Com o alto patrocínio de sua excelência o Presidente da República
Organização do Município de Abrantes, em parceria com o Clube de Filosofia de Abrantes, o Município de Mação, o Município de Sardoal, a Palha de Abrantes - Associação de Desenvolvimento Cultural e os Agrupamentos de Escolas dos Concelhos de Abrantes, Mação e Sardoal e a Fundação Serralves
O comunitarismo é uma teoria da filosofia política que agora aparece para lecionação como obrigatória em resposta ao liberalismo de John Rawls no 10º ano. E é uma teoria bem interessante. Existe um comunitarismo mais progressista e outro mais conservador. Como introdução geral e dado o escasso tempo para preparar as aulas, recomendo esta introdução do Dicionário de Filosofa Moral e Política do Instituto de Filosofia e Linguagem da FCSH, UNL.
Algumas vezes pode não ser simples estabelecer uma barreira que nos diga quando é que se começa a ser cientista ou quando é que se começa a fazer filosofia. Mas do mesmo modo que ninguém se pode considerar a si mesmo matemático porque quando vai às compras faz contas de cabeça, também ninguém se deve considerar filósofo apenas porque escreveu duas linhas desarticuladas sobre problemas fundamentais da vida humana, como a morte, o sentido da existência ou a justiça. Infelizmente não é de todo incomum entrar numa livraria e ver livros de autoajuda no lugar da psicologia ou livros de religião e espiritualidades no lugar da filosofia. Isto é apenas querer vender o que uma população incauta e desinformada compra. Já me deparei, a este propósito, com situações caricatas, como a de entrar em casa de alguém que não leu mais do que 2 livros na vida e encontrar O Sentido na vida de Susan Wolf (Bizâncio, 2011) numa prateleira. Claro que a pessoa que o comprou não sabia o que estava a comprar, pois o livro devia estar à venda entre livros de autoajuda ou espiritualidades. Com efeito trata-se de um denso ensaio de filosofia e quem não tem uma preparação base não irá avançar mais que duas ou três páginas. E este ainda que denso não é dos tecnicamente mais sofisticados. Ocasionalmente revistas e jornais lançam coleções de clássicos da filosofia, mas tenho muitas dúvidas do êxito comercial de livros de David Hume, Kant ou mesmo Platão. Talvez eu esteja enganado. Era bom era. Mas penso que estas coleções são material barato que se lança para o mercado. A ideia não é vender um livro de David Hume, mas com ele vender outras publicações.
Mas regressando à ideia inicial, não basta pensar para ser filósofo. Já vi uma vez uma profissional da filosofia explicar a miúdos adolescentes que filosofar é pensar. Ora se pensar é uma condição necessária à filosofia, também é à matemática ou à química ou à própria vida. O meu avô foi mineiro e não consta que não pensasse, mas nunca foi tido como filósofo. Vem isto a propósito que a imagem que o senso comum guarda do filósofo é mais ou menos aquela que guarda do cientista, um tipo meio louco com umas ideias muito malucas e muito à frente, que não servem para nada e que somente ele e uns ilustres compreendem. E, pior ainda, até nas academias há quem se sirva bem desta imagem e a use sistematicamente. Mas isto acontece em regra como forma de disfarçar a ignorância. Não que um filósofo não possa ser meio louco. Mas não é por ser filósofo que é meio louco pois isso sempre o seria mesmo sem ser filósofo. Recordo que pelo menos por duas vezes na vida me disseram que eu era uma pessoa de filosofia normal. Ora, pessoalmente nem gostei muito do normal, pois sempre achei que o normal não é nada de especial. Mas penso ter percebido a associação da filosofia e da normalidade pois são duas categorias que no senso comum não costumam encaixar bem. Isso não é culpa das pessoas que não têm formação alguma em filosofia. Na verdade a ideia do intelectual de esquerda pós moderno que fala de modo tão sofisticado que ninguém o entende foi muito bem divulgada entre nós, provavelmente influência dos pós modernos franceses. Assim é, para muitas pessoas, incluindo muitas de formação filosófica, muito difícil aceitar que se seja lúcido, claro, sem recorrer ao terrorismo verbal e ao mesmo tempo rigoroso e, ei lá, filósofo. Essa é, penso, uma das razões que incita tanto ódio à filosofia de expressão anglo saxónica, vulgo filosofia analítica. Nesta o filósofo deixou de ser um malabarista da linguagem, uma espécie de rebelde intelectual que ninguém entende muito bem mas toda a gente gosta de ouvir sem perceber o que ouve. Deixa de ser um teórico da desconstrução e da teoria sistemática da suspeita, para ser alguém que raciocina com clareza, que desmonta com clareza os argumentos, que os analisa com rigor e que é capaz de espremer a suposta filosofia pós moderna mostrando que dali não vai surgir sumo algum. A filosofia analítica aproxima não só a filosofia do seu lugar mais tradicional, mas devolve-lhe vitalidade e coloca-a de novo a par e par com a ciência sem contudo se confundir com essa.
Sempre gostei muito do trabalho dos Gato Fedorento. Souberam como poucos apanhar estes tiques culturais e expressá-los através da sua arte, o humor. Por isso vale a pena rever como os Gato Fedorento caricaturaram exatamente isto que aqui abordei neste texto de opinião.
A data de início da formação em lógica marcada para amanhã foi alterada para dia 26 à mesma hora. Assim mais colegas podem fazer a inscrição e planificar a sua agenda com maior antecedência.
Escrevi este pequeno documento para os meus alunos estudarem a lógica proposicional. Disponibilizo-o aqui para quem quiser usar nas suas aulas, completamente gratuito. O documento é um work in progress pelo que ainda faltam exercícios e alguns afinamentos. Em todo o caso os exercícios podem ser feitos nas aulas, e o documento é a orientação de estudo em casa para os alunos. O documento pode ser acedido AQUI.