sábado, 23 de outubro de 2010

Teenagers

Um dos confortos maiores de viver na época em que vivo é a proliferação de estudos científicos que nos preparam melhor para compreender a realidade e o mundo. Pelo menos é preferível à explicação do pensamento mágico e religioso. Claro está que não temos tempo para acompanhar todos os estudos de todas as áreas e, ao passo que aqui há uns anos era preciso um bom filtro para saber quais os melhores livros para comprar, hoje em dia, no meio de muita trapalhada intelectual é muito fácil também encontrar livros que são resultado de estudos sérios e, melhor ainda, que aliam à seriedade do estudo, a preocupação em saber divulgá-los ao grande público. Não sei se estarei inteiramente certo se chamar a isto a democratização do saber. E é muito saboroso viver nesta liberdade. Só espero não estar enganado. Desde ontem que tenho estado ocupado com um livro que nada tem que ver com a filosofia, mas tem muito a ver com a faixa etária à qual ensino filosofia, os adolescentes. Teenagers, Uma história natural é o resultado de múltiplos estudos levados a efeito para compreender as idades dos teen, pelo inglês David Bainbridge. É um estudo de psicologia evolutiva aplicada a essa idade entre a infância e a idade adulta, um livro muito bem escrito e que discorre em todas as variantes que a nossa cultura pode abordar acerca desta idade, desde as condições emocionais até ao cérebro e a problemas relacionados com a espécie, como a questão sexual. Uma leitura saborosa, sem qualquer preconceito.  

Homenagem

Peguei no livro de Rui Daniel da Costa Cunha que o mesmo me ofereceu em tempo de sua vida e reli o cartão em fundo esverdeado que me enviou conjuntamente com o livro. Reproduzo aqui o que me escreveu o Rui e assim se percebe porque não perdemos as energias pois há sempre alguém que se nos faz próximos, mas que se ausenta.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma má opção de edição de Stuart Mill

Um destes dias dei conta neste post de uma tradução que apareceu no mercado de um livro de Stuart Mill. Hoje passei numa livraria e não queria acreditar na falta de profissionalismo com que se publicam livros, ainda por cima sob a chancela de um grande grupo editorial como a Leya. Isto é vender sem informar o leitor e a ausência de crítica pública de edições acaba por deixar espaço para este tipo de publicações. O título do livro em apreço aparece como Da Liberdade de Pensamento e de Expressão, de Stuart Mill. Não sei ainda se ao menos a tradução é boa, mas a edição começa por referir o original com o título, “Of the liberty of thought and discussion”. Para além disto não aparece qualquer outra referência, nem ano de edição, nem editora, népias. Trata-se de uma colecção com preços low cost, mas daí até descuidá-la omitindo informações relevantes, é um desrespeito. Por exemplo, esta edição não dá para uso académico.
Mas o mais interessante é que Stuart Mill não tem nenhum livro com este título. Na verdade este não é um livro de Stuart Mill, mas antes um capítulo do On Liberty de Stuart Mill.
Em conclusão, não me parece especialmente grave publicar somente um capítulo específico de um livro a um preço mais baixo, mas daí não se segue que faça passar um capítulo pelo livro inteiro e que se passe por cima do original sobre o qual se está a traduzir.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Rui Daniel Cunha

Há um fenómeno na minha vida que por certo não será alheio a milhares de pessoas. Na minha vida quotidiana tenho poucas oportunidades de discutir e partilhar filosofia. Ocasionalmente isso acontece com um colega ou outro de trabalho, mas de forma mais dispersa. Isto acontece por variadíssimas razões. Mas na internet, ao longo dos anos, fui formando um grupo de pessoas mais ou menos fixas e com as quais aprendo filosofia, troco textos, livros, traduções, opiniões, etc.. muitas dessas pessoas acabo a conhecê-las pessoalmente. Dado que eu vivo na ilha da Madeira nem sempre tenho oportunidade de me deslocar para conhecer pessoalmente estas pessoas. A internet tornou-se indispensável para mim pois é com ela que participo de uma autêntica rede virtual de pessoas que reúnem os mesmos interesses. O Rui Daniel Cunha era uma dessas pessoas. Soube pela Crítica que ele faleceu e é com muita pena minha que nunca lhe tivesse chegado a dar um aperto de mão, pois não sei agora como lhe agradecer a disponibilidade para a partilha que lhe reconheço. Devo-lhe alguma coisa e em razão disso registo aqui a minha homenagem a este colega da filosofia e amigo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Filosofia para Crianças

          



6º Workshop de Filosofia Prática:
A Arte de Questionar/Consulta Filosófica

¿

Prof. Dr. OSCAR BRENIFIER

Presidente do Institut de Pratiques Philosophiques, França (www.brenifier.com)
Consultor Filosófico e Formador de Filosofia Prática e Didáctica da Filosofia
Doutorado em Filosofia pela Sorbonne, Paris

4 e 5 de DEZEMBRO de 2010

Sábado e Domingo (09:30~19:30)

Programa
v  Práticas filosóficas 
v  Técnicas de questionamento filosófico
v  Teoria e prática da consulta filosófica

Destinatários
v  Aberto a todos os interessados na filosofia prática.
v    Número máximo de participantes: 20

Línguas de Trabalho
v  Português e Espanhol (tradução consecutiva, quando necessário)


(Nota: Será emitido um certificado de participação assinado pelo professor Oscar Brenifier)

Local de Realização
Instalações da LanguageCraft
R. Alexandre Herculano, 39, r/c Esq. 1250-009 Lisboa
Tel.: 21 315 33 96/7

Metro: Marquês de Pombal ou Rato


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

É a eutanásia moralmente aceitável?

