domingo, 29 de janeiro de 2012

Olimpíadas Nacionais de Filosofia

Vou reproduzir aqui integralmente o texto de apresentação da PROSOFOS retirado do site:

Portugal participou pela primeira vez nas Olimpíadas Internacionais de Filosofia em Viena, de 26 a 29 de Maio de 2011, a décima nona edição, uma competição disputada entre 30 países do mundo, tendo o aluno José Gusmão Rodrigues, da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, obtido a medalha de prata.A Olimpíada Internacional de Filosofia (IPO) é uma competição com periodicidade anual, em local itinerante, e é destinada a alunos do ensino secundário. A primeira edição deste evento ocorreu em 1993, na Bulgária, partindo de uma iniciativa do Departamento de Filosofia da Universidade de Sofia. A edição mais recente foi realizada em Viena, sob o tema “Power and Powerlessness of Philosophy”, contando com a participação de 30 países, da Europa, Ásia e América. Cada delegação nacional participou com 2 estudantes, num total de 66 alunos, com excepção do país sede, que pode inscrever até 10 alunos, e de Portugal e da Arménia, que participaram apenas com um aluno cada. A representar a delegação portuguesa estiveram o aluno José Gusmão Rodrigues, então aluno do 12.º ano da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho (frequentado já algumas cadeiras da licenciatura em Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), e Domingos Diogo Correia, professor do aluno na mesma escola, no ano letivo 2008/09.No que se refere às provas internacionais, cada aluno tem 4 horas para escrever um ensaio filosófico a partir de 4 tópicos que são fornecidos pelo Comité Científico, numa das quatro línguas oficiais da competição (Inglês, Alemão, Francês e Espanhol), com a condição de que cada aluno não realize a prova na sua língua materna. Os tópicos referem-se a diferentes áreas da filosofia e são desconhecidos até à abertura da competição. Posteriormente, as provas são avaliadas por um júri composto por 4 elementos, professores de filosofia das delegações nacionais, que atribuem uma classificação de 0 a 10 pontos; as provas cotadas com ou acima de 7 pontos passam à fase seguinte e serão classificadas por mais dois professores, individualmente. Na última fase, cabe ao Comité Científico, tendo em consideração as pontuações das provas nas etapas anteriores, atribuir as medalhas de ouro, de prata e de bronze, bem como as menções honrosas. No ano passado foi atribuída uma medalha de ouro, à Dinamarca, duas de prata, Portugal e Coreia do Sul, e três de bronze. O aluno José Gusmão Rodrigues elaborou o seu ensaio em inglês, tendo como tópico uma frase de Nelson Goodman: “A arte não é uma cópia do mundo real. Uma dessas malditas coisas já é suficiente” (Languages of Art, 1976). Os ensaios medalhados, no qual se inclui o aluno português, podem ser lidos na página:http://www.ipo2011.at/results/O processo de seleção nacional varia de país para país, sendo o mais comum organizar-se uma Olimpíada Nacional. Portugal nunca havia participado nesta iniciativa e a sua primeira participação deveu-se inteiramente à iniciativa do aluno, que convidou o seu professor, do 10.º ano, a apresentar uma candidatura ao comité científico, a qual foi aceite com a contrapartida de se dar continuidade ao projeto em Portugal. Nessa participação, a Associação Portuguesa de Filosofia Fenomenológica, na pessoa do Prof. Doutor Pedro Alves, já se havia disponibilizado para colaborar na iniciativa.Nasceu, assim, a vontade de realizar este projeto em Portugal. Para isso, um grupo de professores de Filosofia, na sua maioria da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, resolveu constituir a Associação Para a Promoção da Filosofia – PROSOFOS, com o principal objetivo de organizar uma competição nacional – projeto que apresenta ao público, pela primeira vez, no presente ano letivo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Filosofia política

De Jonathan Wolf, em português, temos publicados pelo menos dois livros, um deles, uma seminal introdução à filosofia política, na Gradiva. O outro trata-se de um estudo sobre Marx.  Em 2011 foi publicado o seu novo livro que aguardo com ansiedade já que interessam os problemas tratados tais como a legalização das drogas, direitos dos animais, etc... Todos temas que são do domínio do público.

Filosofia em saldos

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

E se fizéssemos leis para determinar o que é a ciência? Mais sobre o acordo ortográfico


