.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
E se fizéssemos leis para determinar o que é a ciência? Mais sobre o acordo ortográfico
Um destes dias vi o Miguel Sousa
Tavares a atacar o acordo ortográfico com o argumento do património histórico.
Acho que este argumento não é bom, mesmo que até concorde com a sua conclusão.
Vou explicar as minhas razões:
Em primeiro lugar legislar por
políticos sobre uma língua é tão estranho – ou devia ser – como se os políticos
se reunissem em assembleia para legislar sobre o que é e como se faz ciência.
Desde quando é que um acordo precisa de ser decidido pelos políticos? A língua
é um ramo do saber, não resultado de leis impostas aos falantes dessa língua.
Do mesmo modo que a ciência, uma língua evolui pelo seu uso e estudo, pela
descoberta. Mas em Portugal precisamos de regulamentos para tudo e toca lá a
fazer leis que ditem como havemos de escrever. Isto é reduzir as gramáticas e
prontuários ortográficos a meros resultados funcionais da língua, subsidiários
das leis. Um destes dias vamos substituir a disciplina de português nas escolas
para passar a ensinar aos miúdos
qualquer coisa como Direito da Língua, ou da ortografia.
O argumento do MST não colhe pois se assim
fosse teríamos de preservar na nossa cultura muitas coisas parvas somente
porque é tradição. Assim, em vez de irmos ao médico quando nos dói a barriga, fazíamos
umas rezas malucas só porque é tradição. Em vez de termos cuidado com a
instalação eléctrica da casa quando troveja, acendíamos velas e rezávamos a
deus pelo castigo que nos estava a dar atirando relâmpagos cá para baixo (a
minha avó pensava assim por mais que eu lhe tentasse explicar o ciclo da água).
De facto, o acordo não é nenhum
acordo, mas não porque uma língua é um património. Ela é, mas não deixa de ser
um saber e enquanto tal é orgânica, está sujeita a mutações. Mas essas mutações
vem do seu estudo e uso e não de acordos que, afinal de contas, nem são bem
acordos.
Todas as bibliotecas ficaram, de
repente, desactualizadas e isto vai ser assim durante umas gerações, até que se
traduzam todos os livros para o novo acordo. Ou seja, dentro da mesma cultura
linguística, ficamos durante gerações e gerações com duas ortografias. Onde está,
então, o acordo?
Já tivemos tantos acordos depois
de Eça de Queiroz (um dos exemplos consagrados da boa escrita em Português,
tomado como padrão no ensino, pelo menos no meu tempo de estudante de
secundário e creio que ainda o é hoje em dia) que praticamente não o
conseguimos ler tal como ele escreveu e temos de o traduzir para o português
pós acordos ortográficos. Portanto, temos várias ortografias dentro da mesma
língua. Pode haver quem pense que isto é mesmo assim, em resultado da evolução
de uma língua. Correcto, mas que necessidade existe de potenciar essas mudanças
com leis e impondo às pessoas um modo de escrever diferente daquele que até
aprenderam como padrão?
Depois para que um acordo fosse
mesmo um acordo seria necessário mudar toda a semântica de uma língua, enfim,
toda a cultura de uma só vez, já que palavras escritas da mesma maneira
continuam a ter significados bem diferentes em Lisboa, Rio de Janeiro ou
Luanda.
Ainda há um outro argumento que
li no pequeno livro do Malaca Casteleiro da Porto Editora, sobre o acordo. O
argumento de que o acordo aproxima a ortografia à fonética. Mas se assim fosse
por que não fazer uma fonética para cada região de Portugal já que temos tantas
fonéticas diferentes? Por exemplo, “piloto”, na madeira passava a escrever-se “pilhoto”.
“Vaca” passaria a escrever-se “Baca” no Porto e, já agora, “a gente vai”
passaria em Lisboa a expressar-se “a gente vamos”.
Finalmente, temos exemplos óbvios
de outras línguas que nunca precisaram de acordos para viverem em paz com duas
ortografias. O inglês é hoje mais que nunca a língua em que se expressa a alta
cultura do nosso tempo, desde a ciência, filosofia, tecnologia, literatura,
etc. e o inglês dos EUA tem uma ortografia com muitas diferenças do inglês de
Inglaterra e daí não se segue qualquer necessidade de acordos ortográficos.
De modo que, a meu ver, mais uma
vez o acordo só serve os interesses de pequenos grupos e o povo cai nessa
emboscada que nem tansos, com o convénio de muitos professores de português que
acham isso muito natural. O que seria natural numa cultura robusta, era as
pessoas pensarem sobre a própria língua e o seu uso ortográfico em vez de
ficarem reféns de decisões que mais não passam de bacanais de lobbys e
interesses.
São estas as razões que me fazem
pensar que o acordo ortográfico acarreta maiores confusões para a língua e não
havia necessidade de mexer no que estava bem.
Algumas das ideias que aqui defendo têm sido tornadas públicas por outras pessoas, pelo que a ideia não é ser original, mas partilhar algumas boas razões que me fazem pensar que o acordo é desnecessário.
domingo, 8 de janeiro de 2012
Falácias informais para Exame
Tendo em
conta as orientações
do MEC para exame nacional de filosofia, deixo aqui o link para a Crítica, com a finalidade de sintetizar as
falácias informais que irão ser testadas em prova de exame. O guia das
falácias é de Stephen Downes e tem a tradução de Júlio Sameiro. Da lista basta procurar
as seguintes:
· - Apelo
à autoridade
· - Generalização
precipitada
· - Falsa
analogia
· - Ataques
pessoais
· - Petição
de princípio
· - Espantalho
· - Falso
dilema
· - Apelo
á ignorância
· - Derrapagem
O Guia pode
ser encontrado AQUI.
Em língua
inglesa e tradução para italiano vale a pena visitar e estudar pela página do The Nizkor Project.
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