Matthew Donnelly era um físico que trabalhou com raios X durante 30 anos. Talvez devido à exposição excessiva à radiação, contraiu cancro e perdeu parte da sua maxila, o lábio superior, o nariz, a mão esquerda e ainda dois dedos da mão direita. Além disso, ficou cego. Os médicos do Sr. Donnelly disseram-lhe que tinha cerca de um ano de vida, mas ele decidiu que não queria continuar a viver em tal estado. Sentia dores permanentes. Um cronista afirmou que «nos piores momentos, deitado na cama, de dentes cerrados, viam-se gotas de suor a correr-lhe pela fronte». Sabendo que ia morrer de qualquer das maneiras, e desejando escapar à sua desgraça, o Sr. Donnelly pediu aos seus três irmãos para o matarem. Dois recusaram, mas o último não. O irmão mais novo, Harold Donnelly, de 36 anos, levou para o hospital uma pistola de calibre 30 e matou Matthew.
     Isto é, infelizmente, uma história verdadeira, e levanta naturalmente a questão de saber se Harold Donnely fez mal. Por um lado, podemos pensar que foi motivado por sentimentos nobres; amava o irmão e apenas desejava libertá-lo do sofrimento. Além disso, Matthew pedira para morrer. Tudo isto clama por um juízo indulgente. No entanto, segundo a tradição moral dominante da nossa sociedade, o que Harold Donnelly fez é inaceitável.

James Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Filosofia Aberta, Gradiva (Trad. F J Azevedo Gonçalves)

domingo, 10 de outubro de 2010

Afinar o post anterior

No post anterior afirmei que a negação de uma proposição inverte o seu valor de verdade. Mas, como muito bem me emendou Aires Almeida, tal não é verdade. E não é pois a negação de uma proposição não pode ser a mesma proposição mas com um valor de verdade diferente. Na verdade ao negar uma proposição ficamos com outra proposição diferente. A negação de uma proposição é, em síntese, uma outra proposição.
Por outro lado será também mais correcto afirmar que a negação de proposições é uma boa forma para aprender a refutar argumentos, mas não é estritamente necessária já que podemos refutar argumentos mostrando que os mesmos são inválidos, por exemplo. Agradeço estas precisões a Aires Almeida que as indicou na caixa de comentários do referido post.

sábado, 9 de outubro de 2010

Negar proposições

Por vezes em conversa com alguns professores de filosofia verifico que eles não dão qualquer importância a ensinar os seus alunos a negar proposições. Mas isso é um erro elementar no ensino da filosofia e por uma razão muito simples: é impossível ensinar a pensar sem ajudar os estudantes a refutar argumentos. Ora, para refutar argumentos é necessário saber fazer a negação de proposições, invertendo o seu valor de verdade. Assim, se a proposição de origem for verdadeira, a sua negação é falsa e vice versa. Até aqui nada de especial, não fosse o caso das intuições mais comuns relativas a alguns tipos de negações serem, em geral, erradas. Vejamos os dois casos mais comuns de erro, o das proposições universais e das condicionais.
A negação de uma universal afirmativa, é uma particular negativa. Assim, a negação de “Todos os portistas gostam de futebol” não é “Nenhum portista gosta de futebol”, mas “alguns portistas não gostam de futebol”. Recordo que negar uma proposição é alterar o seu valor de verdade.
A negação de uma condicional como “Se os portistas ganham, então são campeões” não é “Se os portistas não ganham não são campeões”, mas “os portistas ganham, mas não são campeões”. A negação de «Se P, Q» é sempre «P, mas não Q».
Podem parecer pormenores simples para quem está habituado a raciocinar, mas não são simples para estudantes de 15 anos que provavelmente nunca foram confrontados com a questão. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Stuart Mill de novo em português

Ao navegar nas livrarias on line descobri esta edição de Sobre a Liberdade de Stuart Mill, aqui intitulada Da Liberdade (D. Quixote, 2010). Não sei ainda da tradução, mas penso não ser a das edições 70 de Pedro Madeira. Provavelmente será uma tradução antiga que estava na Europa America. Se alguém souber entretanto, agradeço a notícia. 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Exame Nacional de Filosofia? Parte 563

Tem circulado pela net a informação do exame intermédio de filosofia do 10º ano. Em primeiro lugar temos de seguir em frente com calma. É infelizmente normal que o Ministério da Educação invente para depois, logo a seguir, desinventar. É sempre assim. Mas parece-me correcta a reposição do exame nacional de filosofia e é uma notícia eu acolho com agrado. Isto se for verdade que o exame nacional de filosofia vai ser reposto. Por outro lado pode ser sempre uma opção estratégica do ME já que todos os alunos dos cursos gerais tem filosofia como disciplina curricular obrigatória e isso permitirá seleccionar os alunos na entrada da universidade com menos exames. Nunca se sabe o que se passa na cabeça do polvo!




Indicações acerca do teste intermédio de Filosofia do 10º

sábado, 2 de outubro de 2010

Filosofia em saldos

A Gradiva tem novo site. E atenção que os livros da Filosofia Aberta estão praticamente todos a preços de saldo. E bons preços. Começo já a pensar nas compras de natal, sobretudo no Nagel, bom e barato para os mais jovens.
Ver aqui: https://www.gradiva.pt/index.php?q=N/BOOKSCOLLECTION/92&col=21