Para o segundo teste temos a filosofia da acção. Numa primeira abordagem procuramos compreender
o conceito de acção, distinguindo-a dos acontecimentos
que não envolvem agentes (todas as
acções são acontecimentos que envolvam agentes, mas nem todos os acontecimentos
que envolvam agentes são acções). Ao mesmo tempo distinguimos acções intencionais e não intencionais
e vimos que um acontecimento é uma acção se for possível pelo menos uma
descrição verdadeira.
Uma descrição
verdadeira é aquela que pode descrever pelo menos uma crença e um desejo do
agente para agir.
E é essa crença e desejo que explicam o Motivo da acção. Seguidamente analisamos uma teoria explicativa do
motivo, que é o egoísmo psicológico.
Uma das críticas principais ao egoísmo é que o prazer que retiramos de uma
acção não pode, segundo os críticos do egoísmo psicológico, ser causa, mas
consequência da acção.
Uma vez terminado este primeiro tópico, começamos a discutir
um dos principais problemas da filosofia da acção, o de saber se a nossa
vontade para agir é livre ou se é determinada. Para tal estudámos o que
significa determinismo,
distinguindo-o do fatalismo. Compreendemos o alcance do determinismo explicando
a causalidade e recorrendo às ciências
como a física ou a biologia. Avaliamos o determinismo como uma teoria
verdadeira. Mas ao mesmo tempo também apurámos que a nossa intuição é muito
forte ao indicar-nos que somos livres de escolher como agir. Encontramos assim
o problema do livre arbítrio: se
somos livres ao agirmos, de onde vem essa liberdade, pois o determinismo parece
indicar que tudo no universo é determinado. Ora, se assim é, as nossas acções
também são determinadas e, logo, o determinismo não passa de uma ilusão.
Parte das nossas aulas foram de discussão deste problema. Pelo
meio tivemos de resolver alguns outros problemas paralelos, como aquele que
apareceu no 10º14, sobre o relativismo da verdade. Nessa aula tentei dar-vos
pistas para compreenderem a inconsistência na defesa de uma tese como “a verdade é relativa”, raciocinando que
se assim é, 1) pelo menos esta mesma verdade não pode ser relativa e que 2) se
a verdade é relativa alguém pode sempre defender que a verdade não é relativa,
aproveitando-se da verdade que indica ser a verdade relativa. Confusos? Calma.
Para tentar responder ao problema do livre arbítrio começamos
por fazer o mapa do problema:
Ou o livre arbítrio existe e o determinismo é falso
Ou o determinismo existe e o livre arbítrio é uma ilusão
Ou é impossível resolver o problema
Se negamos a existência do livre arbítrio, então apoiamos a
tese do determinismo radical. Se negamos o determinismo radical, defendemos a
tese do libertismo. Estas teses são incompatibilistas. Mas houve quem
sugerisse – e muito bem – que podemos ao mesmo tempo defender o livre arbítrio
e o determinismo numa tese compatibilista
a que chamamos de determinismo
moderado.
Para todas estas teses apresentamos algumas objecções e
tentamos inventar outras, umas que funcionaram e outras que ficaram abandonadas
pelo caminho já que pouco ajudavam a resolver o nosso problema.
Finalmente analisamos brevemente a posição que defende que
não há uma resposta minimamente plausível ao problema.
Agora, toca a rematar todas estas questões, pensar bem nos
problemas e analisar bem o problema, as teorias e os argumentos, pois o teste
sobre este problema está a chegar.