Um destes dias vi o Miguel Sousa Tavares a atacar o acordo ortográfico com o argumento do património histórico. Acho que este argumento não é bom, mesmo que até concorde com a sua conclusão. Vou explicar as minhas razões:
Em primeiro lugar legislar por políticos sobre uma língua é tão estranho – ou devia ser – como se os políticos se reunissem em assembleia para legislar sobre o que é e como se faz ciência. Desde quando é que um acordo precisa de ser decidido pelos políticos? A língua é um ramo do saber, não resultado de leis impostas aos falantes dessa língua. Do mesmo modo que a ciência, uma língua evolui pelo seu uso e estudo, pela descoberta. Mas em Portugal precisamos de regulamentos para tudo e toca lá a fazer leis que ditem como havemos de escrever. Isto é reduzir as gramáticas e prontuários ortográficos a meros resultados funcionais da língua, subsidiários das leis. Um destes dias vamos substituir a disciplina de português nas escolas para passar a  ensinar aos miúdos qualquer coisa como Direito da Língua, ou da ortografia.
 O argumento do MST não colhe pois se assim fosse teríamos de preservar na nossa cultura muitas coisas parvas somente porque é tradição. Assim, em vez de irmos ao médico quando nos dói a barriga, fazíamos umas rezas malucas só porque é tradição. Em vez de termos cuidado com a instalação eléctrica da casa quando troveja, acendíamos velas e rezávamos a deus pelo castigo que nos estava a dar atirando relâmpagos cá para baixo (a minha avó pensava assim por mais que eu lhe tentasse explicar o ciclo da água).
De facto, o acordo não é nenhum acordo, mas não porque uma língua é um património. Ela é, mas não deixa de ser um saber e enquanto tal é orgânica, está sujeita a mutações. Mas essas mutações vem do seu estudo e uso e não de acordos que, afinal de contas, nem são bem acordos.
Todas as bibliotecas ficaram, de repente, desactualizadas e isto vai ser assim durante umas gerações, até que se traduzam todos os livros para o novo acordo. Ou seja, dentro da mesma cultura linguística, ficamos durante gerações e gerações com duas ortografias. Onde está, então, o acordo?
Já tivemos tantos acordos depois de Eça de Queiroz (um dos exemplos consagrados da boa escrita em Português, tomado como padrão no ensino, pelo menos no meu tempo de estudante de secundário e creio que ainda o é hoje em dia) que praticamente não o conseguimos ler tal como ele escreveu e temos de o traduzir para o português pós acordos ortográficos. Portanto, temos várias ortografias dentro da mesma língua. Pode haver quem pense que isto é mesmo assim, em resultado da evolução de uma língua. Correcto, mas que necessidade existe de potenciar essas mudanças com leis e impondo às pessoas um modo de escrever diferente daquele que até aprenderam como padrão?
Depois para que um acordo fosse mesmo um acordo seria necessário mudar toda a semântica de uma língua, enfim, toda a cultura de uma só vez, já que palavras escritas da mesma maneira continuam a ter significados bem diferentes em Lisboa, Rio de Janeiro ou Luanda.
Ainda há um outro argumento que li no pequeno livro do Malaca Casteleiro da Porto Editora, sobre o acordo. O argumento de que o acordo aproxima a ortografia à fonética. Mas se assim fosse por que não fazer uma fonética para cada região de Portugal já que temos tantas fonéticas diferentes? Por exemplo, “piloto”, na madeira passava a escrever-se “pilhoto”. “Vaca” passaria a escrever-se “Baca” no Porto e, já agora, “a gente vai” passaria em Lisboa a expressar-se “a gente vamos”.
Finalmente, temos exemplos óbvios de outras línguas que nunca precisaram de acordos para viverem em paz com duas ortografias. O inglês é hoje mais que nunca a língua em que se expressa a alta cultura do nosso tempo, desde a ciência, filosofia, tecnologia, literatura, etc. e o inglês dos EUA tem uma ortografia com muitas diferenças do inglês de Inglaterra e daí não se segue qualquer necessidade de acordos ortográficos.
De modo que, a meu ver, mais uma vez o acordo só serve os interesses de pequenos grupos e o povo cai nessa emboscada que nem tansos, com o convénio de muitos professores de português que acham isso muito natural. O que seria natural numa cultura robusta, era as pessoas pensarem sobre a própria língua e o seu uso ortográfico em vez de ficarem reféns de decisões que mais não passam de bacanais de lobbys e interesses.
São estas as razões que me fazem pensar que o acordo ortográfico acarreta maiores confusões para a língua e não havia necessidade de mexer no que estava bem.  
Algumas das ideias que aqui defendo têm sido tornadas públicas por outras pessoas, pelo que a ideia não é ser original, mas partilhar algumas boas razões que me fazem pensar que o acordo é desnecessário. 

domingo, 8 de janeiro de 2012

Falácias informais para Exame


Tendo em conta as orientações do MEC para exame nacional de filosofia, deixo aqui o link para a Crítica, com a finalidade de sintetizar as falácias informais que irão ser testadas em prova de exame. O guia das falácias é de Stephen Downes e tem a tradução de Júlio Sameiro. Da lista basta procurar as seguintes:

·        -  Apelo à autoridade
·         - Generalização precipitada
·         - Falsa analogia
·         - Ataques pessoais
·         - Petição de princípio
·         - Espantalho
·         - Falso dilema
·         - Apelo á ignorância
·         - Derrapagem


O Guia pode ser encontrado AQUI.
Em língua inglesa e tradução para italiano vale a pena visitar e estudar pela página do The Nizkor Project.