segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O que andamos a estudar?

Além dos habituais testes de conhecimentos, estamos nesta altura do ano a estudar duas teorias morais objetivistas, a deontológica de Kant e a consequencialista de Mill. Já sabemos que a primeira é deontológica pois é uma ética baseada nos princípios racionais, ao passo que a de Mill é baseada nas consequências da ação. Qualquer uma destas teorias procura responder ao problema de saber o que é uma ação moralmente correta. Inicialmente este é um problema embaraçoso, pois, ao contrário da novidade dos problemas que estudas nas disciplinas, saber o que é uma ação correta não é um problema novo para a maioria de nós. E é embaraçoso pois também achamos que até já temos boas respostas a esta questão. Na verdade talvez as nossas respostas contenham alguns problemas se pensarmos um pouco atentamente nelas. As nossas respostas mais imediatas a estes problemas envolvem contradições, já que em algumas alturas defendemos a posição X para logo numa outra altura, com as mesmas condições, defendermos a posição Y. (o dilema do elétrico é isso mesmo que nos mostra). Isto acontece porque provavelmente nunca pensamos seriamente no assunto. Pensar seriamente é pensar de modo sistemático e é aqui que a filosofia entra e as teorias podem ajudar a compreender melhor os problemas. Não é de esperar que as teorias nos resolvam os problemas mais quotidianos, do mesmo modo que aprender um teorema matemático não nos ajuda a lavar melhor a roupa ou aquecer o jantar. Mas em certo sentido é verdade que as teorias de muitos problemas tratados pelos filósofos dizem respeito aos problemas mais elementares e básicos da vida humana, como é este o de saber o que é certo e errado. Todas as áreas de atividade humanas procuram dar resposta a este problema, o de saber o que é o certo e o errado. As religiões são respostas de acordo com aquilo que Deus determina como sendo a ação certa e a ação errada. Os cientistas estão convencidos que algum dia vão encontrar no cérebro a localização exata que nos faz diferenciar o certo do errado. Os antropólogos procuram as respostas nas raízes etnográficas de um povo. E os filósofos procuram dar resposta ao problema com razões e argumentos. Portanto, ter a oportunidade de ouvir o que dizem os filósofos e discutir o que eles defendem é também a oportunidade de irmos um pouco além das nossas crenças.

Sem comentários: