sexta-feira, 30 de julho de 2010

Questões portáteis – para levar para a praia





Quase todas as coisas evoluem no mundo. As fábricas fazem a produção evoluir. As ideias fazem a ciência evoluir, o que por sua vez faz a tecnologia evoluir e a produção nas fábricas também. A filosofia faz as ideias em torno da ciência evoluir, o que por sua vez faz a ciência evoluir e faz a produção de tecnologia nas fábricas evoluir.
Se a filosofia não evoluir, nada mais evolui. A ciência não evolui e a produção nas fábricas pára. E a evolução é importante pois sem ela não podemos mais compreender o mundo que nos rodeia. Não compreender melhor o mundo que nos rodeia é o mesmo que pensar que a forma como actualmente o entendemos é a melhor que existe. Mas o mundo não funciona assim, pois sabemos bem que podemos sempre estar errados e falhar. Por isso é preciso mais. Por isso temos de fazer com que as ideias e os conceitos que as estruturam sofram evolução. Mas para isso é preciso aprender a discutir as ideias com o mínimo de organização e disciplina.

sábado, 10 de julho de 2010

Coisas em época de papo para o ar


Esta é a época das férias, na qual muitas pessoas ficam de papo virado para o sol demasiado tempo. O tempo não está para férias à moda antiga, um mês inteiro sem nada para fazer. Para os estudantes, com efeito, a realidade é ainda essa e ainda mais: ficam quase 3 meses sem nada para fazer, ou pelo menos sem ter de estudar por obrigação. De férias na praia ou em casa, ocupar bem o tempo resulta de escolhas acertadas. Deixo aqui uma sugestão de leitura e uma sugestão de um disco. Certamente ambas as tarefas serão bem refrescantes para o verão 2010. Enjoy.
O disco é o novo e ao vivo dos White Stripes, uma das mais elegantes bandas de rock da actualidade. Existe uma edição que inclui um DVD.
O livro é a recente edição portuguesa da Breve História da Filosofia Moderna de Roger Scruton, uma boa forma de nos deixar a par dos argumentos de alguns dos mais brilhantes filósofos da história desde Descartes. 

sábado, 3 de julho de 2010

Qual o problema de se acabar com a disciplina de filosofia?


As políticas do eduquês fortemente apoiadas pelas correntes construtivistas divulgadas pelas ciências da educação em Portugal minam o saber e o conhecimento no sistema de ensino. Assim, assistimos a uma crescente desvalorização de saberes que a linguagem do eduquês chama de “demasiados académicos” para, gradualmente, os substituir por disciplinas de conteúdos vagos sustentados pela  conversa de um ensino de competências. Neste contexto, disciplinas como História, Física ou Filosofia vêem a sua carga horária ser diminuída para em seu lugar aparecerem disciplinas disfarçadas de modernas como Cidadania e Mundo Actual, Área de Integração, Educação para a Sexualidade, etc, ao mesmo tempo que estes conteúdos são integrados nos programas de Filosofia, História, geografia, etc. Os programas de ensino são tão rasos que muitas das vezes as disciplinas só conservam o nome e pouco mais, ignorando desse modo todo um saber que levou séculos a ser construído e que sucessivas gerações de jovens deixam de ter acesso ao mesmo por via do facilitismo (pensa-se que isto é facilitar, mas isso é outra conversa). Há aqui muita coisa a discutir, mas para já queria colocar uma questão: Será que num sistema de ensino como o português ainda existe a necessidade de ensinar filosofia aos estudantes? Quais as razões que temos para pensar que sim? Ou será que nós, os profissionais da filosofia só estamos preocupados com a nossa actividade profissional e na sua manutenção? Se temos boas razões para pensar que sim, que o ensino da filosofia é essencial a qualquer sistema de ensino – ou somente ao português – por que razão o expomos e discutimos tão pouco? Acho que vale a pena pensar no que faz com que uma disciplina se torne indispensável ao ensino. E realmente tenho a ideia que este problema não é discutido nas escolas. Alguém aceitaria acabar de vez com a matemática e a língua portuguesa do sistema de ensino. Se não, o que faz então que essas disciplinas sejam mais essenciais que outras, como História ou Filosofia ou Física? Vamos discutir? Ou não?