Não sou da opinião que o trabalho de um professor esteja
relacionado diretamente com os resultados nos exames que os alunos fazem. Há
muitas variáveis a ter em conta e muitas das vezes essas variáveis tem um peso
demasiado grande nos resultados de exame. Mas sou da opinião que qualquer
professor responsável (e há muitos, felizmente) trabalha no sentido de que os
seus alunos sejam capazes de realizarem provas externas com êxito. E concordo
que esse deva ser um objetivo dos professores. Também não me alarmo com
diferenças entre classificações externas e internas. Só no 10º ano, por
exemplo, muitas das vezes as classificações no domínio cognitivo não
ultrapassam os 70%, ficando para a avaliação cerca de 3 ou 4 valores para
outras variáveis que pouco tem que ver com a classificação de exame, embora um
aluno que tenha classificação elevada em todas elas seja, em regra, um aluno que
tem boa classificação em exame. E também não estou de acordo com os professores
que apenas fazem publicidade dos seus êxitos. Mesmo os professores muito bons
(e ser muito bom professor, muitas vezes – senão na maioria delas – é estar
integrado num bom contexto de trabalho) têm os seus fracassos e todos eles têm
alunos que fracassam nos exames e outros até, menos raro talvez, que têm
melhores classificações nos exames do que nas classificações internas. No meio
de tanta defesa minha (risos) também defendo que devemos ser vaidosos dos bons
resultados, tanto professores como alunos. Nestes últimos anos tenho trabalhado
com alunos do 10º ano. Em todos eles tive alunos que obtiveram classificações
em exame de 17, 18 e 19, classificações muito acima da média. Dos casos que
conheço, avaliei estes alunos com médias internas elevadas e o seu desempenho
em avaliações externas não desapontou o desempenho na interna. E ainda bem.
Fico feliz por isso. No manual do qual sou co-autor, Como Pensar Tudo Isto?
(Sebenta, 2014) incluimos na Sebenta do Aluno, dois exemplos de ensaios
argumentativos de dois alunos. Estes dois alunos, mesmo não sendo alunos do
curso de humanidades, realizaram o exame de filosofia. E ambos obtiveram
classificação de 19. Ambos tinham tido classificação de 19 quando fui professor
deles. E mantiveram-nas no 11º ano, com outro professor, colega da escola.
Na escola onde leciono há outros professores com resultados
muito semelhantes. Para mim é um bom sinal para continuar a motivar e estimular
alunos para o exame nacional de filosofia. Um aluno se sentir confiança no que
aprende, decide fazer o exame.
Estou confiante que pelo país fora, há centenas de
professores de filosofia com estas experiências. E por isso mesmo, interessa-me
mais saber destas experiências e divulga-las do que propriamente passar o óbito
à disciplina de filosofia, sem que ele ainda tenha sequer acontecido.